A cidade de Salvador recebeu, entre os dias 13 e 16 de março,no Fórum Social Mundial, milhares de pessoas e algumas dezenas de Organizações Sociais, Políticas e Sindicais do mundo inteiro. Todas elas imbuídas do objetivo de lutar pelo restabelecimento, no mundo, da democracia social, política e econômica, que estão sob ataques das políticas neoliberais em toda parte.
Como consequência destas políticas, tanto no Brasil, na América Latina e em todos os lugares, vivem-se situações de enormes retrocessos, em que a maioria da população não tem acesso aos bens fundamentais para a vida digna do ser humano.
A Universidade Federal da Bahia, UFBA, mesmo sob os constantes ataques de Temer, o usurpador, com a diminuição das verbas públicas e fortes pressões contra a liberdade de pensamento e de expressão, com a coragem e ousadia de seu reitor, acolheu e sediou o Fórum Social Mundial. Manteve, assim, sua autonomia universitária, indispensável para continuar sua luta em defesa da democracia e para a continuidade de suas pesquisas científicas, e trabalho de extensão, tão necessários para estar a serviço da sociedade, especialmente da população mais pobre.
A cerimônia de abertura contou com apresentações artísticas de dança e música, expressões do próprio trabalho da Universidade nestes campos. A seguir o reitor da UFBA fez um discurso de abertura combatendo o golpe que estamos sofrendo e conclamando a todos a estarmos firmes na luta em defesa da democracia, porque indispensável para termos políticas públicas de qualidade e a preservação das universidades públicas. Os demais oradores seguiram no mesmo tom, condenando o golpe de estado e incentivando a luta democrática.
Encerrada esta cerimônia, iniciou-se a grande marcha de abertura do Fórum com a participação entusiasmada de todos os presentes. Foram percorridas várias ruas da cidade despertando o interesse da população, uma vez que os grandes meios de comunicação omitiram totalmente a realização deste tão importante e significativo evento.
Os trabalhos do Fórum, com participações de importantes intelectuais e professores universitários, trouxeram ricas contribuições para compreender as origens e a natureza do golpe, e, deste modo, instrumentalizar a luta pela retomada do processo democrático e o restabelecimento do estado democrático e de direito.
Ficou evidente, então, que o golpe, ainda em curso, coloca em risco as eleições de 2018, e neste sentido, a participação de Lula no Fórum não foi um ato político partidário, e, sim, foi um importante momento para assegurar a legitimidade de todos os candidatos apresentados pelos partidos políticos. Para a retomada da democracia é fundamental assegurarmos que estas eleições sejam totalmente livres, possibilitando um amplo debate das mais diferentes correntes de pensamento, e a mais livre e ampla participação popular. Quaisquer restrições ou vetos a candidaturas, além de desvirtuar o processo, colocam em rico sua própria realização.
Entretanto, para a verdadeira retomada da democracia e o respeito à constituição, não é suficiente assegurar as eleições, precisamos, também, organizar e participar de amplas mobilizações populares, porque o golpe conta com forte apoio parlamentar e midiático, e só com o povo nas ruas vamos reconquistar a democracia. Esta é uma tarefa de todas as organizações e de cada militante, e , não podemos nos omitir, caso contrário,depois de tudo perdido,nossas lamentações não reverterão a situação. Tudo está ao nosso alcance, por isso, um grande e forte abraço e uma intensa luta para todos nós.
Diretor de Comunicação do CPERS, Enio Manica