Educadores(as) denunciam descaso com o IPE e exigem soluções em ato na capital


Centenas de educadores(as) de todo o estado e representantes de outras categorias do funcionalismo realizaram, na manhã desta quarta-feira (24), ato em defesa do IPE público e de qualidade e da Previdência Social. Em frente à sede do instituto em Porto Alegre, o CPERS denunciou o descaso e a omissão do governo estadual com a entidade, responsável pela saúde de mais de um milhão de vidas entre servidores(as) e familiares.

Passados quase quatro meses do atual governo, a autarquia permanece sem a nomeação de um diretor-presidente e o Conselho de Administração – parte essencial da sua estrutura de funcionamento – ainda não foi instalado. O atual governo também dá continuidade à prática de reter a contribuição patronal, atrasando a parte que lhe cabe dos repasses que sustentam o IPE. Enquanto isso, segurados(as) têm desconto em folha e pagam sua parcela em dia.

Soma-se à desordem administrativa o desmonte do quadro de pessoal, que apresenta uma defasagem de 64%. A precarização compromete a qualidade e a própria prestação dos serviços de saúde aos segurados do IPE. “O IPE tem 87 anos de existência em defesa do servidor e da sua família. E isso está sendo derrubado gradativamente. Estão atacando o nosso futuro e a nossa saúde, as nossas próprias condições de trabalho”, explica o presidente do conselho deliberativo da entidade, Luís Fernando Alves da Silva.

Escritórios fechados no interior

No interior, escritórios do instituto são fechados à medida que servidores(as) se aposentam, deixando segurados(as) no limbo e obrigados a arcar com transporte para atendimento na capital.

“Em Estrela e Lajeado havia dois escritórios e os dois foram fechados”, conta Gerson Luis Johann, diretor geral do 8º Núcleo do CPERS. “Dialogamos com Câmara de Vereadores e o prefeito de Estrela, que entenderam a necessidade dos escritórios. Montamos um grupo de trabalho e elaboramos um documento, mas estamos a espera de alguém que tenha mandato e legitimidade para receber e assinar”, desabafa.

Ao término do ato, uma comitiva do CPERS e entidades presentes entregou uma carta aberta ao diretor-presidente interino do IPE Saúde, Paulo Ricardo Gnoatto. O documento, assinado pelo Movimento Unificado dos Servidores (MUS), denuncia o caráter privatista do desmonte em curso na entidade e sinaliza para a necessária unidade da classe trabalhadora em defesa de uma aposentadoria digna:

“Este quadro de desmonte tem a clara intencionalidade de privatização do IPERGS. Exigimos do Governo Eduardo Leite que os escritórios do IPE no interior sejam mantidos abertos para a garantia de atendimento aos segurados(as), que o governo constitua a autarquia do IPE-Saúde e realize concurso público para servidores da autarquia; que garanta a oferta do IPE-Saúde de qualidade e com profissionais que atendam às necessidades dos(as) segurados(as) e dependentes; que nomeie o Conselho Administrativo do IPE-Prev; que deposite a contribuição patronal para o IPE-Saúde; e que diga não à Reforma da Previdência.”

Acesse a íntegra da carta aberta aqui.

Paulo Gnoatto afirmou também estar na expectativa da nomeação de uma diretoria. “Entramos como uma equipe de transição mas continuamos aqui. Apesar da equipe defasada e pequena, estamos empenhados em manter o funcionamento do IPE a pleno”, disse.

Greve Geral da Educação

A atividade também integrou o Dia de Mobilização Nacional contra a Reforma da Previdência, somando-se ao cronograma da 20ª Semana Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública, promovida pela CNTE e sindicatos filiados. A proposta é construir uma greve geral da educação para o dia 15 de maio.

“Nossa categoria está endividada, empobrecida e adoecida, mas não podemos titubear neste momento”, afirmou a secretária-geral do CPERS, Candida Rossetto. “É tempo de coragem para enfrentar este período histórico. Precisaremos, mais do que nunca, estar nas ruas para barrar a Reforma da Previdência no país e reverter a onda neoliberal que destrói o Rio Grande do Sul”, completou.

 

 

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