“A Secretaria de Educação é tosca, arbitrária, desqualificada”.
As duras palavras do professor Egídio Fagundes ecoaram na manhã desta quinta (10) em frente à 1ª CRE, sediada no prédio que há poucos meses pertencia à sua escola; o NEEJA Menino Deus.
A instituição, que já contou com 1,5 mil estudantes, hoje definha. Desde a mudança forçada pelo Estado, sem diálogo com a comunidade, a escola vive num limbo, sem prédio para existir.
Recentemente, seu diretor foi afastado sem explicações.
“Hoje fiquei sabendo que ela vai se mudar para o terceiro andar do Julinho. Mas não há informação oficial. Não nos ouviram, não ouviram os estudantes ou os pais. Não respeitam as instâncias da LDB, a gestão democrática, nada”, desabafa Egídio.
A indignação do educador reflete a angústia de toda uma categoria.
Acossados pela sobrecarga, a defasagem salarial, a retirada de direitos e os calotes do governo Leite (PSDB), os trabalhadores(as) ainda precisam lidar com o fechamento de escolas, matrículas negadas, enxugamento e precarização.
Na manhã desta quinta (10), os núcleos do CPERS de Porto Alegre (38ª e 39ª) realizaram um ato em frente à CRE e entregaram um ofício documento à coordenadora Carmen Figueiró, denunciando o descaso.
“Como os responsáveis pela 1ª CRE se posicionam frente às migalhas que são repassadas para a educação do nosso estado enquanto sobra dinheiro para bancos, agiotas e grandes empresas?”, questiona o texto.
O ato foi motivado pela mais recente barbárie protagonizada pela Seduc. Na última quinta-feira (3), a escola Estado do Rio Grande do Sul, no Centro Histórico, foi arrombada pelo próprio Estado.
O governo Leite (PSDB) tenta forçar o fechamento da escola, em clara violação da autonomia e da gestão democrática. Mas a comunidade ocupou o espaço e resiste.
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“A escola não é propriedade privada do governador. É da comunidade que estuda, vive e trabalha nela. Vamos resistir independente da posição da Seduc ou da CRE”, afirmou Pablo Camuã, vice-diretor da Rio Grande do Sul.
A diretora, Elisa Santana, também participou do ato e – acompanhada da deputada Sofia Cavedon (PT) e de Érico Fernandez, diretor do 38º Núcleo – foi recebida pela coordenadora para reivindicar a permanência da escola. Mas o retorno não foi animador.
“Ela jogou toda a responsabilidade nos ombros do secretário Faisal Karam. Disse que não tem mais ingerência sobre o assunto”, contou Érico. O diretor adiantou a convocatória para o dia 15, quando educadores(as) devem realizar atos de protesto em todo o estado.
Para Daniel Damiani, da direção central do Sindicato, a pandemia catalisou o desmonte da rede.
“Os coordenadores de educação foram selecionados pela Fundação Lemann para enxugar e desmontar. Tratam as escolas como números. Não é assim que se faz gestão da educação. Estão aproveitando a pandemia para passar a boiada”, avalia.