Educadores, estudantes e pais denunciam descaso com a escola pública e destacam a justa greve do magistério em reunião da Comissão de Educação


Emoção e indignação marcaram os relatos feitos por educadores, pais, mães e estudantes que participaram da reunião da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, na manhã desta terça-feira (26). Na ocasião, eles expuseram as dificuldades enfrentadas no cotidiano das escolas como o fechamento de turnos, a extrema precariedade na estrutura física das instituições, a falta de funcionários de escola, as péssimas condições de trabalho dos educadores, o fechamento de bibliotecas e de refeitórios. Também frisaram o repúdio ao pacote do governo, que ataca severamente os educadores e a educação pública.

Diante do cenário de total descaso, afirmaram ser justa a greve do magistério gaúcho e frisaram total apoio à categoria.

“Por termos um sistema diferenciado de ensino, nós nunca participamos de uma greve. Porém, desde a sema passada toda a nossa equipe está de braços cruzados. Estamos assustados com o que prevê o pacote do governo. Nós trabalhamos em locais insalubres e de periculosidade e querem nos retirar o difícil acesso. Estudamos os projetos de forma intensa e tivemos a certeza de que se esse pacote passar será o fim da nossa carreira”, ressaltou a professora da EEEM Tom Jobim – Fase-RS, Magali Giordani.

A presidente da Umespa e ex-aluna da escola Parobé, Vitória Cabreira, apresentou os dados repassados para a entidade pela Secretaria de Educação (Seduc). De acordo com as informações da secretaria, 15% das escolas não têm laboratório de informática, 51% não possui laboratório de ciências, 74% não conta com quadra coberta, 28% não dispõem de refeitório e 76% não tem auditório. “E apesar desse panorama, a educação pública tem qualidade. Estamos aqui para deixar claro que a partir do momento em que o governador protocolou esse pacote na Assembleia, a luta passou a ser de toda a comunidade escolar. Os educadores têm todo o apoio dos estudantes secundaristas”, garantiu.

“Por todo o Estado estamos vendo crescer o apoio dos estudantes à greve dos professores. Esta é a prova de que apesar de todos os ataques, as escolas públicas estão formando cidadãos e cidadãs conscientes. É uma batalha diária ser professor neste Estado que só destrói a escola pública. Empatia com os professores é o que eu peço a vocês deputados. Não vamos permitir que o governo roube o futuro dos nossos professores”, afirmou Pedro Possa, aluno do 2º ano e membro do conselho escolar do Parobé, Pedro Possa.

A professora Maria Antonieta Dias, da escola Evaristo Gonçalves, expôs a preocupação com o fechamento do turno da tarde, informado à instituição no início de outubro. “Muitos professores terão um gasto maior porque precisarão pegar outro turno em outra escola, só Deus sabe onde. Os pais também terão transtornos, precisarão se reorganizar. Agora eu pergunto, o que está sendo feito com os prédios das escolas que já foram fechadas pelo governo”, indagou.

Simone Dorneles, representante do Coletivo de Pais e Mães do Colégio Piratini, observou que em época de campanha eleitoral a educação pública sempre é prioridade no discurso dos candidatos, mas esquecida quando se elegem. Recentemente, o Coletivo foi ao Brique da Redenção, na capital, conversar com a população sobre as consequências do projeto do governo aos educadores e ao ensino público. Ao relembrar o apoio recebido, ela não conteve as lágrimas. “Não houve um homem, uma mulher, um jovem, um idoso que não parasse para dialogar conosco e prestar apoio. Somos cidadãos e cidadãs que estão cansados de pagar impostos e só ouvir promessas que nunca se concretizam. O colégio estadual Piratini foi uma das poucas escolas que aderiu ao programa de educação integral. Os professores fazem um trabalho de inclusão maravilhoso. O meu filho é um dos jovens que foi acolhido. Desde quando um educador merece receber menos do que qualquer outro profissional do legislativo ou do judiciário”, questionou.

A presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, salientou que há mais de um mês o CPERS entregou ao governo os apontamentos do sindicato sobre os projetos que integram o pacote. Porém, até o momento, o governador não se dispôs a conversar com a entidade. “Eduardo Leite prega o diálogo da boca para fora. Até agora não sentou para conversar conosco sobre o pacote que nos atinge brutalmente. Estamos realizando uma greve histórica. Por onde passamos constatamos que a sociedade reconhece a nossa luta. Nós continuaremos firmes ao lado dos nossos estudantes, dos pais e de toda a comunidade escolar para derrotar este pacote”, garantiu.

A deputada Sofia Cavedon, que preside a Comissão de Educação, frisou que o pacote do Executivo não contempla nenhum projeto pedagógico e nenhuma proposta de incremento a educação. “Leite só quer saber de ir visitar as escolas charter e fala em privatização. Não tem nenhum compromisso com a educação pública. As condições das nossas escolas estão degradantes demais. Após os relatos que ouvimos aqui, vamos propor ao governo uma reunião com a comissão de educação e representantes de educadores, estudantes e pais”, afirmou.

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