Dez trabalhadores urbanos e camponeses darão início nesta quarta-feira (13), no Rio Grande do Sul, ao jejum contra a reforma da Previdência do governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB). A votação está prevista para o dia 18 no plenário da Câmara dos Deputados. O jejum começa às 10h30, na Esplanada da Assembleia Legislativa, em Porto Alegre. No mesmo horário e local será realizada uma coletiva de imprensa.
A iniciativa se soma ao movimento que se iniciou na última terça-feira (5), em Brasília. Na ocasião, três camponeses ligados ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) se colocaram em situação de greve de fome, no Salão Verde da Câmara. Hoje, no local estão sete grevistas, sendo cinco mulheres e dois homens.
Poucos dias depois, a iniciativa se espalhou pelo país e diversos movimentos sociais divulgaram notas em apoio aos grevistas. Em Sergipe, trabalhadores iniciaram nesta terça-feira (11) uma greve de fome na Assembleia Legislativa.
No Rio Grande do Sul, o jejum começa com período inicial de 48 horas com dez militantes do MPA, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do Levante Popular da Juventude, da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e de entidades vinculadas à igreja.
“Reforma da morte”
Desde que iniciou a greve de fome no país, entidades e movimentos populares denunciam que as recentes notícias da proposição do relator da Reforma da Previdência, deputado Arthur Maia (PPS-BA), de retirar os trabalhadores rurais da proposta encaminhada para votação é mentira.
Conforme Maister da Silva, militante do MPA, a reforma acaba com direitos, que foram conquistados com muita mobilização e que estão assegurados na Constituição de 1988. “Eles querem retirar a nossa condição de segurado especial, alterar a idade mínima para aposentadoria e excluir a maioria dos agricultores da Previdência. A vida útil do trabalhador rural não vai alcançar até o tempo dele se aposentar. É uma reforma da morte, porque vai condenar muitos camponeses à morte no Brasil”, ressalta.
Para a camponesa Roberta Coimbra, dirigente do MST, a proposta de Temer penaliza principalmente as mulheres rurais, que carregam uma jornada tripla de trabalho, dividida entre os cuidados da casa, da família e da lavoura.
“As mulheres sempre tiveram dificuldades no tema da Previdência. Faz pouco tempo que conquistamos o direito à aposentadoria pelo ofício do trabalho, antes recebíamos uma pensão após a morte do marido. Mas ainda hoje somos as mais prejudicadas em relação aos direitos. O aumento da idade mínima mostra que as mulheres camponesas trabalharão até a morte sem se aposentar”, salienta Roberta.