CPERS soma-se à luta dos movimentos sociais por comida, trabalho, renda e apoio à agricultura familiar


O CPERS, em conjunto com várias entidades e movimentos sociais, participou, na manhã desta terça-feira (16), do ato contra a fome, em frente ao Palácio Piratini. A iniciativa teve como objetivo pressionar o governo Eduardo Leite (PSDB) por comida, trabalho, renda e apoio à agricultura familiar.

Representantes do sindicato, da Frente Nacional de Lutas (FNL), do Movimento Camponês (MPA, MST), do SEMAPI, da Frente dos Servidores Públicos e da CUT reuniram-se no Largo Glênio Peres e de lá seguiram em caminhada até o Palácio Piratini.

No local, denunciaram a falta de políticas públicas para garantir comida no prato de todos(as) trabalhadores(as), a necessidade de gerar emprego e renda e repor as perdas com a inflação no salário mínimo regional e a justa reposição salarial a todos(as) os(as) educadores(as).

O chamado piso regional está congelado desde 1º de fevereiro de 2019. O projeto de lei enviado pelo governo em 15 de julho para a Assembleia Legislativa prevê um reajuste de apenas 2,73%, que repõe somente metade da inflação do ano passado.

O CPERS somou-se a luta dos movimentos para pressionar o governo a abrir espaço no orçamento para as demandas de moradia, de terra e de produção de alimentos, mas também destacou as demandas da categoria.

“Somos solidários a essas lutas, mas não deixamos de reivindicar o fim dos descontos, o ressarcimento dos gastos com o ensino remoto durante a pandemia e, principalmente, a garantia da reposição salarial que recomponha nossas condições econômicas e nos garanta um mínimo de dignidade”, destacou o vice-presidente do CPERS, Alex Saratt.

“Estamos juntos nesta luta dos pequenos agricultores. Este governo está terminando com a nossa categoria e utilizando seus poderes para investir somente nos grandes empresários agrícolas”, observou o diretor do 40° núcleo (Palmeira das Missões), Joel Oliveira.

Vigília por reposição Já 

Além do ato, o Sindicato marcou presença em frente à casa do governo, através da vigília que vem realizando desde julho para exigir a justa reposição salarial para toda a categoria.

“Mais uma vez estamos em nossa vigília. E hoje também com os movimentos sociais para denunciar que Eduardo Leite massacra os trabalhadores em geral. Nós, trabalhadores em educação, temos um arrocho salário que impede o nosso sustento”, ressaltou a diretora do 31° núcleo (Ijuí), Teresinha Mello.

O diretor 11° Núcleo (Cruz Alta), Paulo Riberto Santos Silva, destacou o abandono do governo aos educadores e a educação pública. “Leite e Bolsonaro fazem a mesma política de precarização ao serviço público e ataques aos servidores. Não podemos nos calar.”

Maria Celeste Ramos, Diretora Geral do 9° núcleo (Santo Ângelo) frisou as dificuldades dos educadores diante do arrocho salarial. “O governador faz uma política nefasta onde, a cada mês, perdemos um pouco do nosso mísero salário. Mas nossa vontade de lutar ele não vai retirar. Permaneceremos nas ruas lutando pela nossa reposição.”

“É fundamental denunciarmos os ataques do governo à educação pública. Amargamos há sete anos o congelamento dos nossos salários. A categoria se encontra em situação de miserabilidade. Precisamos denunciar esse governo neoliberal”, frisou o diretor do 33° núcleo (São Luiz Gonzaga), Joner Marchi Nascimento.

Leandro Wesz Parisi, diretor do 29° núcleo (Santiago), destacou que o governador precisa valorizar os educadores, que são os que educam os(as) filhos(as) dos trabalhadores do estado. “Somos nós que levamos a educação pública à população gaúcha. Está na hora do governador ouvir a categoria e nos conceder os 47,82% de reposição, a lei do Piso aos professores e reajuste também aos funcionários de escola.”

Maria Celeste Ramos, Diretora Geral do 9° núcleo (Santo Ângelo) frisou as dificuldades dos educadores diante do arrocho salarial. “O governador faz uma política nefasta onde, a cada mês, perdemos um pouco do nosso mísero salário. Mas nossa vontade de lutar ele não vai retirar. Permaneceremos nas ruas lutando pela nossa reposição.”

Adélia Menezes dos Santos, diretora Geral do 37° núcleo (Carazinho) ressaltou o excesso de trabalho nas escolas e falta de valorização. “O governador precisa incluir todos os trabalhadores no orçamento. Nós, professores e funcionários de escola, estamos na miséria e com sobrecarga de trabalho.”

Crédito emergencial para a agricultura familiar

A mobilização defendeu também políticas de apoio para quem trabalha no campo, como o projeto de lei (PL) nº 115/2021, que prevê um crédito emergencial para a agricultura familiar, visando a produção de alimentos e o combate à fome que assola famílias urbanas e rurais.

O projeto, protocolado pela bancada estadual do PT, foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça e agora está na Comissão de Agricultura aguardando parecer. Já foram realizadas audiências públicas e uma reunião com o governo do Estado na Expointer, onde a atual gestão ficou de retornar com uma contraproposta, porém nada foi feito.

A agricultura familiar no RS conta com 293.891 pequenas propriedades rurais e responde por 68,25% do pessoal ocupado no campo, produzindo a maior parte dos alimentos da cesta básica. Tem enorme importância no PIB (em 2005 as cadeias produtivas ligadas à agricultura familiar respondiam por 27% do PIB estadual).

Especialistas apontam que existe hoje a necessidade de priorizar a produção de alimentos, pois em 10 anos (2009 a 2018) a área plantada com soja no RS cresceu 48,8%, enquanto no mesmo período as plantações de milho reduziram 49% e a de feijão 50%. De 2015 a 2021, o número de produtores de leite caiu pela metade.

Existe hoje diminuição e envelhecimento da população rural, com uma grande redução de jovens. Como se não bastasse, há milhares de famílias pobres no meio rural gaúcho e os agricultores familiares foram excluídos do auxílio emergencial. Além disso, ocorreu uma drástica redução dos recursos aplicados pelo governo do Estado na agricultura familiar e no desenvolvimento rural nos últimos anos.

 

Fonte: CUT-RS com Raquel Wunsch – Assembleia Legislativa

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