Professores, funcionários e estudantes de escolas Guarani e lideranças reuniram-se na última sexta-feira, dia 22, para debater sobre o tema “Educação escolarizada guarani no RS”. A atividade teve o apoio do CPERS que, na ocasião, teve a participação dos diretores da Direção Central do Sindicato, Enio Manica, coordenador do Departamento de Comunicação e Valdete Moreira, coordenadora do Departamento de Formação Política e Sindical. Também esteve presente na iniciativa, a professora Olga Justo, diretora da escola EEIEF Karai Arandu, de Viamão.
O encontro foi realizado na Terra Indígena retomada em Maquiné e teve continuidade no sábado (23), na Escola Nhu Porã na Terra Indígena Guarani de Torres, Campo Bonito. Nos dois encontros, professores e funcionários indígenas e não indígenas puderam expor o contexto pedagógico e os desafios das escolas guarani e refletir sobre suas demandas.
Apesar da educação escolarizada guarani ter menos de duas décadas no RS, o pedido das lideranças por escolas dentro das comunidades cresce, bem como o número de alunos. A maioria ainda não está credenciada e conta com infraestrutura precária e falta de recursos humanos.
O governo Sartori, ignorando a resolução Nº 5, de 22 de junho de 2012, que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica, não tem atendido as necessidades desta crescente demanda. As lideranças da comunidade guarani do Cantagalo, acionaram o Ministério Público, que promoveu uma ação civil contra o Estado já que desde 2012 foram solicitadas obras que possam dar conta de atender as turmas e promover um ambiente de trabalho adequado aos professores. O governo também tem ignorado a solicitação de transformação de escolas para o Ensino Médio, deixando estudantes indígenas fora da escola.
Outra reivindicação que marcou o encontro foi a criação de uma legislação específica que garanta 100% de difícil acesso a todas as escolas indígenas no RS.
Os diretores Enio e Valdete falaram sobre o objetivo do sindicato para auxiliar nas demandas dos servidores públicos e a importância de um trabalho mais específico para as comunidades tradicionais, visando melhoras para a educação, visto os grandes problemas encontrados nas escolas do campo e especificamente nas escolas indígenas.
Os diretores do CPERS ouviram os relatos e puderam constatar as condições enfrentadas no trajeto e no acesso às escolas. A promoção da formação dos professores indígenas também não está sendo cumprida pelo Estado. Há anos reivindicam o magistério guarani. Enquanto isso, professores leigos se esforçam para dar conta do currículo e contribuir para que as escolas sejam diferenciadas, específicas e de qualidade, conforme prevê a legislação.}
“Da iniciativa ficou a certeza de que a educação tradicional guarani está presente e desabrocha no cenário da educação escolarizada do Estado. Que a sabedoria dos mais velhos fortalece os professores e motiva a continuarem a luta”, observa Valdete.
Os participantes solicitaram ao CPERS a continuidade dos encontros com outras comunidades e o auxílio político e jurídico para suas demandas. Pediram também que suas reivindicações façam parte da pauta pela valorização da educação no Rio Grande do Sul, respeitando suas especificidades.