Nesta terça-feira (20), os diretores da Direção Central do CPERS, Candida Rossetto, Daniel Damiani, Rosane Zan e Vera Maria Lessês participaram da Aula Inaugural “Resistência Democrática para a Garantia da Qualidade da Educação”, realizada no auditório Dante Barone, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
O debate contou com a palestra do coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, doutorando em Educação, mestre em Ciência Política, bacharel em Ciências Sociais e membro titular do Fórum Nacional de Educação Também participam como debatedores o deputado estadual Juliano Roso, vice-presidente da Alergs e autor de PL da Escola sem Mordaça; Jaqueline Moll, professora da UFRGS, membro do Comitê em Defesa da Educação Pública no RS e conselheira do CEED e Regina Scherer, professora aposentada da rede municipal.
Em sua palestra, Cara abordou o cenário atual da educação pública no Brasil, o descaso dos governantes e a necessária resistência democrática para o enfrentamento dos ataques contra a educação. Para isso, ele destacou três pontos principais: a apropriação da questão econômica, o enfrentamento do ultraconservadorismo e a apropriação do debate educacional.
“A política de educação nunca teve diálogo com a política econômica. Colocam a educação como insumo econômico, não como direito. Para discutir política social é preciso discutir política econômica. A educação não tem que estar subordinada a economia, precisa ser prioridade”, ressaltou Cara ao abordar o primeiro ponto da palestra.
Segundo ele, atualmente para garantir que toda escola pública no Brasil tenha professores que recebem o Piso Salarial, política de carreira, formação continuada, número adequado de alunos por turma, biblioteca, laboratórios de ciências e informática, alimentação e transporte escolar, entre outros parâmetros nacionais, seria necessário investir 50 bilhões por ano. Desses 50 bilhões, faltam para o Rio Grande do Sul R$ 3 bilhões por ano para garantir uma educação pública de qualidade. “Se o governo federal prevê em sua lei orçamentária um orçamento de R$ 3,5 bilhões, percebemos que o que falta é vontade política”, observou.
Escola sem partido, militarização e debate pedagógico
Ao abordar o segundo ponto, Cara ressaltou que o ultraconservadorismo na educação ocorre através da escola sem partido. “Nenhum professor pode lecionar com um tribunal pedagógico. Em um país como o nosso, com tantas desigualdades, apenas transmitir conteúdo não é fazer educação. Afirma que a escola tem que ser sem partido, mas querem um partido único”, alertou.
No mesmo contexto do ultraconservadorismo, o coordenador também falou sobre a militarização nas escolas. “É inaceitável que se pense que militar é melhor do que professor em sala de aula. Aqueles que defendem a militarização acha que os alunos das escolas de periferia precisam ser domados e não ensinados”, disse.
Ao falar sobre o último ponto da palestra, a apropriação do debate educacional, Cara destacou que o debate educacional precisa voltar a ser uma discussão pedagógica e que a fala primordial deve ser a dos educadores. “No Brasil não existe evasão escolar, existe exclusão escolar. Não dá mais para abrirmos mão do nosso papel no debate educacional. Só vamos conseguir mudar o cenário atual quando formos a liderança neste debate”, afirmou.
Após a palestra, a mesa foi composta pelos debatedores e o público pode participar expondo seus questionamentos.