Nesta terça-feira (18), teve início o primeiro dia da segunda semana da #CaravanaDoCPERS2025. A jornada percorreu escolas públicas nas regiões dos núcleos 23° (Santana do Livramento), 21° (Uruguaiana) e 16° (São Borja), reunindo representantes da Direção Central e das direções locais para ouvir a categoria, denunciar o abandono das instituições de ensino e fortalecer a mobilização por valorização salarial e pela educação pública gaúcha.
Durante as visitas e entrevistas em rádios locais, Suzana Lauermann, secretária-geral do CPERS, destacou um dos principais pontos desta Caravana, a denúncia quanto às consequências do projeto de Parcerias Público-Privadas (PPPs), do governo Eduardo Leite (PSDB), que prevê a destinação de R$ 5 bilhões ao setor privado ao longo de 25 anos de concessão de 99 escolas estaduais.
“Esse projeto é nefasto para a educação pública. A gente repara a forma que está sendo aplicado em São Paulo, Paraná e Minas Gerais e agora o RS, são os quatro estados que essa política está mais avançada. Mas o que se pretende fazer no RS não tem comparação, são 25 anos entregues para uma empresa que a gente não tem noção de qual será, porque ela vai ser escolhida na bolsa de valores de São Paulo. A média de valor que vai se dar para essas empresas é de 3,8 milhões por escola”, afirmou Suzana.
A diretora do CPERS, Sandra Régio, reforçou: “Como garantir educação de qualidade se quem ensina está sobrecarregado, desvalorizado e mal remunerado? A categoria está exausta, dando aulas com infraestruturas precárias e salários que mal cobrem o básico. Não queremos migalhas, queremos respeito e dignidade!”
Para Leandro Wesz Parise, diretor do CPERS, é preciso fazer pressão: “Quando encontrar qualquer parlamentar pelas ruas aqui de São Borja, podem cobrar. Esse governo é cruel e desumano, estão nos tirando uma melhor condição de vida e algumas pessoas ainda estão pagando, depois de aposentados.”
Santana do Livramento: 10 anos de abandono seguem sem solução
No 23° Núcleo (Santana do Livramento), a caravana visitou as escolas EEEM Cyrino Luiz de Azevedo, EEEM Nossa Senhora do Livramento, EEEM Dr. Hector Acosta e EEEB General Neto, além da EEEF Profª Emilia Da Silva Prates, EEEM Plácido de Castro e EEEM Padre Ângelo Bartelle, em Rosário do Sul.
A situação da EEEM Dr. Hector Acosta chamou a atenção mais uma vez. A escola, localizada em Santana do Livramento, enfrenta há uma década o fechamento de quatro salas de aula devido ao comprometimento estrutural do telhado. “Chove dentro como chove na rua”, desabafou Adriana Leon, que também é diretora-geral do núcleo. Ela destacou que o governo estadual anuncia programas como o Agiliza, mas a verba repassada é insuficiente para obras efetivas: “Onze mil reais não dá para fazer nada além de pequenos reparos”, criticou.
Durante a visita, Suzana Lauermann e Juçara Borges conversaram com a comunidade escolar, que segue enfrentando o mesmo cenário de 2015, quando as deficiências estruturais surgiram. Na última passagem da Caravana em 2021, o Sindicato já havia denunciado o abandono da escola pelo governo Eduardo Leite (PSDB), que persiste até hoje. Atualmente, cerca de 500 estudantes seguem afetados pela negligência governamental.
Outra denúncia grave registrada pela Caravana no 23º Núcleo foi a situação da EEEB General Neto. A escola, que atende cerca de 780 estudantes, dispõe de apenas dois banheiros para uso das(os) alunas(os) — um feminino e um masculino —, o que gera filas constantes e condições inadequadas de higiene. Além disso, os 68 integrantes do corpo funcional da escola, entre professoras(es) e funcionárias(os), são obrigadas(os) a dividir um único banheiro, demonstrando mais uma vez o descaso com a dignidade e o bem-estar de quem trabalha e estuda na rede pública estadual.
A delegação também participou de entrevistas na Rádio Cultura AM para ampliar a denúncia pública sobre a realidade das escolas da região.
A comitiva no 23º Núcleo foi composta pelas dirigentes da Direção Central Suzana Lauermann (secretária-geral), Juçara Borges (diretora), Vera Lessês (diretora) e Leonardo Preto (diretor). Junto à equipe local — Adriana Leon (diretora-geral), Paulo Roberto de Oliveira Conterato (suplente do conselheiro 1/1000) e Vani da Silva Flores (representante municipal).
Uruguaiana: resistência em meio à precariedade
No 21° Núcleo (Uruguaiana), as diretoras Sandra Régio e Sandra Santos, além do diretor Amauri da Rosa, integraram a equipe da Direção Central, acompanhadas(os) pela diretora-geral do núcleo, Jonia Carvalho, a vice-diretora Ana Paula Conti e os diretores Paulo Taborda, Deise Quevedo, Maria de Fátima e Ciliane Escobar. Na região, as visitas incluíram as escolas EEEM Dr. Roberval Berehegaray, EEEF Ernesto Dorneles, EEEF Hermeto José Pinto Bermúdez, EEEM Uruguaiana e EEEF Iris Valls.
Na EEEF Hermeto José Pinto Bermúdez, a comitiva encontrou uma estrutura marcada por anos de abandono. Em 2020, um poste caiu no pátio, gerando curto-circuito e a interdição total da escola. Foram 17 meses sem energia elétrica. As aulas aconteceram debaixo de árvores, com um gerador improvisado que logo se mostrou inviável pelo ruído e pelo custo de combustível.
Embora parte da escola tenha sido reformada em 2023, a precariedade persiste. A rede elétrica não comporta a demanda dos equipamentos, deixando algumas salas sem ar-condicionado.
As dirigentes também participaram de entrevistas nas rádios Charrua, Interativa e Líder, denunciando o descaso com a educação pública e convocando a comunidade para fortalecer a luta.
São Borja: falta de educadoras(es) é a principal queixa
No 16° Núcleo (São Borja), a Direção Central foi representada por Celso Dalberto, Sandra Silveira e Leandro Wesz Parise. Ao lado da diretora-geral do núcleo, Elizabeth dos Santos Braga, e das representantes Maria Fátima Contrera e Maria Eli Barbosa, a caravana percorreu o CE Getúlio Vargas, o CE São Borja (CESB), a EEEM Tricentenário, o IE Padre Francisco Garcia e a EET Olavo Bilac.
No CE Getúlio Vargas, as(os) educadoras(es) relataram a falta de professoras(es) como o maior desafio enfrentado no momento. Apesar da boa condição estrutural, a carência de profissionais compromete a qualidade do ensino.
Na EEEM Tricentenário, a recepção foi calorosa. Educadoras(es) não sindicalizadas(os) manifestaram o interesse em se filiar ao CPERS, reconhecendo a importância da mobilização.
Ao fim do dia, a comitiva ainda participou de uma plenária na sede do 16º Núcleo. Neste encontro, o debate girou em torno das pautas de penosidade e da parcela de irredutibilidade.
Mobilização segue rumo à Assembleia Geral da categoria
A #CaravanaDoCPERS2025 continua nas próximas semanas, com novas visitas às escolas estaduais do interior e da capital gaúcha. A jornada culminará na Assembleia Geral de Mobilização, no dia 11 de abril, às 13h30, na Casa do Gaúcho, em Porto Alegre. A expectativa é reunir educadoras(es) de todas as regiões para definir os próximos passos da luta.
Nesta quarta-feira (19), a Caravana chega aos núcleos de Bagé (17°), Alegrete (19°) e São Luiz Gonzaga (33°). A mobilização não para!
>> Confira as escolas visitadas nesta terça-feira (18):
> 16° Núcleo – São Borja:
CE Getúlio Vargas
CE São Borja (CESB)
EEEM Tricentenário
IE Padre Francisco Garcia
EET Olavo Bilac
> 23° Núcleo – Santana do Livramento:
EEEM Cyrino Luiz de Azevedo (Santana do Livramento)
EEEM Nossa Senhora do Livramento (Santana do Livramento)
EEEM Dr. Hector Acosta Hector Acosta (Santana do Livramento)
EEEF Profª. Emilia Da Silva Prates(Rosário do Sul)
EEEM Plácido de Castro (Rosário do Sul)
EEEM Padre Ângelo Bartelle (Rosário do Sul)
EEEB General Neto (Santana do Livramento)
> 21° Núcleo – Uruguaiana:
EEEM Dr Roberval Berehegaray
EEEF Ernesto Dorneles
EEEF Hermeto José Pinto Bermúdez
EEEM Uruguaiana
EEEF Iris Valls
>> Confira mais fotos do 1° dia da 2ª semana de #CaravanaDoCPERS2025: