CPERS entrega dossiê contra fechamento de escolas do campo no Conselho de Educação


Na manhã desta sexta-feira, 27, representantes da direção central do CPERS, diretores(as) de núcleos, educadores(as), estudantes e pais reuniram-se com a presidente do Conselho Estadual de Educação, Sônia Veríssimo, para denunciar a ameaça de fechamento de cerca de dez escolas do campo pertencentes aos núcleos de São Luiz Gonzaga, Soledade, Santa Rosa e São Leopoldo.

O 2º vice-presidente do CPERS, Edson Garcia e a coordenadora do Departamento de Educação, Rosane Zan entregaram para Sônia um dossiê contra o fechamento das escolas do campo.

“Nós sabemos da importância das escolas do campo para esses educadores, estudantes e toda comunidade escolar. Quando se fecha uma escola, é decretado o fim da comunidade rural. Vamos lutar para que isso não aconteça”, afirmou Rosane.

Durante a reunião os educadores(as) relataram o que está ocorrendo em cada região. Muitas vezes sem ofício por escrito, a Coordenadoria Regional de Educação (CRE) comunica a direção das escolas sobre o fechamento, sem qualquer diálogo. Em todos os casos, a comunidade é contra o fechamento.

 A segurança das crianças não é preocupação para o governo

“O governo Leite não está preocupado com a segurança dessas crianças que em muitos casos terão que viajar cerca de 1h30 ou mais em estradas esburacadas e ônibus precários”, denunciou Edson.

Juventino Antunes, pai do estudante Samuel Antunes da EEEF São Francisco de Assis, de Roque Gonzales, preocupa-se com a locomoção do filho e dos mais estudantes caso a instituição feche. “O transporte é precário, a estrada é muito ruim. Imagina a criança ter que ir para a cidade estudar, fica difícil. A viagem dará 1h30 de ônibus. Isso judia muito da criança, ela já vai chegar cansada para estudar. Não tem porquê o governo fazer isso com as crianças”, diz.

Para o estudante Samuel, o fechamento representa uma grande perda. “Se a minha escola fechar vai ser muito ruim ter que viajar todos os dias nessas estradas esburacadas, sem falar que chegarei tarde em casa todos os dias. Vai mudar completamente minha rotina de estudos”, declara.

A professora Janaína Trindade leciona na escola São Francisco de Assis e conta que estudou na instituição, se formou e prestou concurso público para trabalhar na mesma. “Tenho um carinho especial pela escola. Na verdade ela é o coração da comunidade, porque tudo gira em torno dela. Fica aberta para a comunidade aos finais de semana, trabalhamos muito em parceria com todos”, afirma.

Atualmente a Escola São Francisco de Assis atende 20 estudantes do 1º ao 9º ano e conta com três professores(as).

Já em São Luiz Gonzaga, a EEEF Dom Jaime de Barros Câmara, que atende atualmente 25 alunos, foi informada pelo representante da 32ª Coordenadoria Regional de Educação sobre o encerramento das suas atividades no dia 20 de dezembro.

“O coordenador frisou que não adiantava a comunidade se manifestar, pois era uma ordem da Seduc e ele estava cumprindo seu trabalho.  Nós levamos um choque. E a comunidade não aceitou isso, e estamos reivindicando. Não aceitamos o fechamento da escola”, destaca a diretora da escola Maria Ivone.

A presidente do Conselho, Sônia Veríssimo após ouvir os diversos relatos explicou como é feito o processo de fechamento de escolas e se comprometeu em falar com a Seduc. “Alguns relatos aqui me surpreendem. Vamos levá-los até a Seduc, não prometo que vamos reverter os casos, mas vamos tentar”, finalizou.

Denúncia também na Assembleia Legislativa  

Logo após, os educadores foram recebidos na Assembleia Legislativa pela presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto Ciência, Tecnologia, a deputada Sofia Cavedon, onde também entregaram o dossiê e relataram o que está ocorrendo.

Sofia se comprometeu em ajudar a reverter a situação e fazer audiências nos municípios onde as escolas estão sendo atacadas.

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