Dando sequência aos encontros da Conferência Nacional Popular de Educação (Conape), ocorreu, nesta terça-feira (5), o debate com representantes da macrorregional Erechim. Em pauta, o Eixo Temático III – Educação, Direitos Humanos e Diversidade: justiça social e inclusão
Para abordar o tema proposto a iniciativa contou com a análise das educadoras Ieda Leal, secretária de Combate ao Racismo da CNTE, e Guelda Cristina Oliveira Andrade.
Participaram do Encontro, realizado de forma virtual, através da plataforma zoom, educadores dos núcleos de Erechim, Passo Fundo, Carazinho, Soledade, Três Passos, Três de Maio, Palmeira das Missões e Frederico Westphalen e representantes da direção central do CPERS.
“O eixo de hoje destaca que o Brasil tem uma ampla e rica cultura com composição étnico racial diversa. Nosso país traz ainda, como característica marcante, a desigualdade econômica e social. Precisamos lutar por um país mais igual. E hoje vamos discutir essa importante questão”, destacou a diretora da Comissão de Educação do CPERS, Rosane Zan.
O segundo vice-presidente do sindicato, Edson Garcia, ressaltou que os debates da Conape representam um forte movimento de resistência em um momento de inúmeros ataques a direitos historicamente conquistados. “Os encontros têm sido extremamente ricos, cada colaboração e depoimento soma muito em nossa luta.”
Quanto ao tema do debate, alertou: “ninguém nasce racista ou homofóbico. E nós, como educadores, temos o desafio de romper com os preconceitos e paradigmas dentro da escola. É fundamental que essa reflexão aconteça para que tenhamos uma sociedade realmente de bem”, refletiu.
“Há muito tempo lutamos por justiça, direitos e igualdade. E agora temos um governo que quer justamente o oposto. É contra isso que temos que lutar. Palestras como a da Guelda e da Ieda nos ajudam a ter respaldo para os enfrentamentos que precisamos fazer”, ressaltou o diretor do CPERS, Amauri Pereira da Rosa.
Para a diretora Sonia Solange Viana, a realização da Conape é um instrumento de resistência e defesa dos espaços de diálogo conquistados ao longo das últimas décadas com muita luta. “É fundamental para fazermos o contraponto à Conferência Nacional de Educação, a Conae, pois tem o importante papel de construir um projeto educacional popular para que o nosso país volte a pensar e valorizar a educação”, afirmou.
Respeito às diversidades
A professora e secretária de Combate ao Racismo da CNTE, Ieda Leal, chamou atenção para o fato de o Brasil não ter um projeto para a educação, muito menos um que inclua, de fato, a todos. “Nós precisamos entender a importância de que a justiça social só vai acontecer através da nossa mobilização. É essencial dialogar com todos. Professores comprometidos lutam sempre.”
A educadora trouxe também a reflexão sobre a verdadeira inclusão. “É preciso afirmar o papel da sociedade numa perspectiva verdadeiramente inclusiva. Não é só colocar rampas nas escolas. É necessário criar condições dessas pessoas viverem em nosso país, pois hoje apenas sobrevivem”, refletiu.
Ieda ressaltou ainda que é imprescindível possibilitar que todos tenham acesso ao ensino superior. “Precisamos que os nossos alunos cheguem à universidade e, sem esquecer, de que precisam fazer a diferença. Cota não é esmola. Um país que carrega 400 anos de injustiça não vai superar se não tiver um projeto forte de recuperação.”
Para ela, a justiça social significa que todo e qualquer tipo de preconceito, discriminação e intolerância deve ser enfrentado no campo da justiça. Por isso, considera que o caminho é lutar, resistir e denunciar. “Não podemos nos calar, temos que dar voz e vida à várias ideias. Temos que dar as mãos e gritar. E que esse grito possa fazer com que todos enxerguem que vivemos em um país extremamente diverso.”
A escola não pode reproduzir a exclusão
Guelda Cristina Oliveira Andrade, secretária de Políticas Educacionais do SINTEP/MT, destacou que o projeto de educação do Brasil deve acolher o povo, respeitando as diversidades e individualidades de cada um. “Esses diferentes coletivos precisam ser respeitados e atendidos em suas diferentes individualidades. No chão da escola presenciamos situações muito sofridas com nossos próprios pares e com os alunos”, relatou.
De acordo com ela, é necessário compreender o cenário político atual para que seja possível reverter a situação. “Quando perdemos um governo democrático e temos o governo que aí está, temos retrocessos de toda a ordem. Tudo se dá no campo da política, todos os movimentos nacionais e internacionais refletem em nossa casa, no chão da escola, nos recursos que são ou não liberados”, explicou.
Para despertar a consciência das pessoas, Guelda ressalta que é fundamental realizar debates que contemplem uma perspectiva emancipatória, superando as concepções conservadoras.
A educadora ressaltou ainda que a escola não pode reproduzir a exclusão. Inclusão não é apenas fazer a matrícula. “Precisamos de um plano nacional de educação que contemple, respeite e realmente inclua. Pensar no projeto pedagógico de cada escola, olhando para quem faz parte da comunidade, e em políticas sólidas para criar condições de garantir que, independente dos governos, os planos de educação sejam executados e as metas atendidas”, afirmou.
“A grande pergunta que fica é como garantir direitos humanos para aqueles que muitas vezes não são sequer considerados humanos”, questionou.
Próximos Encontros
Na próxima sexta-feira (8), acontece o encontro da macrorregional Santa Maria, que debaterá o Eixo Temático Eixo IV – Valorização dos(as) Profissionais da Educação: Formação, Carreira, Remuneração e Condições de Trabalho e Saúde. Para participar é necessário fazer a inscrição até às 12h, do dia oito, neste link.
A iniciativa será realizada de forma online, através da plataforma Zoom.