Confira o que pensa cada candidato a governador sobre a Educação no RS


Mesmo sob chuva forte na capital, a Casa do Gaúcho recebeu mais de mil servidores(as) na tarde desta sexta-feira (31) para o debate #VisõesDeEstado, onde candidatos a governador foram sabatinados com questões elaboradas por entidades representativas do funcionalismo gaúcho. Eduardo Leite (PSDB), Jairo Jorge (PDT), Julio Flores (PSTU), Miguel Rossetto (PT) e Roberto Robaina (PSOL) compareceram ao evento, organizado em conjunto pelo Movimento Unificado dos Servidores (MUS) e o Fórum dos Servidores Públicos Estaduais do RS (FSPE-RS).

Veja a íntegra do debate, transmitido ao vivo pelo Facebook

Todos os candidatos foram convidados. Matheus Bandeira (Novo), respondeu declinando o convite. “Do Sartori (MDB) não recebemos nada, nem o salário”, afirmou Érico Corrêa, presidente do Sindicaixa, que mediou o debate ao lado de Helenir Aguiar Schürer, presidente do CPERS. A sexta-feira marca o 33º mês de salários atrasados e parcelados para o funcionalismo.

Antes do início da sabatina, Josué Martins, presidente do CEAPE, Sindicato de Auditores Públicos Externos do Tribunal de Contas do Estado, e Carlos de Martini, presidente da AFOCEFE, Sindicato dos Técnicos Tributários da Receita Estadual do Rio Grande do Sul, apresentaram um diagnóstico do ponto de vista dos servidores sobre as finanças e a situação do Estado. Na sequência, os candidatos responderam questões sobre Educação, Saúde, Segurança, Funcionalismo e Serviços Públicos.

Cândida Rossetto, secretária-geral do CPERS, fez a pergunta do eixo Educação em nome do Sindicato. Abaixo, confira a questão e a transcrição da resposta de cada candidato, por ordem de fala no evento.

Pergunta sobre educação:
A educação pública do estado do Rio Grande do Sul está sob ataque.

São quatro anos sem reajuste ou reposição da inflação para educadores, com salários atrasados e parcelados, a pior remuneração básica do país com 630 reais para vinte horas de trabalho, fechamento de escolas, desrespeito ao Piso e ao Plano de Carreira, formação deficitária, falta de concursos públicos, uma reforma do ensino médio formulada sem a participação da comunidade escolar, ameaça de terceirização e municipalização do Ensino Estadual, desmonte da Educação de Jovens e Adultos, precarização do quadro funcional com contratações emergenciais e redução de mais de 15 mil servidores na ativa, queda de 52% nos investimentos com o planejamento e execução de obras, congelamento do orçamento federal e tentativas de censurar a liberdade de ensino e aprendizagem com o projeto Escola Sem Partido.

Todos estes ataques têm consequências drásticas para a qualidade do ensino e afetam o presente e o futuro dos filhos dos gaúchos e gaúchas.

Diante deste cenário, qual a sua proposta efetiva para que o Rio Grande do Sul implemente uma educação pública e de qualidade?

Respostas dos candidatos:

Julio Flores (PSTU): “Quero falar que temos um projeto nacional sendo implementado que é privatista, aposta na meritocracia,  na disputa entre colegas, na privatização do ensino. Tanto que o proprietário da Gerdau faz parte do Conselho do PNE. Lamentavelmente foi sob os governos do PT que isso aconteceu. E o Sartori aqui está desenvolvendo o mesmo projeto. O Tarso foi ministro, assinou a Lei do Piso, chegou aqui e não implementou. Nós temos toda a clareza que sob um governo dos conselhos populares nós vamos pagar o piso, porque diferente de todos os governos que já governaram, nós vamos tirar dos ricos, acabar com a farra com o dinheiro público e com a farra das isenções fiscais. Não só vamos pagar o piso mas vamos acabar com o parcelamento e o atraso dos salários. É a nossa luta que vai resolver isso, porque as eleições não resolvem. Vamos à luta, vamos nos organizar e botar para fora todos eles.”

Jairo Jorge (PDT): “Precisamos fazer uma segunda revolução educacional. Há 60 anos tínhamos metade dos gaúchos analfabetos e aquelas escolas simples de madeira foram muito importantes para que a educação pudesse chegar a todo estado. Daqui a 5 ou 10 anos a nossa população vai diminuir. Por isso precisamos de uma mudança com tecnologia e educação para atender a nova demanda. Para buscar recursos pra isso entendo que é necessário criar um fundo para a educação. Esse fundo vai ser financiado por empresas públicas. Empresas públicas t^rm que dar lucro, mas não privatizando. Isso vale para a CEEE, para a CRM, para a Corsan. E o lucro nós vamos investir nesse fundo. É preciso uma pedagogia inovadora, criativa. A criatividade não vem de fora, ela vem de dentro pra fora. Esse celeiro de inovação está dentro da escola. É preciso tecnologia educacional; muitas vezes uma professora ainda tem só um quadro e um giz. Só estou propondo aquilo que eu sei que posso fazer, já fiz e deu certo. Hoje os professores de Canoas têm o segundo melhor salário do Estado. Temos que ter um pacto com o CPERS, com os educadores. Não existem soluções mágicas, mas vamos pactuar soluções. O caminho é com diálogo.”

Eduardo Leite (PSDB): “Tenho muito orgulho de ser filho de professores servidores públicos. Professores precisam do salário em dia porque quem faz educação não pode viver sob a insegurança de quando vai receber o seu salário, isso é básico. O planejamento fiscal do governo tem que priorizar os servidores. Em Pelotas os servidores recebiam seu salário no quinto dia útil do mês seguinte. Organizamos isso no primeiro ano de governo. Também aplicamos todo mês para garantir o pagamento antecipado do 13º em dezembro. O terço de férias dos professores em Pelotas era pago depois das férias. Nós conseguimos pagar antes. Temos que respeitar os servidores porque 80% da educação é pública, embora a gente admita outras formas, como escolas comunitárias, principalmente na educação infantil. Vamos aumentar o nosso IDEB reconhecendo como um indicador importante de gestão, Ir em escola por escola para diagnosticar os problemas e os projetos pedagógicos. Pelotas teve uma das melhores evoluções do IDEB entre 2013 e 2015.”

Roberto Robaina (PSOL). “Se vocês escutaram o De Martini (Afocefe) e o Josué (Ceape), que apresentaram um diagnóstico das finanças do Estado, viram que já existe uma série de propostas, que só são defendidas nesse pleito pelo PSOL, pelo PCB e pelo PSTU. Nós temos a experiência do Sartori. Nada foi pior em termos de Governo. Nada pode superar, embora saibamos que há propostas que querem se utilizar mais ainda da violência política para aplicar os mesmos planos. Precisamos ter estratégia e buscar a unidade de programa. Há desorganização dos servidores e da classe trabalhadora quando promessas são feitas e os compromissos não são levados adiante num projeto de lutas comum. Fui candidato quando Tarso prometeu em um congresso do CPERS pagar o Piso. Sartori piorou muito, mas tivemos sim uma desorganização. Desorganização inclusive do CPERS, e essa desorganização não foi produto de uma tentativa de resistir para que se garantisse o pagamento do piso. Nós temos o compromisso do piso e do pagamento em dia. Precisamos debater receitas. Há quatro receitas possíveis: o combate à sonegação, aos incentivos fiscais, o problema da dívida e o problema da Lei Kandir. Corte de despesa é sempre no pagamento de salário. Isenções injustificadas que faltam para o povo e para os serviços públicos. “

Miguel Rossetto (PT): “O compromisso com a escola pública orienta a história dos nossos governos em todos os níveis. Da Universidade do Pampa à Federal da Fronteira Sul e na construção de mais de 30 campus universitários. Nós pensamos o financiamento estratégico a partir da riqueza do pré-sal, transformando a riqueza do petróleo na riqueza do conhecimento e da educação do povo. E o golpe destrói esse compromisso fundamental do nosso projeto de nação, de país e de estado. Governar nunca foi fácil e sempre exigiu escolhas. Aqui no RS nossas escolhas sempre foram muito claras. Tive a honra de ser vice-governador no governo Olívio, com respeito à recuperação salarial, respeito ao plano de carreira e promoções. Nós vamos sim recuperar a escola pública gaúcha. 90% da juventude desse estado está na escola municipal e na escola estadual. Vamos ter políticas emergenciais e vamos ter políticas de médio prazo, sempre numa relação de diálogo com vocês. Meu primeiro ato como governador será garantir o pagamento em dia do salário do professor como sempre fizemos. Vamos investir na infraestrutura das nossas escolas, garantir segurança dedicada para os alunos e alunas, que não tem segurança para esperar um ônibus na parada. E a partir daí vamos criar um plano de médio prazo de recuperação da escola pública e enfrentar o tema dos contratos emergenciais dialogando com o CPERS.”



Fotos: Caco Argemi

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Debate Visões de Estado - 31/08/18 - Porto Alegre

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