Comunidade da escola Parobé denuncia enturmação na Comissão de Educação da Assembleia Legislativa


“A escola não é um balaio onde cada dia entra uma pessoa. Temos uma construção dentro da sala de aula que deve ser respeitada porque ela reflete diretamente no aprendizado do aluno. É um desrespeito com a educação, em um amplo sentido, mas também com o processo pedagógico”, destacou o segundo vice-presidente do CPERS e do conselho escolar do Colégio Parobé, professor Edson Garcia, ao denunciar à Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, nesta manhã, a ordem da 1ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) para que sejam enturmadas turmas do primeiro e terceiro ano do ensino médio e também do ensino técnico da escola. A instituição é a primeira escola técnica industrial do país, com mais de cem anos e 3,9 mil alunos.

“Nessa altura do ano chamaram a direção da escola para informar este absurdo. Muitas turmas não tinham professor de Português até pouco tempo. Como é que vamos admitir uma enturmação com turmas que tiveram aulas desta disciplina e outras não?”, questionou Garcia.

Ele também ressaltou uma questão essencial para o desenvolvimento dos estudantes, os grupos de afinidade. “Temos efetivamente três meses de aula e nesse período os alunos têm que se readaptar. Eles demoram muito a criar laços e agora têm que se readaptar novamente? Muitos entram em depressão, infelizmente muito comum nessa faixa etária”, alertou.

Além das consequências para os estudantes, o educador frisou como a enturmação afetará os professores(as), pois além de ministrarem aulas para um grupo bem maior, correrão o risco de ter que buscar outras escolas para trabalharem. “Professores e funcionários terão suas cargas horárias reduzidas e precisarão procurar outras instituições, reorganizar suas vidas”, salientou.

“No último dia 25 realizamos uma assembleia com pais e alunos e criamos uma comissão para resistir à enturmação. Os alunos dos terceiros anos já escolheram paraninfos e fizeram camisetas. É uma situação particularmente complicada para eles. Além disso, cada turma é uma turma, cada aluno aprende de um jeito. É um risco muito grande para o aprendizado”, destacou o aluno do 2º ano e membro do conselho escolar do Parobé, Pedro Possa.

Ele também explicou que o Parobé não tem estrutura para turmas de 40 alunos. “Nossas salas de aula têm 28 metros quadrados. Colocar 40 alunos em um espaço desses é impensável”, observou.

“Isso é muito grave, pois além de desmanchar turmas quase no final do ano letivo estão pressionando os professores. Muitos ficarão desempregados. E as enturmações estão ocorrendo em outras escolas como o Irmão Pedro e o Cândido Godói. O que está ocorrendo hoje vai refletir no ano que vem e as consequências serão enormes”, destacou o vice-presidente do conselho escolar do Parobé, segmento pais, Eduardo Fonseca.

Daniel Damiani, membro da direção central do CPERS, ressaltou que o Sindicato recebe quase que diariamente denúncias de enturmação nas escolas e vem acompanhando de perto estas situações. “A solução apresentada pelo governo para a falta de professores é enturmar e reaproveitar os educadores. E os 5 mil contratos que vieram para suprir essa demanda? O que a Seduc vem fazendo é criar sucessivamente situações conturbadas. No colégio Julinho foi realizada uma pesquisa sobre as causas da evasão, coisa que o governo não fez. A maior parte não vai às aulas por falta de dinheiro para passagem. Mexer numa turma no final do ano letivo é dar mais um motivo para os alunos evadirem”, expôs.

Após ouvir os relatos, a presidente da Comissão de Educação, deputada Sofica Cavedon (PT), afirmou que irá buscar uma audiência com o secretário Faisal Karan. “Além disso, já temos agendada para a próxima quarta-feira uma reunião com o Ministério Público Estadual. Eles precisam se manifestar sobre o fechamento de turmas a essa altura do ano. É uma situação inconcebível”, afirmou.

 

Confira os relatos de representantes da comunidade escolar do Parobé:

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