Na manhã desta segunda-feira (30), educadores(as) e estudantes do CE Cândido Godói e da Escola Técnica Estadual Irmão Pedro protestaram contra as enturmações em curso nas instituições. Ambas as escolas foram notificadas pela 1ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) para reduzir e fundir turmas do Ensino Médio.
Serão três turmas encerradas, uma cada em ano, nas duas escolas.
Uma comissão formada pelo diretor, educadores(as), estudantes do Colégio Cândido Godói, a deputada Sofia Cavedon, o coordenador do Departamento de Juventude do CPERS, Daniel Damiani e diretores do núcleo 38º foram recebidos pela coordenadora regional, Hilda Liana Silva Diehl.
Enquanto isso, os estudantes protestavam em frente a 1ª CRE, com cartazes e palavras de ordem e coletavam assinaturas das pessoas que passavam pela rua para o abaixo-assinado que visa a manutenção das turmas. Assine aqui e fortaleça a luta.
Para a estudante do 3º ano, Vitória Jemima o que o governo está fazendo é um absurdo. “Eles querem enturmar e diminuir a carga horária dos professores. Eles já recebem pouco e parcelado e ainda querem diminuir. Se juntar as turmas, as salas vão ficar lotadas, não tem como. Eu sou do 3° ano, vou me formar esse ano e vai complicar muito pra gente. É um direito nosso e vamos fazer de tudo para não fazerem isso conosco”, afirma.
“Isso é um crime contra a educação. Estamos indignados com essa posição que a coordenadoria tomou. Nós vamos lutar, vamos nos posicionar contra isso. E pode ter certeza que não vamos parar até conseguirmos o que queremos, que é uma educação de qualidade”, declara o estudante do 3º ano e presidente do grêmio estudantil do Godói, Peterson Santos da Silva.
Segundo o professor de educação física Guilherme Gil, o prejuízo pedagógico que isso vai acarretar é imenso, pois perderão muito tempo com atividades administrativas e isso reduzirá o tempo para passar e cobrar conteúdo. “Viemos aqui mostrar para a coordenadoria que a gurizada e a comunidade escolar não estão contentes com essa situação e esperamos alguma solução”, destaca.
Na reunião com a coordenadora da 1ª CRE, ficou decidido que as enturmações estão suspensas na escola até quinta-feira (3), dia em que visitará a escola para fazer uma avaliação. “Ficou bem claro que a intenção dela é levar adiante as enturmações, o que me preocupa bastante. Ela encerrou a reunião de forma abrupta, dizendo que não iria mais discutir, que já é assunto encerrado e que nós aguardássemos até a visita”, relatou Mario da Silva, diretor da escola.
Escola Técnica Estadual Irmão Pedro também é ameaçada
A estudante Isabele Santos, do 3º ano da Escola Técnica Estadual Irmão Pedro, esteve ao lado dos colegas em apoio aos estudantes do Godói. “Esse protesto organizamos pelo respeito que temos um com o outro. E essa enturmação faria muito mal para os alunos. Todo mundo se conhece, mas cada turma tem o seu diferencial. E fazer isso no final do ano, faltando 3 meses para acabar o ano é uma falta de respeito com o estudante e os professores que vão acabar sendo até demitidos”, concluiu.
De acordo com os educadores da Irmão Pedro, a escola também foi notificada do enxugamento sem qualquer diálogo com a comunidade. “Não foi feita nenhuma visita para conhecer a escola, o número de alunos, foi uma determinação de cima para baixo, sem reconhecer a realidade da escola. Estamos bem preocupados”, revela o professor de química da escola, Jardel Telles.
Telles conta que a escola tinha uma reunião agendada com a 1ª CRE para sexta-feira passada, dia 27, adiada para esta sem semana mas ainda sem data definida. “Estamos tentando uma reunião direto com a Secretaria Estadual de Educação, além de mobilizar a comunidade escolar para fortalecer a luta contra essa medida autoritária”, destaca.
Política da tesoura
O CPERS tem denunciado a súbita explosão de casos de enturmações e multisseriações, bem como fechamento de escolas em toda a rede.
Em coletiva, o Sindicato comunicou a imprensa sobre a existência de planos para fechar até 5 mil turmas e implantar turno único em 480 instituições, reduzindo drasticamente a capacidade de atendimento da rede estadual.
Somente em Porto Alegre, nas últimas semanas, além do Cândido Godói e da Irmão Pedro, as escolas Julio de Castilhos, Emílio Massot, Santos Dumont e Padre Reus foram comunicadas pela Seduc sobre a ordem de reduzir turmas.
Já na escola Alvarenga Peixoto, a orientação é para unir as turmas de 6º e 7º ano do EJA, a chamada multisseriação – quando alunos de níveis diferentes de escolaridade têm aulas na mesma classe.
Apesar da tendência de queda no número de estudantes da rede estadual ao longo dos anos, 2019 aponta para uma possível reversão no quadro. De acordo com o próprio governo, 30 mil estudantes a mais se matricularam na rede para o atual ano letivo.
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