“O ‘Novo Ensino Médio’ é uma forma prática de executar o que o governo Bolsonaro, na voz de seu quarto (ex) ministro da educação, proclama: que os pobres podem até sonhar com a universidade, mas não é desejável que todos tenham acesso a ela”. Essa frase de Gaudêncio Frigotto abre o editorial da nova edição da revista Retratos da Escola – número 34, volume 16 – que tem como tema: “O que esperar do Novo Ensino Médio?”.
O dossiê desta edição é organizado pelas professoras Shirlei de Souza Corrêa (Univille), Cássia Ferri (Furb) e Sandra Regina de Oliveira Garcia (UEL). A publicação tem como objetivo analisar e aprofundar os debates sobre o tema, particularmente preocupante em 2022, quando a reforma desta etapa de ensino está em plena implementação. O que esperar de uma reforma que, ao tomar como base a divisão dos currículos por itinerários formativos, nega aos estudantes o acesso a uma formação comum e qualificada, descaracterizando o ensino médio como etapa da educação básica, na qual importa a continuidade e o aprofundamento de uma formação integral?
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O que esperar de uma imposição que desconsidera as críticas das entidades nacionais do campo educacional para atender às demandas do setor privado, em detrimento do interesse público? As organizadoras do dossiê oferecem um denso trabalho, exigindo que ampliemos as nossas reflexões – e ações! – frente à pretendida ‘inovação’ que nega a possibilidade de um ensino médio abrangente, condição para uma leitura independente da realidade social, política e cultural.
Este dossiê dá continuidade aos debates sobre a reforma do ensino médio que a Retratos da Escola vem realizando, como em 2017 (v. 11, n. 20), por exemplo, quando apresentamos o dossiê A Reforma do Ensino Médio em Questão, à época organizado pelas professoras Monica Ribeiro da Silva e Leda Scheibe. Aquele era um momento em que o país se via frente à reforma recém-decretada por medida provisória e logo instituída como lei pelo governo golpista.
Ao lado de potentes análises, a edição contou com o documento de autoria da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) sobre a reforma do ensino médio e a necessidade de revogação da Lei 13.415. Este documento sintetiza os ataques à educação pública, que acontecem desde o golpe de 2016 e encontraram solo ainda mais fértil no governo de Jair Bolsonaro, e os prejuízos que a reforma do ensino médio ocasiona à formação dos/as jovens brasileiros/as.