Com quase 100 anos de história, o Instituto Estadual de Educação Oswaldo Aranha é uma das instituições mais tradicionais de Alegrete. Fundado em 1929, o colégio já formou gerações de educadoras(es) e alunas(os), sendo um patrimônio histórico da cidade. Seu nome carrega o peso de um legado na educação, mas sua estrutura conta outra história: a do abandono, da precarização do trabalho e do fracasso da militarização das escolas.
Hoje, o que se vê são prédios deteriorados, salas interditadas, infiltrações que fazem a água escorrer pelas paredes e parquetes apodrecidos. Quando chove, algumas salas se tornam intransitáveis, alagadas pela falta de manutenção. A biblioteca, que abriga um dos maiores acervos bibliográficos de Alegrete, está fechada, sem bibliotecária para atender estudantes.
Para piorar, a sobrecarga de trabalho atinge professoras(es) e funcionárias(os) que enfrentam condições exaustivas. Na limpeza, Gladis Santos da Luz, que trabalha há 32 anos na escola, sofre diariamente com as consequências da falta de pessoal e do descaso com a saúde das(os) trabalhadoras(es): “Estou cansada. Já fiz cirurgia em um braço por bursite e agora estou com o mesmo problema no outro. Tenho dores em todo o corpo, na coluna, nas mãos e sigo esperando minha aposentadoria há dois anos. Falta gente para limpar a escola, e quem fica, acaba sobrecarregada”.
As funcionárias da merenda também sofrem com o descaso. Sem climatização na cozinha e com um número reduzido de trabalhadoras, o ambiente de trabalho se torna insuportável: calor extremo, poucas condições de segurança e salários baixos. Elas enfrentam jornadas exaustivas na beira do fogão, lidando com o calor intenso e a falta de estrutura mínima.
Enquanto isso, professoras(es) enfrentam uma burocracia que só cresce, prejudicando o ensino e desgastando ainda mais as(os) profissionais. Dioclesia Pedroso da Rosa relata como a burocracia imposta pelo governo Leite (PSDB) tem adoecido as(os) trabalhadoras(es) da educação: “É tanta planilha, tanta papelada, que a gente não tem mais vida pessoal. O governo impõe uma burocracia absurda, e no final das contas, quem sofre são os professores. Estamos adoecendo”.
Além disso, a militarização da escola, imposta em 2019 sem consulta à comunidade, não trouxe nenhuma solução para esses problemas. Pelo contrário, a escola segue enfrentando os mesmos desafios estruturais e administrativos.
Piorando ainda mais a situação, parte do espaço da escola foi cedido para a instalação de uma caixa d’água da Corsan, empresa privatizada, ocupando um terreno que deveria ser usado para a educação e lazer das(os) alunas(os). A comunidade escolar perdeu espaço, mas não ganhou nenhuma contrapartida.
>> CPERS denuncia abandono do governo
A Caravana do CPERS, que tem acompanhado a situação e denunciado o descaso do governo Leite (PSDB) com a educação pública, esteve na escola na manhã desta quarta-feira (19).
O diretor do 19º Núcleo do Sindicato, que também é professor no IEE Oswaldo Aranha, Vanderlei Silveira de Paula, critica o abandono da instituição de ensino e a falta de compromisso de Eduardo Leite (PSDB): “O que acontece no Oswaldo Aranha é reflexo da política de desmonte da educação pública que o governo tem promovido. As condições são insustentáveis para alunos e trabalhadores, e a militarização da escola só serviu para desviar o foco dos verdadeiros problemas”.
A diretora do CPERS, Sandra Régio, também reforça a indignação com a situação e exige providências urgentes: “São anos de descaso e promessas não cumpridas. A comunidade escolar sofre diariamente com a precarização da estrutura, com a falta de funcionários e com a sobrecarga de trabalho. O governo precisa assumir sua responsabilidade e garantir condições dignas para a educação”.
>> Obras são prometidas, mas o histórico de espera preocupa
Após anos de espera, as obras foram finalmente autorizadas pela Coordenadoria Regional de Obras Públicas (CROP). Os engenheiros já estiveram no local e, dentro de 45 dias, deve ser concluído o orçamento para a revitalização completa da estrutura. As reformas incluem a troca de telhados, renovação da rede elétrica, transformador, pintura dos prédios, novas janelas e a reestruturação do ginásio.
A previsão de conclusão das obras é até o final de 2025. Para a comunidade escolar, esse prazo é um alívio, mas também um lembrete de quantos anos de descaso a escola precisou enfrentar. O IEE Oswaldo Aranha é parte da memória e do futuro de Alegrete. E sua história merece ser preservada com a dignidade que a educação exige!
> Confira, abaixo, mais fotos da situação atual do IEE Oswaldo Aranha: