O último dia de reunião do Coletivo de Mulheres da CNTE, realizado nesta quinta-feira (23), destacou a necessidade das trabalhadoras da educação terem uma participação mais ativa em todas as discussões dos seus sindicatos. O CPERS foi representado na atividade pelas integrantes do Departamento de Gênero e Diversidade do Sindicato, a secretária-geral, Suzana Lauermann, e a diretora, Vera Lessês.
Para Suzana Lauermann, o encontro renovou as forças para a organização da luta no próximo ano. “Nos preparamos para as atividades que temos pela frente e para as tarefas que ainda temos que executar, para levar a questão de gênero pra dentro da escola”, reflete.
A secretária-geral frisa que a questão de gênero não tem que ser só transversal quando se fala em debate curricular nas escolas. “Ela tem que ser organizadora, porque não podemos discutir e pensar educação de uma forma segregada, ela tem que ser integrada. Então se a gente pensar a questão de gênero tem que pensar como algo que organiza o currículo, que aponta o que é necessário, e com certeza a educação vai se tornar mais completa nesse sentido”, conclui Suzana.
A diretora do CPERS, Vera Lessês, ressalta que a reunião do Coletivo de Mulheres foi de suma importância para a luta. “Foram dois dias intensos, com a presença de três palestrantes mulheres que abordaram temas específicos sobre nossas vivências e nossa atuação nos espaços de organização das entidades. Retorno deste encontro motivada para seguir na luta e com uma certeza, as mulheres precisam estar em movimento permanente, porque as lutas específicas deste segmento precisam ser feitas por todas”, aponta.
Para a secretária Geral da CNTE e vice-presidente da Internacional da Educação para a América Latina (Ieal), Fátima Silva, as mulheres não podem ser membros monotemáticas e restritas às pautas de gênero, uma vez que isso acaba as deixando isoladas no conjunto político de sua entidade. “Hoje, os homens são os principais responsáveis pelo domínio do dinheiro e dos números. Temos um desafio de fazer com que a política de gênero seja tratada conjuntamente dentro dos sindicatos, não apenas como uma política de mulheres, mas também temos o desafio de não sermos monotemáticas, pois assim não somos valorizadas no conjunto da direção”, declarou.
Iniciado nesta quarta-feira (22), o encontro do Coletivo de Mulheres da CNTE, coordenado pela secretária de Relações de Gênero da Confederação, Berenice D’Arc Jacinto, reuniu educadoras sindicalistas de vários estados, filiadas à Confederação, na Chácara do Sinpro, em Brazlândia, Distrito Federal. O objetivo foi avaliar as políticas de gênero e igualdade no país, e o papel das educadoras em fortalecer essas pautas em suas entidades.
Estimulando o diálogo e a reflexão das trabalhadoras sobre assuntos além de gênero e igualdade e conduzindo os debates da segunda manhã do Coletivo, Fátima apresentou uma análise de como as políticas internacionais têm afetado o país. Usando como exemplo a eleição do Javier Milei como o novo presidente da Argentina, ela destacou que a diminuição de países alinhados às políticas brasileiras nas Américas Latina e Central, por influência dos Estados Unidos, tem deixado o Brasil isolado.
Segundo ela, apesar da luta dos sindicatos não sofrer grandes abalos devido às mudanças do cenário político internacional, é preciso que as entidades também expandam seus interesses e reflexões para além das pautas educacionais.
“Estamos no nosso espaço, mas também estamos inseridos num globo terrestre. Essa geopolítica interfere no nosso quadradinho, na nossa vida. Então, assim como é preciso ter clareza sobre as disputas internas no Governo Lula, também precisamos saber o que faz parte dessa geopolítica”, enfatizou.
“A luta do trabalhador e da trabalhadora também é internacional”, reforçou Berenice. Segundo ela, o interesse sobre pautas além do campo da educação precisa ser algo estimulado dentro das organizações, permitindo que os trabalhadores também ampliem o olhar para além de sua realidade.
Trocas de experiências
Um momento do encontro também foi aberto para que as representantes dos sindicatos compartilhassem as dificuldades e os avanços que suas entidades e estados possuem na luta pela igualdade de gênero.
Entre os principais desafios apontados, foram mencionadas a presença majoritária de homens na liderança das organizações e a relativização das políticas e do trabalho feminino, que dificultam o engajamento das pessoas nesse debate.
Além da troca, com base no que foi apresentado nos dois dias de Coletivo, as trabalhadoras apontaram os planejamentos que buscam levar para os sindicatos, no empoderamento das companheiras afiliadas. Segundo as trabalhadoras, essa organização pode contribuir para fortalecermos as lutas que ainda são caras.
“Todas as falas e considerações em comum foram guardadas e servirão para que possamos fazer os encaminhamentos e construir os eixos da nossa luta e organização no próximo ano”, garantiu Berenice.
Campanha dos 21 dias de ativismo contra a violência de gênero
Com o objetivo de sensibilizar a população masculina a respeito da importância de denunciar casos de violência contra mulheres, a CNTE lançou, durante o Coletivo, a Campanha do Laço Branco.
São 21 dias de resistência e luta contra a violência de gênero, em referência ao Dia Internacional de Erradicação da Violência contra a Mulher (25/11) e ao Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência Contra as Mulheres (6/12).