Dando início à segunda semana de roteiro, a Caravana do CPERS por #ReposiçãoJá para toda a categoria visitou oito cidades nesta quarta-feira (17). Dirigentes estaduais e dos núcleos do Sindicato concederam diversas entrevistas na imprensa local e visitaram cerca de 40 escolas, dialogando com centenas de professores(as), funcionários(as) e estudantes.
Ao contrário do divulgado pela secretária de Educação, Raquel Teixeira, somente nas escolas visitadas hoje o sindicato verificou que bem mais do que cinco instituições precisam de reparos urgentes.
Descaso e morosidade do governo em Uruguaiana
Duas importantes escolas de Uruguaiana sofrem com a falta de capacidade do governo Leite em garantir o retorno seguro às aulas.
A Caravana do CPERS participou do ato da comunidade escolar da EEEF Hermeto José Pinto Bermudez, que está há um ano sem luz. O protesto, realizado em frente à instituição, aconteceu após o quarto projeto elaborado pela Secretaria de Obras do Estado ser rejeitado.
A diretora Marta Verônica da Silva lamenta o tempo perdido e a falta de respostas sobre a solução do problema. “Com o retorno obrigatório imposto, alunos precisam de revezamento e torcer para a luz natural do dia ajudar. Estamos pedindo socorro para as autoridades”, afirma.
A professora Isis Froehlich participou do protesto utilizando um nariz de palhaço, simbolizando o sentimento de humilhação dos trabalhadores(as) da escola.
“Não adianta a secretária de Educação ir ao Jornal do Almoço dizer que se importa com as crianças e permitir esta situação. Hoje está nublado e as crianças não enxergam o que está no quadro, pois não tem luz. Não temos condições mínimas de trabalho”.
Muitos estudantes, mães e pais estavam presentes. “Eu estudei aqui, eu amo essa escola e eu queria o mesmo para as minhas filhas, mas infelizmente nós estamos jogados, estamos desassistidos. Isso é revoltante”, declarou Maraglai Peres Kruger, mãe da aluna Eduarda Kruger.
“Essa é a realidade de muitas escolas no Rio Grande do Sul. Enquanto o governo anuncia superávit de R$ 1,7 BI, a educação pública está abandonada! Não podemos mais esperar!”, declarou a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, durante o ato.
Outra grave situação no município é a da EEEF Flores da Cunha. Interditada, a escola aguarda há dois anos a entrega da obra de sua sede que teve um princípio de incêndio em 2019. Atualmente, a escola atende nas dependências de outra instituição, a EEEM Dr. João Fagundes.
A diretora Elisa Greco lamenta a situação e solicita apoio dos gestores para a reabertura do prédio. “Pela distância da sede original, a escola vem perdendo alunos. Desde 2019 já saíram 106 estudantes e seis turmas foram fechadas. Peço que o governo olhe com atenção para esta triste situação”.
“Se Eduardo Leite está preocupado com a evasão escolar, por que deixa escolas fechadas por falta de estrutura? O núcleo está junto da comunidade para fazer a luta de resistência”, afirma a diretora regional Zila Teresinha Soares Fidell.
A caravana também esteve nas escolas EEEM Dr. João Fagundes, EEEM Uruguaiana, Colégio Estadual Dr. Roberval B. de Azevedo, Instituto Estadual de Educação Elisa Ferrari Valls e EEEF Ernesto Dornelles.
Reposição, descontos e reformas
Além de verificar a estrutura das escolas e conversar sobre a vida funcional da categoria – que amarga sete anos de salários congelados e perdas inflacionárias que chegam a mais da metade do poder de compra desde o último reajuste –, as visitas proporcionam a oportunidade de denunciar os ataques à educação de Eduardo Leite (PSDB) e Bolsonaro.
Os diretores do CPERS Cássio Ritter e Leonardo Echevarria, juntamente com a diretora do 20º núcleo (Canoas), Iara Beatriz Anziliero Nunes, visitaram cinco escolas da região: Instituto Estadual Dr. Carlos Chagas, EEEF Planalto Canoense em Canoas, EEEM Jardim Planalto, de Esteio; Colégio Estadual Guianuba e Instituto de Educação Rubén Dario, em Sapucaia do Sul.
O diretor Leonardo Echevarria destacou a importância da mobilização de toda a categoria contra a PEC 32 de Bolsonaro e Guedes.
“Se a PEC 32 passar, estamos com os dias contados. Porque vai acabar com os serviços públicos. Nas escolas só terão professores e funcionários indicados pelo diretor da escola. Por isso precisamos nos unir, ficarmos juntos na luta em defesa dos nossos direitos”.
O diretor Cássio Ritter frisou a luta da categoria por valorização e respeito. “Estamos na luta por reposição salarial, já somamos mais de 50% de defasagem. Eduardo Leite defende que ano passado nos pagou o piso, então fica ruim politicamente para ele não dar nada para a categoria em janeiro. Ele terá que nos dar algo, temos que continuar a pressão e lutarmos juntos”, defende.
“Sem luta nós não vamos conseguir nada. Se ficarmos parados o governo vai achar que está tudo bem. O CPERS é todos nós, não é só a direção central ou a direção dos núcleos. Precisamos de todos da categoria na luta”, destacou a diretora do 20º núcleo, Iara.
A diretora do CPERS Sandra Régio, acompanhada do diretor do 29° Núcleo (Santiago) Leandro Wesz Parise, visitou diversas escolas da região nesta quarta: EEEF João Eduardo Witt Schmitz, Colégio Estadual Apolinário Porto Alegre, EEEF Cândido Genro, EEEF Lucas Araújo de Oliveira, EEEF Alceu Carvalho e Instituto Estadual de Educação Professor Isaías.
“Nos reunimos com a secretária de Educação e fomos claros quanto à luta do CPERS por reposição salarial para todos os professores e funcionários da ativa e aposentados”, ressaltou a diretora.
Leandro Wesz Parise, destaca que durante a pandemia, além de não parar, a categoria teve gastos extras. “Pagamos luz, internet e equipamentos, já que o governo não garantiu nem isso. Estamos na Justiça exigindo o ressarcimento.”
Em Erechim, o 1° vice-presidente do CPERS Alex Saratt e a diretora Rosane Zan, acompanhados da diretora do 15° núcleo, Marisa Inês Betiato, visitaram as escolas: EEEF Lourdes Galeazzi, EEEF Santo Agostinho, Colégio Estadual Professor Mantovani, Colégio Estadual Haidée Tedesco Reali, EEEF Bela Vista, EEEB João Germano Imlau, EEEB João Caruso, EEEB José Bonifácio, EEEB Erico Veríssimo e
EEEB Sidney Guerra.
“A categoria está entendendo que a crise da educação gaúcha, como diria Darcy Ribeiro, é um projeto. Não é uma crise à toa. É uma crise de concepção, de gestão e de falta de investimentos. Não é em vão que temos esses indicadores do orçamento que apontam recursos menores para o ano que vem”, avalia Alex.
Insegurança e estruturas precárias em Montenegro
O 2° vice-presidente do CPERS, Edson Garcia e o diretor Amauri Pereira da Rosa, acompanhados da diretora do 5º Núcleo (Montenegro), Elisabete Vargas Pereira, da diretora suplente Rosane Vier da Silva e da tesoureira Cláudia Maria Rossoni, verificaram as condições de escolas da cidade.
A primeira instituição a receber os dirigentes foi o Colégio Doutor Paulo Ribeiro Campos, que está há dois anos sem energia elétrica, consequência de cinco invasões. No total, são 13 salas de aula, o laboratório de informática, o refeitório e a biblioteca sem luz, impedindo o retorno presencial às aulas.
O Colégio Estadual Dr. Paulo Ribeiro Campos, de Montenegro, está desde o ano passado sem luz devido ao furto da fiação elétrica.
O diretor Luis Carlos Hummes, fala sobre o descaso do @governo_rs com a escola.
A educação não pode mais esperar! #CaravanaCPERS pic.twitter.com/2qNV55huGh
— CPERS (@CPERSoficial) November 17, 2021
“É lamentável termos que pedir por uma condição básica de trabalho”, lamenta o diretor da instituição, Luis Carlos Hummes. Ele relata que toda vez que busca um retorno da Secretaria Estadual da Educação (Seduc), a resposta é sempre a mesma. “Dizem que está em análise da minuta na secretaria de obras. É a mesma resposta desde o início do ano”, afirma.
A EEEF Tanac possui um amplo espaço que poderia abrigar alunos do 8° e do 9° ano, séries que a instituição ainda não contempla. Porém, a estrutura está totalmente comprometida, principalmente o chão que possui grandes buracos, rachaduras extensas e desnível.
“Temos o projeto e o orçamento, tudo certinho e já enviamos para a CRE. Ainda estamos aguardando retorno. É um desejo da comunidade que as crianças completem todo o ensino fundamental aqui”, explica a diretora Jakciana Pasini.
Nos banheiros e no refeitório, azulejos das paredes e das pias caíram. Uma das escadas de acesso à instituição está desmoronando. “Começou a ceder e está piorando, abriu inclusive umas crateras. A gente não deixa mais as crianças terem acesso porque é muito perigoso”, explica a vice-diretora, Corina Maria Garcia de Abreu.
“Conferimos exemplos concretos de descaso e da falta de investimento na educação pública. Como é que se pode ter segurança e tranquilidade para trabalhar diante das condições em que encontramos as escolas?”, questiona Edson.
Na EET São João Batista falta professor de Espanhol desde o início do ano letivo e de Matemática para as aulas do programa Aprende Mais.
Ao conferirem a estrutura da EEEF Delfina Diaz Ferraz, os dirigentes constataram que a cerca de ferro está caída há vários anos e que o refeitório e a cozinha, que fica no porão, estão em péssimas condições. “Vimos que as paredes estão mofadas e que o acesso é difícil, pois é preciso passar por baixo de uma escada”, relatou Amauri.
O muro da EEEF Adelaide de Sá Brito também foi ao chão e até hoje não houve retorno sobre o conserto. Há também número insuficiente de funcionários(as) para fazer a limpeza dos ambientes. No momento, apenas uma profissional, que é cedida de outra escola, faz a higienização.
“Convido a secretária Raquel Teixeira para vir conhecer a estrutura precária das nossas escolas. Nossa comunidade precisa de um olhar mais atento”, destacou Elisabete.
As diretoras Alda Maria Souza e Glaci Weber, acompanhadas de representantes do 30° Núcleo (Vacaria), visitaram a EEEM D. Frei Vital de Oliveira, em Muitos Capões.
Dois anos após um ciclone que atingiu o município, a escola ainda espera pela reforma do telhado. Atualmente, quatro salas de aula estão interditadas, o que dificulta o distanciamento entre os alunos(as) em razão da pandemia. As diretoras também visitaram a EEEB Professor José Fernandes de Oliveira, em Vacaria.
Além das escolas já mencionadas, a secretária-geral do CPERS Suzana Lauermann, a diretora Vera Lessês e a diretora do 10° núcleo, Eloisa Womer, visitaram três escolas da região de Santa Rosa: EEEF Alecrim e EEEM Assis Brasil, de Alecrim e EEEM Republica Argentina, de Porto Lucena.
A diretora do CPERS Juçara Borges, acompanhada do diretor do 1° Núcleo, David Orsi Carnizella, visitaram escolas do município de Caxias do Sul: EEEM Victorio Webber, EEEM José Generosi e IEE Cristóvão de Mendoza.
Juçara ressalta que mesmo próximo do fim do ano letivo, diversas escolas ainda sofrem com a falta de profisisonais: “Nas escolas da região de Caxias do Sul a principal queixa da categoria foi sobre a falta de professores, principalmente nas disciplinas de Português e Matemática. Mas também há falta de funcionários”.
Até o dia 26 de novembro, o CPERS irá percorrer todas as nove regiões funcionais do Rio Grande do Sul para verificar a situação das escolas e mobilizar a categoria pela justa reposição salarial. Confira o itinerário completo aqui.
Agenda dos próximos dias:
18/11 | Quinta-feira
Alegrete
Três de Maio
Santa Maria
Gravataí
Lagoa Vermelha
Bento Gonçalves
São Leopoldo
Passo Fundo
19/11 | Sexta-feira
Santana do Livramento
Três Passos
Santa Cruz
Guaíba
Guaporé
Estrela
Taquara
Soledade