Ato celebra 153 anos do Instituto de Educação e exige cumprimento do projeto de restauro integral da escola


Educadores(as), estudantes, ex-estudantes, pais e mães reuniram-se em frente ao IE General Flores da Cunha, na capital, para celebrar os 153 anos da escola e exigir que o governo respeite e cumpra com o projeto de restauro integral da instituição. O IE é a mais antiga escola de formação de professores do Estado, fundada em 1869, ocupando uma área de mais de 11 mil metros quadrados.

Após cinco anos de espera, sem conversar com a comunidade escolar, o ex-governador Eduardo Leite (PSDB) assinou, em janeiro, uma ordem de serviço para retomar as obras de restauro da instituição. Porém, diferente do projeto aprovado pela comunidade, o lugar deve abrigar o Centro de Desenvolvimento dos Profissionais da Educação, o Centro Gaúcho de Educação Mediada por Tecnologias (Cegemtec) e o Museu da Escola do Amanhã. Com isso, a escola perderá cerca de mil vagas de alunos, além de espaços como o laboratório, a sala de vídeo, a sala de informática e a sala de professores, entre outras.

“O único projeto que existe foi o aprovado por essa comunidade em 2014, o de restauro integral sem nenhuma outra intervenção. É esse que queremos. Estamos em tratativas com o governo para podermos acompanhar o andamento das obras”. enfatizou a presidente da Comissão de Restauro do IE, Maria da Graça Morales.

O CPERS integra o Movimento em Defesa do IE, formado por educadores e diversas entidades, que lutam para que o projeto integral da escola seja devidamente executado, respeitando assim o desejo da comunidade escolar.

“O Instituto representa a importância da escola pública, esta que tanto Bolsonaro quanto Eduardo Leite massacram e colocam como mercadoria. Nós estamos juntos na defesa dessa importante instituição e seguiremos cobrando que o projeto aprovado pela comunidade seja respeitado”, destacou a diretora do Departamento de Educação do CPERS, Rosane Zan, que participou do ato junto com o diretor Amauri Pereira.

Passado e presente na defesa do IE

Olhando fixo através das grades que o separavam da porta de entrada do Instituto, o administrador Willliam Tempel, lembrava saudoso do tempo em que foi aluno do local. “Fiz toda a minha formação aqui. A educação era tão boa, que entrei na faculdade sem fazer vestibular. Por isso, fiz questão que meu filho também viesse para cá. Mas fico muito triste ao ver o que estão querendo fazer com a escola. Isso aqui é um reflexo do sucateamento da educação pública”, lamentou.

“Me sinto pequena diante da grandiosidade que é esse lugar e me emociono. Estamos juntos na luta em defesa do Instituto.  Não queremos museu, queremos a nossa escola”, frisou a estudante Juliana Matos.

Aula pública destacou importância do IE

No decorrer da manhã, durante a aula pública organizada pela direção do Instituto, em parceria com o Movimento em Defesa do IE e a Faced, ocorreram manifestações em apoio à escola, enquanto crianças e jovens participavam e se divertiam com as brincadeiras organizadas para eles.

A diretora geral do Instituto, Alessandra Lemes, ressaltou a importância e o significado do ato.  “Celebrar 153 anos de história na educação é um marco, ainda mais de uma instituição de excelência como a nossa. Temos muito orgulho de fazer parte dessa história.”

Representando a equipe de professores do IE, a educadora Nádia Rolim lembrou do início da instituição e da atual luta  pela restauração do local. “Quando iniciou era uma escola que lembrava como o estado investia na educação. Tínhamos laboratórios, teatro, quadras e auditório. Queremos continuar fazendo história nesse espaço. O Instituto continua existindo e resistindo em quatro espaços diferentes.”

“O Instituto é, para nós, a vida da faculdade de Educação. Esse prédio inteiro é da escola, não queremos que diminua, mas sim que aumente. Não podem se apropriar do nosso espaço. Queremos reconhecimento e investimento”, observou a diretora da Faculdade de Educação da UFRGS (Faced), Liline Giordani.

“Queremos 100% da escola nesse prédio. Nossa luta vai continuar. Não vamos aceitar que nenhum centímetro da escola seja privatizado”, afirmou a presidente do Conselho Escolar, Ceniriani Vargas da Silva.

Após as manifestações, todos cantaram parabéns para a escola e ao final realizaram um abraço simbólico ao prédio do Instituto de Educação.

 

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