Neste dia 8 de março celebramos o Dia Internacional da Mulher. Oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, a data é comemorada desde o início do século XX com o objetivo de destacar a importância da mulher na sociedade e a história da luta pelos seus direitos.
Esta é uma data de luta, marcada por reivindicações sobre equiparação salarial, fim da violência contra as mulheres e igualdade de gênero.
Mulheres seguem tendo as piores condições de trabalho, principalmente em tempos de pandemia. Levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) demonstra que 70% dos profissionais que atuam na linha de frente do combate ao novo coronavírus são mulheres.
Estudos também comprovam que as profissões menos valorizadas no campo da saúde são amplamente ocupadas pelas mulheres.
Dados do Conselho Federal de Enfermagem, por exemplo, demonstram que as equipes de enfermagem no Brasil (enfermeiros, auxiliares e técnicos) são predominantemente formadas por mulheres, 84,6%.
Outra pesquisa do IBGE, de 2017, aponta que, em média, as mulheres brasileiras dedicavam o dobro do tempo dos homens a afazeres domésticos e cuidados de pessoas: 20,9 horas por semana gastas por elas, contra 10,8 horas por semana gastos por eles.
A pandemia impôs encargos adicionais significativos para as mulheres em casa e escancarou a realidade da mulher brasileira e da mulher no mundo, que desempenha várias funções trabalhando, aprendendo a usar novas tecnologias e a se virar em home office, cuidando da casa, dos filhos e cozinhando.
Uma pesquisa global da Ipsos com a ONU Mulheres identificou que a pandemia aprofundou o abismo na divisão de tarefas não remuneradas.
Essa circunstância atrai reflexões, a nós enquanto educadoras e educadores, sobre a cidadania feminina, no que diz respeito à divisão sexual de tarefas domésticas, sendo essas últimas socialmente atribuíveis às mulheres.
É preciso replicar às novas gerações questionamentos e mudanças de atitude visando a redução da desigualdade entre os gêneros e uma distribuição mais justa do trabalho não remunerado, e não apenas em tempos de pandemia.
Gênero e desemprego
Segundo a professora Patricia Carla Ferreira, coordenadora de cursos de pós-graduação na área de Educação, mais de 7 milhões de mulheres deixaram o mercado de trabalho desde o início da pandemia.
Ela destaca que apesar de historicamente a mulher ser essencial ao mercado de trabalho, a desigualdade perdura: “Com efeitos que transcendem os desafios relacionados à emergência da saúde pública, a pandemia de Covid-19 atinge a economia, a política, os direitos e, principalmente, as relações de trabalho, escancarando a desigualdade de gênero que muitas vezes é encoberta pelo conformismo”, aponta.
Por mais que a mulher atue no mercado de trabalho, ela está na parte mais rasa, a diferença salarial é persistente; observam-se índices indicativos de trabalho sem remuneração; presença na informalidade em atividades com qualidade inferior à dos homens. Isso se chama segregação vertical, no qual as estruturas sociais não permitem que ela chegue ao topo. São raras as exceções de mulheres em cargos de liderança.
Há de se mencionar ainda outras questões que afetam as mulheres, como a violência doméstica e sexual, o assédio sexual, a maternidade, o racismo, dentre outros.
Levantamentos divulgados por organizações não-governamentais demonstraram que o número de denúncias de violência doméstica está crescendo desde que as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa.
Cabe ressaltar que em termos de violência contra a mulher, o Brasil é o 5º país do mundo onde mais acontecem feminicídios, somos o primeiro no mundo em assassinatos de mulheres trans e travestis, além do aumento dos crimes de ódio contra a população LGBT+. Violência essa, que aumentou no governo Bolsonaro.
Na política do atual governo, onde o lucro é mais importante do que a vida, enquanto empresários e bancos lucram, as mulheres, o povo pobre, negro e periférico pagam a conta. A falta de ações efetivas contribuiu ainda mais para a disseminação do vírus, ao não priorizar recursos ao enfrentamento à pandemia, desconsiderando a importância e a necessidade da vacina com urgência.
Em 2021, esse dia de luta, aqui no Brasil, será marcado por protestos nas principais cidades do país. Reivindicamos políticas públicas pela vida das mulheres, vacinação para todas e todos brasileiros e Fora Bolsonaro!
Departamento de Gênero e Diversidade do CPERS