O CPERS, através do Departamento de Mulheres, expressa seu profundo pesar e repúdio aos dois graves episódios de violência de gênero que vieram à tona nos últimos dias e que reacenderam o alerta sobre a escalada da violência de gênero no Brasil e a insuficiência das políticas de prevenção e proteção às mulheres. Ambos os casos têm a mesma raiz: a persistência do machismo estrutural e das relações de poder que seguem ameaçando a vida das mulheres em todos os espaços.
Na última sexta-feira (28), duas mulheres foram assassinadas dentro do campus do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet) do Maracanã, no Rio de Janeiro. O autor dos disparos era um estudante da instituição. O ataque, que interrompeu as vidas e marcou profundamente a comunidade acadêmica, reforça como universidades e escolas também podem ser palco de violências misóginas, muitas vezes precedidas por sinais ignorados ou subestimados.
Já em São Paulo, na Marginal Tietê, uma mulher foi atropelada e arrastada por cerca de um quilômetro pelo ex-companheiro, no último sábado (29). O caso, investigado como tentativa de feminicídio, chocou o país pela brutalidade e deixou a vítima em estado grave. O episódio se soma a milhares de relatos de mulheres que tentam romper ciclos de violência, mas acabam expostas a riscos extremos justamente ao se afastarem de seus agressores.
Para o Departamento de Mulheres do CPERS, os dois casos ilustram como a violência de gênero segue naturalizada em diferentes esferas da sociedade. Apesar dos avanços legislativos, a distância entre a lei e a realidade ainda é profunda. A sobrecarga dos serviços de atendimento, a dificuldade de acesso a medidas protetivas, a insuficiência de políticas públicas e a falta de formação adequada para profissionais da rede de proteção deixam milhares de mulheres desamparadas. Neste cenário, a educação pública tem papel central como mecanismo de enfrentamento à cultura de violência que se reproduz desde a infância.
É urgente ampliar as políticas de prevenção, fortalecer redes de apoio e assegurar investimentos contínuos em campanhas educativas, programas de acolhimento e iniciativas de enfrentamento ao machismo e a todas as formas de opressão.
Enquanto o país lamenta os crimes e acompanha as investigações, especialistas lembram que cada caso é parte de uma estatística alarmante, pois o Brasil registra um feminicídio a cada seis horas, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Por trás de cada número, há uma urgência coletiva por mudanças profundas.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil




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