A violência que as mulheres trabalhadoras enfrentam em todas as esferas é cruelmente silenciada ou dissimulada através de preconceitos. Desde a escola até os locais de trabalho, a mulher é obrigada a conviver com o assédio e a subestimação.
A violência de gênero ocorre nos mais variados espaços, públicos e privados, e vai além da agressão física, é também psicológica, moral e patrimonial.
As agressões estão presentes em todos os espaços da nossa sociedade, com o agravante de que homens e mulheres reproduzem discursos e práticas inseridos pela cultura da violência nos diversos espaços por onde transitam.
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O Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho de 2021, consolida dados do setor de segurança pública no Brasil em 2020. A pesquisa é realizada anualmente pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e utiliza fontes oficiais dos órgãos públicos responsáveis. Em relação à violência contra as mulheres, o Anuário traz o número de mortes violentas, estupros e tentativas de estupro.
Os dados indicam um leve recuo nos registros de feminicídios em 2021, ao mesmo tempo que apontam o aumento dos registros de estupro e estupro de vulnerável. Os dados preliminares de violência letal contabilizam 1.319 mulheres vítimas de feminicídio no último ano, decréscimo de 2,4% no número de vítimas; e 56.098 estupros (incluindo vulneráveis), apenas do gênero feminino, crescimento de 3,7% em relação ao ano anterior.
Ainda de acordo com a publicação, os números de registros de crimes contra meninas e mulheres evidenciam o quadro de violência sofrido por elas durante a pandemia. Apenas entre março de 2020, mês que marca o início da pandemia de Covid-19 no país, e dezembro de 2021, último mês com dados disponíveis, foram 2.451 feminicídios e 100.398 casos.
Os dados mensais de feminicídios no Brasil entre 2019 e 2021 demonstram que houve um aumento dos casos entre os meses de fevereiro e maio de 2020, quando ocorreu maior restrição nas medidas de isolamento social. Em 2021, a tendência de casos seguiu muito próxima àquela verificada no ano anterior à pandemia, com média mensal de 110 casos.
Portal Catarinas
É sabido que apenas a criação de mecanismos legais não é suficiente para a redução dos índices de violência contra a mulher, por se tratar de um problema complexo, exigindo medidas conectadas em diversos níveis do poder público, por meio de políticas públicas, e da sociedade civil.
Em 2010, com a finalidade de ampliar o combate à violência contra as mulheres, foi criada a ONU Mulheres, instituição humanitária com sede em Nova York e responsável pela defesa dos direitos humanos das mulheres.
A maioria da população feminina segue sendo vítima de violência dentro de casa e são poucas aquelas que procuram uma Delegacia da Mulher. Infelizmente, inúmeras são aquelas que alegam não ter feito nada.
Revista Babel
No Brasil, para as mulheres negras ou pardas existe um perigo ainda maior, pois o racismo estrutural e suas consequências potencializam o risco de lesão e morte.
Importante lembrar que, apesar da Lei Maria da Penha ter sido um avanço, não garante de fato a punição ao agressor, assim como não garante os serviços essenciais à mulher que sofre agressão como: casas de abrigo, creches, assistência médica e psicológica, centros de referência com profissionais capacitados e estabilidade remunerada no emprego.
Rede Brasil Atual
Não podemos aceitar que, em um país em que centenas de milhares de mulheres sofrem violência todos os anos, o Estado retire seus direitos a um atendimento digno e se isente da responsabilidade de adotar medidas urgentes para acabar com essa violência.
As últimas eleições escancararam e evidenciaram ainda mais a violência política contra as mulheres. Em seu livro Sempre foi sobre Nós, Manuela d’Ávila apresenta importantes mulheres que denunciam a violência política de gênero como um ataque à democracia. “A violência política de gênero é um mecanismo que existe e é utilizado para afastar as mulheres da política. E, quando eleitas, fazem uso dessa violência para interromper ou imobilizar nossos mandatos. Combater a violência política de gênero é lutar pela democracia”, destaca.
Rede Brasil Atual
Diante desse cenário de violência de gênero no Brasil e apesar da discussão sobre gênero na escola ter se tornado um tema “maldito” para muitos, é preciso resistir e não cansar de repeti-lo, pois entende-se que o espaço escolar deve promover a igualdade. A melhor forma de prevenção certamente está na educação, com a formação de meninas e meninos baseada em equidade de gênero, sem discriminações e vedações às meninas.
No dia 23 de maio, a partir das 19h, o CPERS promoverá um debate com Manuela d’Ávila e a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, sobre a violência política de gênero. Salve a data e fique atento às nossas redes para participar!
É preciso lutar contra todas as formas de opressão, pois o machismo, o racismo, o capacitismo, a LGBTfobia são responsabilidades de todas(os). É preciso apoiar aos que sofrem as agressões, discutir, informar e promover ações que fortaleçam a luta contra a opressão.
Artigo do Departamento de Gênero e Diversidade do CPERS
Carta Capital