Um convite à Juventude Educadora!
Segundo o Estatuto da Juventude (LEI No 12.852, DE 5 DE AGOSTO DE 2013) são legalmente considerados jovens as pessoas comidade de 15 a 29 anos. De forma mais ampla, entende-se como juventude uma fase da vida marcada por instabilidades, descobertas e experimentações que antecedem a vida adulta. Para a CUT (Central Única dos Trabalhadores) são considerados jovens os/as trabalhadores/as com até 35 anos.
No Brasil são considerados jovens, em torno de 50 milhões de habitantes, aproximadamente 1⁄4 da população brasileira. Infelizmente, nos espaços representativos e de organização política esse percentual não é correspondente. É nesse sentido que o próprio Estatuto já reconhece a necessidade de incentivar a participação dos/as jovens em ações que contemplem a defesa dos seus direitos ou de temas afetos e a efetiva inclusão dos/as jovens nos espaços públicos de decisão, com direito a voz e voto.
Em 2011, apenas 11,5% dos jovens eram sindicalizados, sendo importante ressaltar que, se somados os/as jovens que procuram emprego aos que trabalham, temos um percentual de 74% de juventude trabalhadora no Brasil. Entre as demais faixas etárias a porcentagem de sindicalizados chega a 17%, sendo que as maiores taxas de sindicalização continuam sendo dos trabalhadores com mais de 60 anos. Portanto, observa-se um nítido “envelhecimento”domovimentosindicalnoBrasil.
Essa situação se torna mais preocupante diante do contexto que os jovens trabalhadores estão sujeitos. A juventude trabalhadora está ainda mais exposta a uma série de situações de risco social, como a violência, o desemprego, abaixa escolaridade e o trabalho precarizado e mal remunerado.
É urgente a necessidade de envolver os jovens nas lutas sindicais e de classe, estimulando um processo de oxigenação importante para fortalecer o movimento dos trabalhadores/as. A CUT e demais organizações e movimentos sociais já há algum tempo mostram-se atentos a essa preocupação e têm buscado consolidarformas de organização dos/as jovens trabalhadores/as. A CNTE nos seus últimos congressos também colocou no centro
da sua pauta a mobilização e o envolvimento dos jovens VIDA LONGA AO CPERS Um convite a Juventude Educadora! educadores/as, através da criação de um Coletivo Nacional, o qual tem incentivado a criação de coletivos nos sindicatos da confederação.
Criar um Coletivo de Juventude do CPERS, seguindo a orientação da CNTE, não terá como objetivo constituir mais uma instância dentro do sindicato. E, portanto, suas proposições estarão submetidas às esferas estatutárias do sindicato.
Neste mesmo espírito, este espaço de auto-organização dos jovens (assim como os de auto-organização negra, feminina, LGBTT existentes na sociedade)não irá, de forma alguma, dividir a categoria. Ao contrário, irá garantir a presença cada vez maior de jovens nos espaços do sindicato, semeando vida longa para a nossa luta. O objetivo será o de reunir os jovens educadores e buscar discutir questões que são especícas da juventude trabalhadora, levantar resoluções às problemáticas que estão postas e reetir com autonomia propostas de políticas para este setor. É reconhecida a história das lutas e conquistas do CPERS. A entidade continua sendo um dos sindicatos mais ativos e representativos do Brasil e
até da América Latina. No entanto, não podemos deixar de reetir sobre a sua continuidade e fortalecimento. Atualmente, dos 81.554 sócios,48.126 (59%) já estão aposentados/as. Em Porto Alegre, onde se concentra o maior número de sócios, em torno 10 mil, 71%,não estão na ativa.Em apenas cinco núcleos do CPERS o número de ativos sindicalizados é sensivelmente maior, nos demais a quantidade de aposentados/as associados/as
correspondem à maioria.
O número signicativo de aposentados/as sindicalizados/as e atuantes no CPERS corresponde a um elemento extremamente positivo para a categoria. É preciso que o sindicato cada vez mais represente e esteja comprometido com as demandas e os anseios deste segmento. Todavia, também é imprescindível que o movimento sindical consiga dialogar com os/as jovens educadores/as. No Brasil, segundo dados do IBGE (2013) 38% dos professores têm até 35 anos, o que corresponde a uma parcela signicativa da categoria nacionalmente.
Nesse sentido, construir uma política que aproxime os jovens trabalhadores/as do CPERS corresponde a uma ação que visa engrandecer a representatividade e força da nossa luta.
Entre outros temas, é preciso debater as diculdades que os/as jovens professores/as têm encontrado ao iniciarem suas carreiras no magistério. O/a jovem educador/a em muitos momentos é desmoralizado/a ou as suas opiniões desprezadas simplesmente pelo fato de possuírem menos tempo de carreira e vida.
São muitos os/ as jovens educadores/ as que desistem da prossão. Sabe-se que tal situação está vinculada à desvalorização salarial e as condições de trabalho precárias. Porém, entre outras razões, a insegurança e o fato de sentirem-se despreparados/as e desamparados/ as são desestímulos que contribuem muito para o abandono da carreira. Écada vez menor a procura pela formação em cursos de licenciatura e o/a jovem que opta pela carreira em muitos casos é discriminado/a. Nas próprias instituições de ensino superior os cursos vinculados às áreas da educação sofrem com a distribuição dos recursos. Para além dos governos, a sociedade brasileira capitalista desvaloriza a gura do educador/a atualmente e apenas anossa organização e luta poderá servir como estímulo para visualizarmos melhores condições de vida e de trabalho.
Nesta perspectiva, é fundamental o engajamento das juventudes na construção de uma educação transformadora e emancipatória, que não esteja descolada da necessidade de mudanças radiais na sociedade e das lutas gerais da classe trabalhadora.Aprofundar o debate sobre as questões que afetam os jovens educadores/as e trabalhadores/as, aproximando-os/ as, corresponde a uma estratégia que fortalecerá o movimento sindical em defesa dos trabalhadores/ as da educação pública e dos educadores.
Diretoria de Juventude do CPERS/ Sindicato