“Me dói demais ver uma escola como a nossa, na qual estudei e, agora, tenho o prazer de trabalhar, nessa situação tão triste e deplorável. Tudo por culpa de um governo burocrático e ineficaz”.
Há três anos, a professora Viviane Freiberger testemunha o descaso do Estado com o Instituto Estadual de Educação Borges do Canto, de Palmeira das Missões.
Desde abril de 2018, a instituição está interditada e aguarda uma atitude da Seduc para sanar os graves problemas nas suas instalações elétricas.
O prédio teve as suas atividades paralisadas para a instalação de um transformador e a troca de fiação. O serviço foi licitado, contratado e, inicialmente, levaria 180 dias para a finalização.
No entanto, a primeira empresa abandonou a obra e hoje, três anos após o ocorrido, a comunidade escolar da Borges do Canto aguarda para retornar ao seu prédio de origem.
Atualmente, as aulas são ministradas de forma precária em um prédio alugado no campus de Palmeira da Universidade de Passo Fundo (UPF). O refeitório é improvisado, não há biblioteca e a Internet deixa a desejar.
Viviane, que na época da interdição era coordenadora pedagógica, relata que o espaço alugado pelo governo não oferece a estrutura necessária para o dia a dia de uma escola.
“O prédio que estamos utilizando é um ambiente atípico para os alunos e toda a comunidade escolar, sem banheiros adequados, além da distância para estudantes e professores se deslocarem, pois é do outro lado da cidade”.
Em razão das dificuldades estruturais, a escola também enfrenta problemas para cumprir as normas de segurança neste período de pandemia.
“Iniciamos alguns dias com aulas presenciais, mas entendo que não deveríamos. As janelas são antigas e não abrem direito. Para o refeitório utilizamos o antigo ginásio de esportes da UPF e temos somente dois banheiros no prédio de baixo e três no prédio de cima para atender 700 alunos em três turnos”.
Negligência e desrespeito
Nesses três anos, a instituição registrou diversas tentativas de diálogo com o governo e a 20ª CRE.
Inúmeras reuniões, notificações e manifestações com a participação de pais e alunos foram realizadas, mas o governo parece não se importar.
“Nosso prédio está se deteriorando pelo tempo. Salas de aulas, computadores e a quadra nova coberta que ainda não pôde ser inaugurada. Enquanto isso nós seguimos nos deslocando até o outro lado da cidade. E seguimos sem respostas”.
Enquanto o governo gasta com aluguel, o Instituto Borges do Canto possui uma estrutura invejável em comparação a outras escolas estaduais, uma sala de informática com 30 computadores, salas de aula com ar condicionado e uma quadra esportiva coberta pronta para receber alunos.
Com a insistência das aulas presenciais, quanto tempo mais a comunidade e equipe diretiva da escola terão que esperar para voltar ao seu prédio de direito?