Na manhã desta quinta-feira (16) foi realizada Audiência Pública da Subcomissão para debater a situação dos repasses e pagamentos do IPE-Saúde, bem como a situação econômico-financeira da autarquia.
Na ocasião, ficou evidenciada a fragilidade que ameaça os 1,1 milhão de beneficiários diante de atrasos que alcançam R$ 911 milhões a hospitais e clínicas credenciadas que prestam serviço. Com a demora frequente dos repasses do governo, o IPE Saúde “agoniza”.
O encontro teve a participação de diversas entidades que representam os servidores públicos no Conselho de Administração do IPE Saúde, as quais expuseram a triste realidade que os associados do plano enfrentam. Falta de atendimento em hospitais e clínicas devido ao não repasse de verbas e fechamento de agências são exemplos.
A ausência dos titulares da Casa Civil, da Fazenda e do Planejamento, Governança e Gestão demonstrou a falta de compromisso do governo Leite (PSDB) com os serviços públicos.
A diretora e representante do CPERS no Conselho de Administração do IPE Saúde, Vera Lessês, destacou a falta dos representantes do Executivo na reunião.
“Esse é o valor que o governo dá para o IPE Saúde e para os servidores. Nenhuma representação nesta reunião. Eu faço parte de uma categoria que está na miséria. Sem reajuste, não temos como contribuir ainda mais. É muito triste quando recebemos queixas dos nossos sócios que têm que pagar cirurgias por fora, muitas vezes com um valor muito maior que o próprio salário. O mesmo acontece com as anestesias.”, ressaltou Vera.
A diretora enfatizou que a crise financeira é um resultado dos governos que não deram a devida importância para o Instituto.
“É preciso respaldo do governo para sair dessa crise. É necessário achar uma saída para que os associados não tenham que pagar a mais em cirurgias ou anestesias e que sejam atendidos da melhor forma possível, pois eles têm direito”, concluiu.
Antônio Andreazza, representante do CPERS no Conselho de Administração do IPE Saúde, também lamentou a falta de representantes do governo no encontro e destacou que 85% da receita do IPE Saúde vem da contribuição dos associados.
“Nós estamos há sete anos sem reajuste salarial, então o IPE, durante esse período, está estagnado. O problema está no fato do governo do Estado não reajustar os salários dos servidores e não passar as verbas devidas ao Instituto”, destacou.
Hélio Sanfelice, presidente da Associação das Clínicas, pontuou o atraso de repasse do IPE para clinicas e laboratórios.
“Não entendemos porque o atraso para os laboratórios e clínicas, que chega a ser de 180 dias. Enquanto que, para os hospitais, é de 20 dias. Não entendo a razão disso se ambos têm a mesma importância. Se não fizerem nada, o IPE vai acabar. Queremos saber qual é a proposta do governo para o Instituto. O IPE é um problema de gestão e má política”, finalizou Sanfelice.
“O verdadeiro responsável por esse caos no IPE Saúde é o governo, que não está aqui presente. A Casa Civil não tem tempo para um milhão de vidas. É uma vergonha não ter um representante do governo hoje nesta reunião”, observou Katia Moraes, representante da União Gaúcha.
“O objetivo desse governo é sangrar o IPE para poder privatizar”, ressaltou Márcia Trindade, da FESSERGS.
“Servidores estão tendo que ir para o SUS para ter seus filhos. E isso tem dois problemas, um deles é que os associados não estão recebendo o atendimento pelo qual pagam e o segundo é a sobrecarrega ao SUS. Não temos, em Porto Alegre, atendimento de maternidade e de pediatria”, apontou o deputado Dr. Thiago Duarte (DEM).
O diretor-presidente do IPE Saúde, Júlio César Ruivo, explicou que a situação do Instituto já era ruim, mas na pandemia piorou. “O IPE durante a pandemia teve prejuízo de 500 milhões. É difícil fazer gestão quando se tem um imprevisto de déficit nesta grandeza.”
Como encaminhamento, o deputado Giuseppe Riesgo (NOVO), afirmou que será solicitada reunião para a Casa Civil e a Secretaria da Fazenda. “É importante que as secretarias estejam presentes em nossas reuniões. A presidência do IPE não vai resolver os problemas da instituição sozinha.”