O primeiro dia de atividades do Acampamento da Resistência em Defesa da Educação foi de organização coletiva, divisão de tarefas e preparação para a semana de luta. Após fixar gazebos em frente ao Palácio Piratini no ato de segunda-feira, os(as) educadores(as) reuniram-se no raiar desta terça (4) para discutir a manutenção do piquete e demandas operacionais.
Foram criadas quatro comissões, destinadas a cuidar da alimentação dos presentes, da saúde, da infraestrutura e da comunicação e animação. “A intenção é que tenhamos um acampamento auto-gestionável, construindo o espaço e a programação de forma colaborativa”, explica a secretária-geral do CPERS, Candida Rossetto.
Faixas e cartazes diversos abordando a pauta salarial e o desrespeito do governo com a categoria foram confeccionados também pela manhã. O acampamento permanecerá na praça até sexta-feira (7), data do Conselho Geral do CPERS e prazo final para protocolar emendas da sociedade civil à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
A LDO enviada por Eduardo Leite à Assembleia Legislativa, se aprovada sem alterações, condenará a categoria ao sexto ano sem qualquer reajuste. O CPERS deve pressionar os(as) deputados(as) ao longo da semana para garantir a aprovação de uma emenda por justiça salarial.
Acorda, Eduardo Leite!
Entre as ações permanentes, o acampamento inicia e encerra suas atividades com sinetaços que duram quatro minutos e dois segundos, em alusão aos 42 meses de salários atrasados e parcelados. A ação também reivindica a retomada da mesa de negociação com o Estado, interrompida quando o governo desmarcou a terceira audiência, marcada para o último dia 27.
Entre as pautas, estão salário em dia, reajuste emergencial de 28,78% e concursos públicos. Por fim, a mobilização pede a revogação das demissões de educadores(as) contratados(as) em licença-saúde.
No ato de segunda, a direção central foi recebida pelo secretário-adjunto da Casa Civil, Bruno Pinto de Freitas, e entregou um ofício exigindo o reinício das tratativas. O governo se comprometeu a dar uma resposta nessa semana. “Às vezes a gente vem aqui e eles esquecem do que combinamos. Então vamos acampamos na praça para lembrar todos os dias que ele tem que responder”, afirma a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer.
Justiça salarial
Na mesma semana em que Eduardo Leite desmarcou a rodada de negociação com o CPERS – que aconteceria na segunda (27) – e confirmou o 42º mês de salários atrasados, o governo aprovou junto à Assembleia o aumento do salário do presidente do Banrisul de R$ 51 mil para R$ 89 mil. O novo contracheque do gestor é o suficiente para pagar o básico de 141 professores(as) e atender a mais de 4 mil alunos em sala de aula.
Na semana anterior, aumentou os proventos de quem ganhava o teto do Executivo em até 16,38%, alegando cumprir ordem judicial. Enquanto isso, segue atrasando salários à revelia da Constituição do Estado e pagando o segundo pior salário do país para educadores(as) do Rio Grande do Sul.
Os(as) educadores(as) estão em situação de miséria, acumulando empréstimos impagáveis, sem dinheiro para ir trabalhar e escolhendo entre comer e pagar as contas.
Como Bolsonaro, o governador Eduardo Leite também “contingenciou” 30% dos repasses para verbas de autonomia financeira para os investimentos em escolas, sucateando a estrutura que atende mais de 80% dos estudantes gaúchos.
Agora, fala abertamente em estabelecer PPPs para entregar escolas públicas à gestão privada, um prato cheio para grandes empresas abocanharem recursos dos contribuintes, enquanto os verdadeiros problemas da educação são jogados para baixo do tapete.
Confira a programação desta quinta