O CPERS esteve presente em reunião do Movimento em Defesa do IE com a secretária da Educação, Raquel Teixeira, para cobrar a conclusão da reforma e a volta da comunidade escolar ao prédio histórico do Instituto. O encontro aconteceu após meses de solicitação, devido a total ausência de diálogo por parte do governo do Estado.
Com a participação dos sindicatos ligados à educação e da deputada Sofia Cavedon (PT), o movimento realizou entrega de um abaixo-assinado em defesa da tradicional escola estadual de Porto Alegre à secretária, reivindicando que o governo Eduardo Leite (PSDB) respeite o projeto original elaborado pela comunidade escolar.
Os estudantes do IE estão desde 2016 longe da estrutura da sede e a obra, com previsão para ser concluída em 18 meses, está há mais de dois anos completamente parada. O abaixo assinado destaca as dificuldades enfrentadas por estudantes, professores e servidores, que instalaram-se temporariamente em três locais distintos da cidade e agora temem pelo futuro do IE após o governo gaúcho anunciar novos projetos para o local.
Para a diretora do CPERS, Rosane Zan, o respeito ao projeto da comunidade escolar é urgente. “O IE tem uma história que está enraizada na sua comunidade escolar e o governo precisa respeitar a gestão democrática e autonomia das escolas para decidir o seu futuro. Só assim conseguiremos avançar realmente”, declarou .
A deputada Sofia Cavedon reforçou que o movimento em defesa do IE já vem há mais de dois anos atuando junto à Comissão de Educação da Assembleia Legislativa (AL-RS) e a aposta agora é que o governo gaúcho entenda que a comunidade escolar é contrária à nova proposta de uso da escola. “A representação da comunidade escolar deixou claro que o Instituto quer ser uma escola inteira do futuro. É assim que essa obra tão importante foi licitada, e assim queremos que ela seja concluída.”, afirmou.
De positivo, os participantes, no entanto, ressaltam que a secretaria disse que informará ao governador Eduardo Leite (PSDB-RS) que a comunidade escolar não aceita que a mais tradicional escola pública gaúcha perca suas características para abrigar um centro cultural gerido em parceria com a iniciativa privada.
Está agendada para esta quarta-feira, 12, audiência do Movimento em Defesa do IE com o secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos Júnior.
Também estavam presentes na reunião, o presidente da CUT, Amarildo Pedro Cenci, a diretora do SINPRO-RS, Cecília Maria Martins Farias, a presidente da Comissão de Restauro do Instituto, Maria da Graça G. Morales, a diretora-geral do IE, Alessandra Lemes da Rosa e a Professora e vice- presidente do conselho escolar do IE. Heloiza M. Rabeno.
Cadê a escola que estava aqui?
O processo de restauração do prédio da escola corre desde 2011, com a mobilização da comunidade escolar, diante da precariedade das instalações físicas e pela preservação do prédio histórico. Em 2012 ocorreu a formação de uma Comissão para elaborar as diretrizes que definiram a contratação, através de licitação de empresa para execução do Projeto de Restauração Integral do Instituto de Educação, destinado à função escolar.
Em 2016, com o início das obras, a comunidade escolar saiu de seu espaço no intuito de possibilitar a restauração com um prazo de 18 meses para retorno. Para que se tenha uma ideia, neste período, 2 mil matrículas deixaram de ser ofertadas pelo Instituto, que possui os seguintes níveis de ensino: Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Ensino de Jovens e Adultos – EJA, Curso Normal e Curso Normal Aproveitamento de Estudos.
O governador Eduardo Leite anunciou, em outubro de 2021, a intenção de investir no IE R$ 34,9 milhões, com o objetivo de criar um “Centro de Desenvolvimento de Profissionais da Educação mediado por Tecnologias”, e mais R$ 25 milhões para a implantação de um “Museu Escola do Amanhã”, em parceria com o IDG (instituição privada que administra o Museu do Amanhã no RJ).
A comunidade escolar, permanecendo sem respostas quanto à retomada da obra e tocada pelo desmonte de seu projeto aguardado há vários anos, ampliou então as suas ações, buscando participação mais efetiva da sociedade à causa do Instituto de Educação e fez surgir o Movimento em Defesa do Instituto de Educação, com a participação de diversas entidades – CUT, CPERS, UBES, FACED-UFRGS, conselhos tutelares, deputados e vereadores, além de membros da comunidade em geral.
*Matéria com informações da jornalista Clarissa Pont e do jornal Extra Classe