Na tarde desta quarta-feira (11), representantes do Departamento de Aposentadas(os) do CPERS, protocolaram junto ao Palácio Piratini um abaixo-assinado com a assinatura – física ou digital – de quase oito mil educadoras(es) aposentadas de todo o Estado, solicitando a retirada do pacote desumano do governo Eduardo Leite.
A diretora do CPERS e coordenadora do departamento, Glaci Weber, acompanhada da diretora Alda Maria Bastos Souza e demais representantes do Sindicato, solicitaram uma auto-agenda com o secretário-chefe da Casa Civil, Otomar Vivian, porém não foram recebidas.
O documento foi então entregue no Protocolo Geral do Palácio e deve ser encaminhado ao governador nos próximos dias.
Os projetos de Eduardo Leite atingem em cheio os aposentados(as) estaduais com a PEC 285/2019 que, além de reduzir o valor do benefício e aumentar a idade mínima e o tempo de contribuição para a aposentadoria, quer aumentar a contribuição de servidores(as) ativos e aposentados(as), podendo chegar a 14%.
“Estamos aqui hoje para reforçar que não é só o projeto do magistério que deve ser retirado, mas o pacote em sua integralidade. O governador Eduardo Leite quer tirar dos aposentados o pouco que recebemos, depois de tantos anos de dedicação a educação pública gaúcha”, reforçou a diretora Glaci.
O CPERS já denunciou, com base em nota técnica do Dieese, que inativos lotados na folha da Seduc poderão responder por até 74% de toda a arrecadação do Estado com a incidência de alíquotas para quem recebe abaixo do teto do INSS.
Quem tem um vencimento de R$ 1,5 mil, por exemplo, perderá quase mil reais em um ano. Aposentados(as) que recebem R$ 3,5 mil, terão mais de R$ 4,5 mil confiscados em igual período.
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PRESSÃO NOS DEPUTADOS
Aproveitando a visita ao Palácio Piratini, o grupo também entregou o abaixo-assinado a deputados e conversou com parlamentares sobre as sérias consequências que atingirão a categoria se o pacote do Executivo for aprovado.
Hoje, quem recebeu o grupo, foram os deputados(as) Juliana Brizola (PDT), Any Ortiz (CIDADANIA) e Neri o Carteiro (SOLIDARIEDADE).
Junto às assinaturas, foi entregue também a carta, lida e aprovada nos Encontros Regionais de Aposentadas(os), realizados nos 42 núcleos do CPERS. Confira abaixo a íntegra do documento:
Carta das aposentadas e aposentados da rede estadual de educação sobre o projeto desumano de Eduardo Leite
Nós, educadoras e educadores aposentados(as) da rede estadual do Rio Grande do Sul, repudiamos com veemência o mais recente ataque de Eduardo Leite aos professores(as), funcionários(as) de escola e a todos os gaúchos(as) que dependem da educação pública para aprender, sonhar e crescer.
É com perplexidade e indignação que tomamos conhecimento dos projetos do governador para destruir a carreira do magistério – conquistada a duras penas em nossas lutas históricas -, aprofundar o arrocho salarial, retirar direitos e confiscar o dinheiro dos aposentados(as) que ganham menos taxando a Previdência.
Em toda nossa trajetória, jamais vimos um governo atacar com tanta violência seus próprios servidores(as). Não é nada menos do que inacreditável a disposição de cobrar alíquotas previdenciárias de quem ganha pouco mais de um salário mínimo. Não trabalhamos e lutamos a vida inteira para chegar à aposentadoria empobrecidos e sem dignidade.
Este é um projeto de morte, nocivo e cruel. É nos ombros de quem recebe os menores salários que recairá a conta da má gestão, das desonerações fiscais bilionárias, da sonegação de grandes empresas e dos privilégios dos altos salários.
O governador quer sacrificar as nossas vidas em nome de um ajuste fiscal que não produziu qualquer resultado positivo em cinco anos de arrocho. Pelo contrário, Sartori legou aos gaúchos(as) o maior rombo dos últimos 16 anos nas contas públicas. Quem, como Leite, está a serviço deste projeto, não está a serviço do Rio Grande do Sul.
Somos dezenas de milhares que construímos o passado e o presente, educando gerações. Nossas lutas históricas fizeram do CPERS um dos maiores e mais combativos Sindicatos do Brasil. Enfrentamos o chumbo da ditadura e a insensibilidade de outros governantes.
Estaremos em todos os espaços, nas ruas, nas praças e nos piquetes em escolas, de mãos dadas com os colegas da ativa para barrar essa proposta nefasta e inaceitável. A greve da categoria tem nosso apoio total e irrestrito. Eduardo Leite passará, nossos direitos ficarão. Avante educadores, de pé!