“Não me conformo em saber que educadores com uma missão tão importante estejam passando por isso. Não me conformo que a sociedade se ausente. Enquanto Legislativo e Judiciário vivem uma vida farta, a classe trabalhadora está mendigando”
Marilene Elias Goergen, 67 anos, professora aposentada da rede estadual, tirou do próprio bolso para auxiliar educadores(as) em situação de miserabilidade. Ela visitou a sede do CPERS em Porto Alegre para contribuir com a campanha de doações do Sindicato.
Os R$ 100 doados, a serem utilizados na aquisição de cestas básicas, foram suados. Para complementar a aposentadoria, Marilene faz e vende artesanatos.
A motivação para o gesto de solidariedade veio da experiência própria. “Há um ano e meio tive câncer e depressão. Hoje tenho um neto que me dá vida”, emociona-se.
“Não vim para querer aparecer. Vim porque a gente aprende, na adversidade, a ter um olhar diferenciado a quem precisa de apoio.”
Marilene também já se prepara para enfrentar o confisco do seu salário pelo governador.
Com a aprovação da Reforma da Previdência de Eduardo Leite (PLC 503), em dezembro, aposentados(as) que recebem abaixo do teto do INSS passarão a pagar alíquotas que levarão a perdas equivalentes a um salário inteiro ao longo de um ano.
“É desolador voltar a contribuir depois de pagar a vida inteira. O que fizeram com o nosso dinheiro? Mas Eduardo Leite não vai me desmoronar. Isso um dia muda e ele vai passar”, conta a professora, que planeja preparar e vender quibes para compensar o confisco.
Um recado para Eduardo Leite
Questionada o que diria ao governador e deputados se tivesse a oportunidade, Marilene não titubeou: “pensem em quem alfabetizou vocês. Se hoje vocês estão onde estão, passaram pela mão do professor. Valorize quem te abriu os caminhos. Sejam humanos”, assevera.
CPERS lança campanha de doação para ajudar educadores
Cinco anos de salários congelados e parcelados, sofrimento psíquico, contas no vermelho, ponto cortado, 13º bloqueado e escolhendo entre comer e pagar as contas.
Essa é a realidade de quem trabalha no chão da escola pública e de muitos que já se aposentaram após trabalhar uma vida inteira pelo Rio Grande do Sul.
Buscando formas de amenizar o sofrimento dos trabalhadores(as) em educação, o CPERS lançou a Rede de Apoio aos Educadores do Rio Grande do Sul.
Trata-se de uma campanha para arrecadar cestas básicas e recursos para adquirir alimentos, a serem doados a quem necessita.
O objetivo é conectar quem pode ajudar com quem precisa de ajuda.
Doadores que desejarem ser identificados serão listados em uma página de agradecimento, assim como a prestação de contas dos alimentos e recursos arrecadados.
COMO FUNCIONA
- Se você pode ajudar ou precisa de ajuda, comece preenchendo o formulário no fim desta página
- Para solicitar cestas básicas, é necessário ser sócio(a) do CPERS e não ter conseguido sacar o 13º e/ou ter sofrido corte de ponto em razão da greve
- Cestas básicas podem ser entregues diretamente nos 42 núcleos do CPERS (clique aqui e confira as cidades e endereços) ou na sede do Sindicato na capital (Av. Alberto Bins, 480)
- As doações em dinheiro podem ser depositadas na seguinte conta, criada exclusivamente para este fim: Banco Banrisul (Código: 041) / Ag: 0100 / Conta: 064241800-7 / CNPJ: 92.908.144/0001-69 / Beneficiário: CPERS/Sindicato
- Os educadores(as) que necessitam de auxílio serão contatados pelo CPERS quando da disponibilidade de cestas básicas para combinar a retirada
- Ao fim da campanha, as cestas básicas que não forem entregues serão doadas para instituições de caridade e as doações em dinheiro serão destinadas ao fundo de greve.