Onda de indignação: 95 escolas de Porto Alegre já aderiram à greve da rede estadual


Em movimento crescente e enraizado em todo o estado, a greve deflagrada na última segunda (18) tem fortes reflexos na capital. Em apenas três dias, 95 escolas já aderiram total ou parcialmente à mobilização.

Em todo o estado, são – até o fim da tarde desta quarta (20) – 1.428 instituições afetadas.

Entre elas, algumas das maiores escolas de Porto Alegre, tradicionalmente mobilizadas em paralisações. Outras, como a EEEF São Caetano, escola de tempo integral no extremo sul da cidade, fecham as portas pela primeira vez em anos.

“Tinhamos apenas dois profissionais em greve. Hoje pela manhã nos reunimos, conversamos com colegas do CPERS e quem estava indeciso resolveu parar e lutar por seus direitos. Como profissional e diretora, dei apoio”, conta Neli Frolich.

O corpo docente voltará a se reunir no dia 26, após a Assembleia Geral do CPERS, para debater a continuidade do movimento. Ao todo, a São Caetano atende 148 estudantes, 84 dos quais em turno integral.

Muitos estabelecimentos da rede estadual ainda discutem a adesão ao longo desta semana, e a expectativa é de que o número cresça substancialmente até sexta.

Apoio de pais e estudantes

Indignação é a palavra de ordem também entre pais e estudantes.

“Todo mundo tem que procurar seus direitos. Os professores são fundamentais para qualquer profissão. A greve causa incômodo, tem seus poréns, mas é bem-vinda. Para mim não tem lógica o que está sendo imposto aos educadores”, desabafa José Carlos de Souza, presidente do conselho escolar da EEEM José do Patrocínio. Suas três filhas estão sem aulas por conta da greve.

Geferson Moraes, garçom e morador da Restinga e pai de 4 filhos que estudam na rede municipal, falou sobre a percepção da comunidade sobre o movimento. “A greve prejudica bastante a gente que tem filho. Mas a culpa é do governo, que está fazendo esse horror com os professores. Chega a ser ridículo um governador que não apoia em nada a educação. É uma vergonha pagar tudo que pagamos de imposto, trabalhar cada vez mais para receber cada vez menos e não ter opções pra dar saúde e educação pros filhos”, afirma.

Na Praça da Matriz, onde a categoria mantém o Acampamento da Resistência em funcionamento pela quinta semana, o fluxo de apoiadores é constante. A estudante Giovana, da EEEM Frederico Benvegnú, veio de São Domingos do Sul para entregar uma moção de repúdio da comunidade escolar para a Assembleia.

“A educação é a base de toda a sociedade. E não é uma frase feita. É uma coisa pela qual a gente tem que lutar com todas as forças. É muito importante o que a gente tá fazendo”, conta.

Também virou cena comum a visita de vereadores do interior em passagem pela capital. Não raro as educadoras recebem apoio de políticos da base do governo. Foi o caso desta quarta, quando Margarete Souza (PSDB) e Miriam Knapp (PP), da Câmara de Caibaté, declararam estar ao lado da educação.

Mais de 150 Câmaras de Vereadores de todo o estado já aprovaram moções de repúdio aos projetos de Eduardo Leite, que colocam em risco a existência da escola pública e da profissão de educar.

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Mobilização

A próxima Assembleia Geral da categoria está marcada para a terça-feira (26), às 13h30, na Praça da Matriz.

Na segunda, o Comando de Greve volta a se reunir para realizar o balanço da primeira semana de greve e discutir as ações de mobilização.

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