Nota de solidariedade à professora da rede municipal de Campo Bom após ataques racistas de alunos


O CPERS solidariza-se à educadora da rede municipal de Campo Bom, vítima de ataques racistas deferidos por alunos(as) em sala de aula

Após atos contínuos de racismo vindos de estudantes, a professora registrou um Boletim de Ocorrência denunciando o crime de injúria racial.

Um dos últimos atos praticados pelos estudantes consistia em imitar o som de macaco quando a educadora virava de costas.

Em entrevista ao Portal Geledés, a professora desabafou e disse já ter chegado ao seu limite. “Estou tentando me manter calma, mas como se a sociedade nos coloca para baixo? Sou educadora há 24 anos. Fiz concurso para professora e estou apta a trabalhar, mas não me permitem. Vivo isso. Estou muito acuada, no meu limite”.

É preciso que a escola busque, urgentemente, as providências necessárias em reparação ao ocorrido para que situações inadmissíveis como essa não se propaguem.

Torna-se imprescindível lembrar que a injúria racial está prevista no artigo 140, parágrafo 3º, do Código Penal, que estabelece a pena de reclusão de um a três anos e multa, além da pena correspondente à violência para quem cometê-la.

Em geral, o crime de injúria está associado ao uso de palavras depreciativas referentes à raça ou cor com a intenção de ofender a honra da vítima, que foi o que ocorreu diretamente com a professora.

O CPERS, através do Coletivo Estadual de Igualdade Racial e Combate ao Racismo, atua fortemente para impedir situações como a vivenciada pela professora.

“Repudiamos as atitudes racistas manifestadas contra a professora e reforçamos a importância da luta contra qualquer tipo de preconceito, principalmente o racial. Nas escolas públicas estaduais, o que mais se apresenta é a diversidade racial, de credo ou de gênero. Exigimos respeito às diferenças e ao papel do professor em sala de aula”, destaca o 2º vice-presidente do CPERS e diretor do Coletivo Estadual de Igualdade Racial e Combate ao Racismo, Edson Garcia.

A escola possui papel fundamental para a desconstrução do racismo, que além de ser criminoso, não pode ser tratado como uma pauta identitária, mas sim social. Somente assim, será possível enfrentarmos e assimilarmos este tão importante debate.

A luta de todas e todos deve ser por igualdade de oportunidades e de ponto de partida, fortalecendo o combate ao racismo e o exercício da democracia de fato e de direito.

Imagem destaque: CUT Goias

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