“Pautas sociais não estão descoladas da luta sindical e da luta por melhores salários e condições de trabalho. Tudo isso se traduz em valorização”, enfatiza o 2º vice-presidente do CPERS e coordenador do Coletivo Estadual de Igualdade Racial e Combate ao Racismo do Sindicato, Edson Garcia.
O Julho das Pretas, mês alusivo à luta antirracista e à resistência das mulheres negras ao capitalismo e ao colonialismo, é fruto do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado neste 25 de julho e criado em 1992 durante o Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, em Santo Domingo, na República Dominicana.
No Brasil, em 2 de junho de 2014, durante o governo de Dilma Rousseff (PT), a Lei 12.987 estabeleceu o dia 25 de julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza de Benguela, que liderou o Quilombo do Quariterê entre 1750 e 1770 após a morte de seu companheiro, José Piolho, desempenhou um papel fundamental na resistência à escravidão. O Quilombo do Quariterê estava localizado entre o rio Guaporé e a atual cidade de Cuiabá, capital de Mato Grosso. Sob sua liderança, a comunidade resistiu à escravidão por duas décadas.
Essa data realça o enfrentamento ao racismo e ao patriarcado, estruturas que, em conjunto, produzem as desigualdades de gênero e raça que empurram as mulheres negras aos cargos de emprego mais precarizados, aos locais de moradia mais irregulares, aos trabalhos de cuidado mais exaustivos e às condições de renda mais baixas.
Para Edson, as mulheres negras estão no centro da política antirracista desenvolvida pelo Coletivo Estadual de Igualdade Racial e Combate ao Racismo do CPERS. “Temos como princípio a valorização e o respeito à mulher negra, pois ela está na base da pirâmide, estruturando a sociedade e é quem realmente provoca mudanças sociais”, afirma o 2º vice-presidente.
No que diz respeito à educação, boa parte das funcionárias de escola são mulheres pretas, que exercem um papel indispensável no funcionamento das instituições de ensino. Apesar disso, são elas também as mais vulneráveis à emergência climática e às violações de direitos humanos. Não há, portanto, emancipação da classe trabalhadora sem a emancipação das mulheres pretas.
Aos que desejam uma sociedade mais justa e igualitária em todas as instâncias, não existe outro caminho senão o de trabalhar ativamente pela dignidade das mulheres negras. Uma das intelectuais mais relevantes do país, Lélia Gonzalez, escreveu há mais de 30 anos sobre um horizonte que deve permanecer almejado:
“Ao reivindicar nossa diferença enquanto mulheres negras, enquanto amefricanas, sabemos bem o quanto trazemos em nós as marcas da exploração econômica e da subordinação racial e sexual. Por isso mesmo, trazemos conosco a marca da libertação de todos e de todas.”
O CPERS, por meio do Coletivo Estadual de Igualdade Racial e Combate ao Racismo, celebra a vida e a potência das mulheres pretas e seguirá comprometido em garantir mais direitos àquelas que são o cerne do funcionamento da sociedade. À luta companheiras!