“Nós, educadores aposentados, temos sido alvo de ataques e perdas contínuas ao longo dos últimos governos. A proposta do governador é um golpe cruel, colocando o peso maior sobre os mais velhos e insinuando que os aposentados são um fardo para o IPE Saúde. Essa ideia de que aposentado bom é aposentado morto é repugnante. Enquanto estivermos vivos, resistiremos. Nossa força é inquebrável, e não seremos silenciados”, desabafou Cleusa Teresinha Albuquerque, de Santa Maria (2º Núcleo), durante a Vigília das Aposentadas(os), iniciada nesta quinta-feira (15), na Praça da Matriz.
Cleusa foi uma das bravas aposentadas dos núcleos de Santa Maria, Porto Alegre, Pelotas, Santiago, Santa Cruz do Sul e Ijuí que se uniram na luta incansável pela defesa do IPE Saúde e por valorização salarial. Nem mesmo a chuva, nem o vento, nem o frio conseguiram intimidá-las.
O CPERS e a Frente dos Servidores(as) Públicos estão unidos em uma batalha para impedir a aprovação do projeto de reestruturação do Instituto (PLC 259), apresentado por Eduardo Leite (PSDB). Na terça-feira (20), na Assembleia Legislativa, deputados(as) decidirão o destino dessa proposta cruel.
Com descontos significativamente mais altos, o PLC 259 representa uma séria ameaça ao bolso das famílias que mais precisam do IPE Saúde, sobretudo aposentados(as).
O governador Eduardo Leite (PSDB) deixou quase 10 mil aposentados(as), bem como com muitos outros servidores(as) por nove anos sem nenhum centavo de aumento. Essa política de salários congelados está corroendo o poder de compra destes trabalhadores(as), que estão na miséria.
“Minha presença na vigília é motivada pela preocupação com o coletivo, mesmo não tendo dependentes. A nova tabela proposta por Leite afetará meu próprio bolso. É ele, como governador deste estado, quem deve arcar com as consequências e cumprir com suas responsabilidades. A situação caótica em que o IPE se encontra é resultado da falta de fiscalização por parte do próprio legislativo, que não cumpriu seu papel. Continuaremos exigindo justiça e lutando incansavelmente pelos nossos direitos e por um futuro mais digno para todos”, afirmou Tânia Schwab, professora aposentada de Ijuí (31º Núcleo).
A situação alarmante das contribuições elevadas ao IPE Saúde pode empurrar um número cada vez maior de servidores(as) em direção ao já sobrecarregado SUS. Essa realidade evidencia que a desestruturação do Instituto não afeta somente os beneficiários diretos, mas também a sociedade como um todo. Os problemas do sistema de saúde serão amplificados, causando um impacto negativo generalizado.
A professora aposentada de Santa Cruz do Sul (18º Núcleo), Cris klafke, explica que sua principal preocupação é com a desistência dos beneficiários do IPE Saúde, que serão forçados a recorrer ao SUS, agravando ainda mais a situação de colapso que os servidores(as) já enfrentam.
“É um cenário devastador, que colocará em risco a saúde e o bem-estar de milhares de pessoas. Precisamos agir agora para evitar essa catástrofe iminente”, afirmou.
A Vigília segue nos dias 16 e 19 de junho e no dia 20, data em que a reforma do IPE Saúde (PLC 259) pode ser votada pelos deputados(as), faremos uma Paralisação Estadual com todos os servidores(as) da ativa e aposentados(as).
É urgente agir e reverter essa situação para garantir o acesso digno e de qualidade ao IPE Saúde para todos(as) e lutar por uma remuneração justa. Contate o seu núcleo e mobilize-se!
Saiba por que é preciso defender valorização salarial para todos(as) e o IPE Saúde
1) Nada menos que um milhão de gaúchos, o equivalente a 10% da população, estão à beira do desamparo, privados do acesso à assistência médica e hospitalar fornecida pelo IPE Saúde. Os novos custos tornarão essa situação insustentável.
2) A crescente dificuldade de lidar com as contribuições elevadas ao IPE Saúde poderá levar um número expressivo de servidores a migrarem para o já sobrecarregado SUS. Isso comprova que a desestruturação do Instituto afeta negativamente toda a sociedade, amplificando os problemas no sistema de saúde.
3) De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), diversas categorias, inclusive a educação, sofrem com perdas salariais alarmantes de 57,33%.
4) Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) revelam que Eduardo Leite (PSDB) excluiu cruelmente 25 mil funcionários de escola do reajuste, enquanto recebem um salário base de apenas R$ 657,97. Esses educadores precisam urgentemente de um complemento para alcançar o valor do salário mínimo regional, e eles representam a esmagadora maioria, ou seja, 90% dos servidores públicos nessa condição.
5) O governador deixou quase 10 mil aposentados sem a paridade e outros servidores sem qualquer aumento sequer. É revoltante constatar que há recursos disponíveis, visto que o superávit orçamentário, as isenções fiscais bilionárias e os reajustes astronômicos dos salários mais altos são prova clara de que é possível e viável agir, desde que haja vontade política.
6) Segundo a Contadoria e Auditoria-Geral do Estado do Rio Grande do Sul (Cage), o governo acumula uma dívida astronômica de R$ 356,6 milhões em precatórios e RPV retidos pelo IPE Saúde. Fica evidente que a crise atual foi intencionalmente criada pelas gestões anteriores.
7) É importante lembrar que a proposta de reforma de Eduardo Leite (PSDB) revela sua verdadeira intenção: abrir as portas para a gradual privatização do IPE Saúde, prejudicando a qualidade e o acesso aos serviços do Instituto para os educadores e demais servidores.