Mostra Pedagógica: um grito em defesa da escola pública no coração de Porto Alegre (por Helenir Aguiar Schürer)


por Helenir Aguiar Schürer

Nos dias 28 e 29 de novembro, a qualidade da escola pública gaúcha estará em destaque na Praça da Alfândega, na 3ª Mostra Pedagógica do CPERS/Sindicato. São 121 trabalhos elaborados por estudantes e educadores(as) de todo o estado – selecionados entre centenas de projetos – expostos para visitação.

Desde a primeira edição, em 2015, abraçamos o desafio de valorizar o empenho dos(as) alunos e trabalhadores(as) em educação da rede estadual. A proposta, que lança luz sobre o conhecimento gerado no espaço escolar, busca reduzir a distância entre a riqueza do ambiente de ensino e a fragilidade da percepção social sobre o que é produzido no chão da escola.

Por força dos acontecimentos recentes da política nacional, a 3ª edição do evento, para além de reafirmar o compromisso original do CPERS, reveste-se de novos e potentes significados. Vivemos um período especialmente intenso – e conturbado – de ataques à escola pública e aos(às) educadores(as).

Com efeito, parte significativa da sociedade parece enxergar no(a) professor(a) a figura de um inimigo a ser combatido, fenômeno alimentado por campanhas difamatórias e de mal disfarçado viés autoritário. Como o projeto Escola Sem Partido, que intimida e silencia professores(as) com acusações fantasiosas de “doutrinação”, sem qualquer embasamento legal ou paralelos no mundo democrático.

O desrespeito passa também pelo posicionamento de setores da imprensa, que não valorizam o muito que há de belo e inovador na materialização diária dos projetos político-pedagógicos das nossas instituições de ensino. Ao tomar conhecimento da escola pública somente quando o pior ocorre, conduzem a opinião pública a enxergar a sala de aula como um ambiente hostil, e seus profissionais, como parte do problema.

Mas, quando analisamos os projetos em exposição – que extrapolam os currículos básicos e mergulham na interdisciplinaridade – constatamos que a realidade não poderia estar mais distante dos moinhos de vento que dominam o debate público. Apesar dos salários atrasados, da desvalorização dos(as) trabalhadores(as) e da precariedade estrutural, a escola pública ainda é um espaço de excelência, onde a criatividade e a pluralidade germinam uma vasta produção prática e teórica sobre os mais variados temas científicos, culturais, sociais e pedagógicos.

É esta riqueza que precisamos defender, mostrar e valorizar, pois a qualidade do trabalho realizado na rede estadual fortalece a resistência. Quando a sociedade conhecer o que produzimos, temos certeza que o grito mais alto será o da defesa da escola pública.

Helenir Aguiar Schürer é professora do Estado há mais de 30 anos e atual presidente do CPERS Sindicato

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