O Coletivo Estadual de Igualdade Racial e Combate ao Racismo do CPERS manifesta seu mais profundo repúdio à trágica morte de um ambulante senegalês, ocorrida nesta sexta-feira (11), em plena luz do dia, no bairro do Brás, em São Paulo, durante uma abordagem violenta da Polícia Militar.
A cena registrada em vídeo e amplamente divulgada pela imprensa escancara, mais uma vez, a face cruel do racismo estrutural e do despreparo das forças de segurança pública, que, ao invés de proteger, agem com truculência e letalidade contra pessoas negras e pobres. O vendedor, ao tentar defender sua mercadoria, foi brutalmente agredido com cassetetes e, em seguida, alvejado por um disparo à queima-roupa. Mesmo após baleado, tentou ainda correr, resistindo com o corpo o que o Estado já lhe havia negado: o direito à dignidade.
É inadmissível que trabalhadoras e trabalhadores, especialmente imigrantes e negras(os), sejam tratadas(os) como ameaças, tenham suas vidas ceifadas e ainda vejam seus corpos sendo tratados com desprezo. A atuação da PM, apoiando ações de repressão a ambulantes por parte da Prefeitura de São Paulo, resultou na morte do vendedor e na repressão à legítima manifestação das(os) colegas que protestaram contra o ocorrido, dispersadas(os) com bombas de gás.
Exigimos apuração rigorosa, responsabilização das(os) envolvidas(os), mudanças concretas nas práticas policiais, que continuam a reproduzir lógicas coloniais e autoritárias, e protocolos para abordagem policial, principalmente em relação à população negra. Não aceitaremos que mais uma morte seja naturalizada ou invisibilizada. Vidas negras importam!
Nos solidarizamos com a comunidade senegalesa, com as(os) trabalhadoras(es) ambulantes e com todas as vítimas da violência policial neste país. Seguiremos em luta, denunciando, mobilizando e exigindo justiça!
Basta de racismo, basta de violência, basta de impunidade!
Foto de capa: Arquivo pessoal obtido pelo G1