Em mais um dia histórico da greve da educação e do funcionalismo público, Pelotas foi tomada por cerca de 10 mil pessoas na tarde desta terça-feira (3).
Um mar de lutas desaguou no Mercado Público e tomou as ruas do Centro, culminando em um abraço coletivo do tamanho de um quarteirão.
A cidade, principal base eleitoral de Eduardo Leite, parou.
A Universidade Federal de Pelotas fechou as portas em solidariedade. Do casario histórico e das calçadas, múltiplas bandeiras eram saudadas com palmas e gritos de apoio.
Eram professores(as) e funcionários(as) de escola, estudantes secundaristas e universitários, servidores(as) de diversas categorias e famílias inteiras.
Lia, Lívia e Gustavo Vergara aguardaram a multidão em frente à escola que formou Lívia e, hoje, educa o pequeno. A EEEF Ondina Cunha está ameaçada de fechamento pelo governo Eduardo Leite.
“Isso aqui é o nosso passado, o nosso presente e o nosso futuro. Não é só por nós. É por mais de 100 famílias que vêm trabalhar no centro e confiam seus filhos pra escola”, conta Lívia.
A marcha abraçou a entidade, completando uma volta na quadra, e a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, entregou a bandeira dourada do Sindicato para a diretora da escola, Claudia Ferreira – um símbolo de resistência.
Durante o ato, manifestantes também receberam fitas amarelas, representando a defesa da educação. O CPERS realizará um chamado à sociedade para utilizar a cor em tecidos para marcar o apoio ao movimento.
Uma greve do tamanho do Rio Grande
Este é o 16º dia da greve da rede estadual de educação, que tomou o Rio Grande do Sul de surpresa e tem conquistado as mentes e corações dos gaúchos.
Um movimento marcado por crescentes demonstrações de força e resiliência, com elementos de ineditismo.
Amplo apoio social e institucional, atos de rua massivos e enraizados em todo o estado, e a adesão de mais de 1.500 escolas e 80% da categoria são as marcas da maior greve das últimas décadas.
“Nós estamos fazendo história. Eduardo Leite subestimou a nossa força, mas somos do tamanho do Rio Grande. Somos dezenas de milhares e representamos milhões de gaúchos. Somos o presente e também o futuro do estado. Tenho certeza de que esta greve será vitoriosa”, afirmou a presidente Helenir.
Diversas outras categorias tomaram as ruas para o ato estadual, convocado pela Frente de Servidores públicos (FSP/RS). Além do CPERS, estão em greve desde o dia 26 os trabalhadores(as) representados pelo Sintergs, Sindsepe, Afagro, Assagra, Agefa, Sindicaixa, Seasop e Apog.
São setores estratégicos, que fecham o cerco sobre o governador e atuam como uma fortaleza contra os ataques aos serviços públicos.
“Sindicato que não estiver em greve vai ficar no lado negro da história. Estamos com 100% dos frigoríficos parados e redução de 30% do abastecimento. Vai faltar o galeto, a carne e o leite até o governador retirar o pacote”, explicou Antônio Medeiros, presidente da Afagro, entidade que representa os fiscais agropecuários.
A luta continua até a retirada do pacote desumano de Eduardo Leite e o cumprimento da sua principal promessa de campanha: pagar em dia.
Na próxima terça-feira (10), as categorias realizam uma Assembleia Unificada na Praça da Matriz, com início marcado para as 9h30.