Às portas do Palácio Piratini, representantes do CPERS, comunidade escolar e centrais sindicais realizaram um ato simbólico contra a proposta do governo Eduardo Leite (PSDB) de retorno às aulas presenciais em um dos momentos mais críticos da pandemia.
Com cartazes, faixas e cruzes, educadores(as), mães, pais, estudantes e centrais sindicais gritaram em alto e bom tom: Escolas Fechadas, Vidas Preservadas!
A ação, que ocorreu na manhã desta quarta-feira (19), também contou com atos em frente às prefeituras e Coordenadorias Regionais de Educação (CREs) de diversas regiões do estado.
O Executivo propõe a reabertura das escolas a partir de 31 de agosto, iniciando pela educação infantil. Mas a decisão contraria, inclusive, o resultado da consulta realizada pelo governo com secretarias, conselhos municipais e entidades empresariais.
“Estamos aqui para afirmar a nossa posição: não aceitamos o retorno às aulas agora pois não seremos cobaias para o governo ver o que acontece com a curva caso as escolas sejam abertas. Professores, alunos e funcionários não são cobaias. O governo sabe bem, mas finge desconhecer, os riscos que essa decisão implica. Nesse momento, manter as escolas fechadas é preservar vidas”, afirmou a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer.
Para o vice-presidente da Associação Mães e Pais pela Democracia (AMPD), Marcelo Prado, não há a menor condição de retomada das atividades presenciais enquanto a pandemia não estiver controlada.
“Nossos filhos não voltam enquanto não houver segurança pela vida deles. Nossa opinião está expressada em uma pesquisa que fizemos em conjunto com vários sindicatos. A maioria dos pais não querem a volta às aulas sem segurança sanitária e sem condições de garantia de vida para os nossos filhos”, afirma.
Vitória Cabreira, da União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas (Umespa), sintetizou o sentimento dos estudantes diante da possibilidade de retorno às escolas.
“Não tem como voltar às aulas presenciais neste momento. É muito arriscado. Não queremos ser infectados pelo vírus e muito menos transmitir para os nossos pais. É um absurdo o governo não ter consultado o Conselho Estadual de Educação e nem nos escutado.”
Edson Garcia, 2º vice-presidente do Sindicato, lembrou da falta de estrutura das escolas públicas para cumprir com os protocolos de segurança.
“Não temos condições estruturais de manter a integridade física e a saúde dos nossos estudantes e suas famílias. É uma grande irresponsabilidade querer retomar o ensino presencial em um momento em que a curva está ascendente”, observou.
O ato na Capital contou com a participação de representantes do CPERS, da Associação de Mães e Pais pela Democracia (AMPD), da Associação de Orientadores Educacionais do RS (Aoergs) e da União Gaúcha dos Estudantes Secundaristas (UGES), além da CUT e da CGTB.
Pesquisas respaldam contrariedade da comunidade escolar à volta às aulas presenciais
A falta de estrutura apontada por Garcia tem respaldo nos resultados da consulta Educação e Pandemia no RS, feita pelo CPERS, e que ainda está em andamento.
A análise preliminar já aponta que mais 90% das escolas não têm estrutura adequada para um retorno seguro. A pesquisa também demonstra que a maioria – 86% – dos pais não mandará os filhos para as escolas antes da vacina.
Veja aqui os resultados preliminares da consulta
A contrariedade ao retorno das aulas presenciais também foi constatada na pesquisa produzida pelo Comitê Popular Estadual de Acompanhamento da Crise Educacional no RS, o qual o CPERS integra, e pela Associação Mães & Pais Pela Democracia.
▶ Acesse a apresentação dos dados aqui
Pesquisa da Famurs também mostra ampla contrariedade à proposta do governo. Respondida por 367 dos 497 prefeitos, a consulta indica que 93,75% rejeitam o calendário apresentado por Leite.
Entre os que reprovaram a proposta, 38,6% afirmaram que as aulas devem ser retomadas a partir da vacina, 35,1% defendem que o retorno deve se dar com a diminuição dos casos e 24,7% defendem que a volta ocorra apenas em 2021.
Para 93,43%, o maior problema é o risco para alunos(as) e servidores(as). O transporte também foi apontado por 54,5% como um empecilho.
Pelo interior do estado, o protesto também contou com educadores e representantes da comunidade escolar, que realizaram manifestações em frente às prefeituras.
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