Improvisação com banheiros químicos e sobrecarga de trabalho: Caravana do CPERS desmente conto de fadas do governo Leite


Com o intuito de mobilizar trabalhadoras(es) para a Assembleia Geral, que ocorrerá no dia 11 de abril, em Porto Alegre, de expor a situação da educação pública gaúcha nos veículos de imprensa e de ouvir comunidades escolares de todo estado, a #CaravanadoCPERS2025 seguiu viagem nesta quinta-feira (20)!

A Direção Central do Sindicato visitou 22 escolas das cidades de Rio Grande (6º Núcleo), São Gabriel (41º Núcleo) e Santiago (29º Núcleo) durante a manhã, a tarde e a noite, constatando um cenário radicalmente contrário do que Eduardo Leite (PSDB) publica nas redes sociais: instituições de ensino fragilizadas, estudantes privadas(os) do direito de estudar e profissionais da educação adoecidas(os). 

“A nossa Caravana tem como objetivo visitar as escolas, perceber de perto como estão suas estruturas físicas e suas necessidades nesse início de ano letivo. Falta rede elétrica de qualidade, falta professor, falta funcionário. Estamos vendo uma realidade muito difícil e seguiremos denunciando!”, sublinhou a secretária-geral do CPERS, Suzana Lauermann.

> Confira as situações vexatórias encontradas em cada um dos três núcleos: 

Em Rio Grande, educadoras(es) precisaram adquirir banheiros químicos

Na região sul do estado, Suzana e as(os) diretoras(es) do CPERS, Juçara Borges, Vera Lessês, Leonardo Preto e Andréa da Rosa estiveram nas escolas de Ensino Fundamental Barão de Cêrro Largo e Marechal Emílio Luiz Mallet, nas escolas de Ensino Médio Adelaide Alvim, Prof. Carlos Loréa Pinto e Dr. José Mariano de Freitas Beck, além de dialogarem com educadoras(es) da ETE Getúlio Vargas e do IEE Juvenal Miller. 

Entre as instituições visitadas, a Adelaide Alvim, a Loréa Pinto, a Getúlio Vargas,  a Emílio Mallet e a Dr. Mariano Beck (CIEP) estão na lista de Parcerias Público-Privadas (PPPs) da Secretaria Estadual de Educação para serem vendidas à iniciativa privada. O Sindicato, por sua vez, tem instrumentalizado as(os) servidoras(es) para fazerem o enfrentamento necessário contra mais uma estratégia de sabotar o ensino público. “A comunidade escolar compreendeu que inicialmente a entrega é dos serviços de alimentação e manutenção, mas futuramente a própria empresa fará intervenções pedagógicas. Os educadores estão conscientizados”, declarou Juçara. 

A diretora Andréa também informou a categoria sobre os riscos do projeto que, por enquanto, está suspenso pelo Tribunal de Contas do Estado. “Se tivermos que cumprir mais metas do que já temos, se tivermos ainda mais pressão dentro de uma escola de PPP, vai influenciar, sim, no pedagógico. Diretamente seremos afetados”, alertou.  

A intervenção de interesses mercadológicos, no entanto, não é o único problema da educação gaúcha. Na EEEM Dr. José Mariano de Freitas Beck, cerca de 480 estudantes ainda não iniciaram o ano letivo em razão da falta de água. A defasagem do encanamento e um problema na caixa d’água provocaram a interrupção do abastecimento ainda em fevereiro, mesmo assim, professoras(es) e funcionárias(os) de escola continuam trabalhando. Sem as condições básicas para cumprir suas atividades com dignidade, um colega chegou a conseguir dois banheiros químicos, que foram instalados na frente da instituição.

Além de encontrarem escolas esquecidas pelo governador, as(os) dirigentes estaduais e regionais do Sindicato descortinaram a triste conjuntura do ensino no Rio Grande do Sul nas rádios FURG FM e Cultura Riograndina e no Programa Café com Z, do jornal O Litorâneo.   

No fim do dia, aposentadas tricoteiras do 6º Núcleo confeccionaram roupas para serem doadas enquanto prestavam atenção nas orientações sobre Desconto Previdenciário, Piso Nacional e IPE Saúde dadas pela diretora Juçara. Além de fazerem a luta por dignidade e valorização, as educadoras ainda se mobilizam socialmente, ajudando quem mais precisa com as peças elaboradas à mão.

A diretora-geral do Núcleo, Denise Teixeira, e a diretora do Coletivo Regional de Igualdade Racial, Eliane Duarte Cunha, também participaram das atividades na cidade. 

Trabalhadoras(es) de Santiago chegam a cumprir 60 horas semanais 

Outro grupo de diretoras(es), composto por Celso Dalberto, Leandro Parise e Sandra Silveira, viajaram pelo 29º Núcleo e conversaram com trabalhadoras(es) dos colégios estaduais Monsenhor Assis e Apolinário Porto Alegre, das escolas João Eduardo Witt Schmitz, Lucas Araújo de Oliveira, Alceu Carvalho e São Vicente e do Instituto Estadual de Educação Professora Guilhermina Javorski. Nas rádios da região, o CPERS explicou aos ouvintes o papel da Caravana, desnudou as mentiras de Leite (PSDB) e denunciou o cotidiano desafiador de professoras(es), funcionárias(os) e especialistas.

Em Jaguari, o muro do IEE Professora Guilhermina Javorski está ameaçando tombar e a escola possui somente quatro servidoras(es) para cuidar de 360 alunas(os). Além disso, o excesso de afazeres tem sido exorbitante, com educadoras(es) trabalhando de 50 a 60 horas semanais.

“Essa escola linda e maravilhosa que o governo do estado pinta na imprensa é uma falácia, é uma mentira. Se hoje essa escola aqui, por exemplo, está funcionando com ar-condicionado bem instalado, foi porque houve mobilização da comunidade e dos pais”, destacou Sandra Silveira. No Guilhermina Javorski, todos os aparelhos de climatização foram financiados, bem como a pintura da escola, através da venda de pastéis e rifas.

A diretora-geral do 29º Núcleo, Vera Teixeira, a tesoureira, Eva Pereira, o diretor, Dolair Denardi, a diretora, Maristela Lunardi e a representante 1/1000, Nara Madruga, acompanharam o roteiro. 

No município de São Gabriel, mais uma escola do campo abandonada 

Em São Gabriel (41º), a diretora Sandra Régio ouviu relatos preocupantes no Instituto Estadual de Educação Menna Barreto. Por lá, assim como em outras escolas, educadoras(es) têm sido sobrecarregadas com o preenchimento de planilhas e tarefas administrativas que descaracterizam sua formação. Fora as demandas intermináveis, a rede elétrica do prédio é antiga e não suporta o funcionamento do ar-condicionado, prejudicando inclusive o preparo das refeições realizado pelas(os) merendeiras(os). 

O local mais crítico do município visitado pelo diretor Amauri da Rosa foi a EEEF Antônio José de Assis Brasil, que está com cozinha, refeitório e biblioteca interditados. As(os) 62 estudantes lancham bolachas, biscoitos e sucos, pois não há infraestrutura para elaborar alimentos nutricionalmente qualificados.

“Metade da escola está sem funcionar e, segundo o diretor, a reforma só será iniciada daqui a dois meses”, conta o dirigente. A Antônio de Assis Brasil é mais uma escola do campo que vem sendo persistentemente sucateada pelo governo Leite (PSDB), evidenciando o desprezo da atual administração pelas comunidades rurais e pelas(os) agricultoras(es). 

A delegação que percorreu o 41º Núcleo, integrada ainda pela diretora Sandra Santos, foi entrevistada pela Rádio Tchê e também visitou a EEEM Dr. Fernando Abbott, EEEB Dr. Celestino Lopes Cavalheiro, EEEF Professora Sueni Goulart Santos, EEEM Dr. José Sampaio Marques Luz, EEEM João Pedro Nunes e EEEM XV de Novembro. Por fim, a Direção Central do Sindicato participou de uma plenária com a categoria, no IEE Menna Barreto, para discutir sobre valorização salarial e engajar as(os) trabalhadoras(es) na luta sindical. 

Seis representantes do 41º Núcleo participaram do roteiro: o diretor-geral, Jorge Silva (diretor-geral), o vice-diretor, Pedro Moacir Moreira, o secretário, Wagner Rodrigues, as Representantes das(os) Aposentadas(os), Berenice Ávila Pires e Ana Maria Teixeira Rodrigues, a membra da direção, Maria Elizabete dos Santos e a professora Juliana Silveira. 

> Veja a lista das escolas visitadas nesta quinta-feira (20):

>> São Gabriel (41º Núcleo): 

EEEF. Antônio José de Assis Brasil
EEEM Dr. Fernando Abbott
EEEM Dr. José Sampaio Marques Luz
EEEM João Pedro Nunes
EEEM XV de Novembro
IEE Menna Barreto
EEEB Dr. Celestino Lopes Cavalheiro
EEEF Professora Sueni Goulart Santos 

>> Santiago (29° Núcleo): 

CE Monsenhor Assis
CE Apolinário Porto Alegre
EEEF João Eduardo Witt Schmitz
EEEF Lucas Araújo de Oliveira
EEEF Alceu Carvalho
IEE Professora Guilhermina Javorski
EEEM São Vicente

>> Rio Grande (6º Núcleo): 

IE Juvenal Miller
EEEF Barão de Cêrro Largo
EEEM Adelaide Alvin
EEEM Prof. Carlos Loréa Pinto
EEEF Marechal Emílio Luiz Mallet
EEEM Dr. José Mariano de Freitas Beck
ETE Getúlio Vargas

> Confira mais fotos das visitas:  

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