Governo atropela comunidade escolar e fecha escola de excelência em Palmeira das Missões


Mesmo após meses de luta e muita mobilização por parte da comunidade da EEEF Dr. Paulo Westphalen, de Palmeira das Missões, o governo Eduardo Leite (PSDB) proibiu a inscrição de novos alunos na instituição para o ano letivo de 2021 e fechou a escola para ceder o prédio.

Os 93 alunos que lá estudavam, e outros tantos que estavam na fila e aguardavam uma vaga, foram redirecionados para diversas escolas da região. A maioria agora enfrentará problemas de transporte para chegar ao local de estudo. 

A maneira de operar do governo Leite se repete: sem diálogo, ignorando os apelos da comunidade escolar, parlamentares e especialistas, e desconsiderando o impacto do fechamento da escola na realidade local.

A escola Dr. Paulo Westphalen é para o bairro 6 de Maio a única referência, onde, em tempos de normalidade sanitária, as crianças tinham no finais de semana um local para realizar diversas atividades com o programa Escola Aberta. 

A diretora da escola, Nara Ferronatto, lamenta a decisão e ressalta que nem a equipe diretiva e nem a comunidade local queriam o fechamento da Paulo Westphalen.

“Fomos chamados quanto direção e conselho escolar para tomar ciência do fato pelo coordenador, não houve qualquer discussão com a comunidade, simplesmente fomos informados de que a escola fecharia e que não poderíamos fazer as matrículas para o ano de 2021. Provavelmente neste ano passaríamos dos 100 alunos, temos um quadro de professores qualificados, os pais não queriam o fechamento da escola, além de elogiarem a qualidade de ensino e o atendimento aos seus filhos na nossa escola”, afirma a diretora.

Antes mesmo do encerramento do ano letivo de 2020, migraram do ISE (sistema onde constam os alunos matriculados) para outra escola, sem autorização dos pais. Estes nem sequer foram notificados que seus filhos seriam forçados a trocar de escola.

O diretor do 40° Núcleo do CPERS, Joel Oliveira, ressalta que diversas outras instituições de ensino estaduais enfrentam situações semelhantes, consequência do desmonte da educação pública no estado. 

“Este momento que estamos passando aqui não é um fato isolado, é o que está acontecendo no Estado e no Brasil, o desmonte da escola pública. A gente viu o desmonte das universidades pelo Governo Federal e aqui no Rio Grande do Sul o governo Eduardo Leite e seus aliados, grande maioria na assembleia, estão no desmonte da escola pública, tratando a educação pública e educadores como se fossem um prejuízo para o Estado e não um bem patrimonial”. 

Dados do Censo Escolar 2020, analisados pelo Dieese, comprovam esta realidade. Em apenas 9 meses, o governo Eduardo Leite (PSDB) fechou 61 escolas da rede estadual. 

Mobilização forte esbarra em governo insensível

No dia 13 de janeiro de 2021 a comunidade escolar da Dr. Paulo Westphalen se reuniu no pátio da escola e votou por unanimidade pela permanência da instituição no bairro.

Mesmo com a forte mobilização e as denúncias feitas pelo CPERS à Comissão de Educação e ao Conselho Estadual de Educação, a situação não foi revertida. 

Os professores estão sendo remanejados para outras escolas e as famílias terão que ver seus filhos deslocando-se para outras regiões, central ou outro bairro.

“Estamos muito entristecidos, temos muitos pais que vem aqui e que não aceitam e que dizem que os filhos não querem estudar em outra escola, mas nos sentimos impotentes diante de um governo que não dialoga e simplesmente impõe as suas decisões”, lamenta a diretora Nara.

Na última semana a direção da escola foi informada que o patrimônio da Paulo Westphalen será cedido para o Neeja da cidade, como forma de corte de gastos, visto que o prédio atualmente utilizado para as atividades do núcleo de educação de jovens e adultos é alugado.

O CPERS ressalta que escolas fechadas significam salas de aula lotadas e educadores(as) ainda mais sobrecarregados. A política de enxugamento do governo é clara: precarizar para abrir mercado ao ensino privado, priorizando interesses do empresariado e não da comunidade.

Quem fecha escolas abre prisões.

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