Demandas impossíveis da Secretaria de Educação (Seduc) e das Coordenadorias Regionais de Educação (CREs), cursos e mais cursos de formação, além da imposição do novo Ensino Médio e do programa Avaliar é Tri dobraram a sobrecarga de trabalho de quem está no chão da escola.
Esse é o retrato da gestão de Eduardo Leite/ Ranolfo Vieira Júnior (PSDB), que abandona a educação e não dá o mínimo de suporte aos educadores(as).
“Eu me sinto abandonado, como professor e vice-diretor, pela sobrecarga de trabalho, que me deixa muito angustiado. Isso, com certeza, aflige a nossa saúde mental”, desabafa o vice-diretor e professor de Matemática da EEEM Ponche Verde, de Gravataí, João Carlos dos Santos Flor.
Se desdobrando entre a rotina de professor e vice-diretor, João relata que é comum ter inúmeros trabalhos nos finais de semana.
“Trabalho no final de semana, arrumando horários, resolvendo alguma coisa ou indo na escola no sábado, para abrir a escola, para tocar em obras; nós estamos sempre fazendo uma arrumação aqui e ali”, explica.
Quando se pensa na carga horária de um professor, é um equívoco lembrar apenas nas horas letivas.
“Tem educador de 40h com 32 períodos. Esse professor não tem condições físicas, nem de tempo pra conseguir corrigir todos os seus trabalhos durante a semana, o que acaba obrigatoriamente comprometendo os finais de semana”, exemplifica João.
Sobrecarga piorou a partir da pandemia
O vice-diretor e professor João relata ainda que a sobrecarga de trabalho se aprofundou a partir da pandemia, em 2020, com as aulas online, atendendo demandas por WhatsApp e depois com a adaptação à plataforma educacional Google Classroom, imposta sem discussão prévia com as comunidades escolares.
À época, muitos professores(as) tiveram que se virar a duras penas, sem equipamentos adequados e com salários defasados, acumularam dívidas infindáveis para garantir ensino de qualidade aos alunos(as).
Além disso, gestores(as) foram obrigados a fazer o curso de trilha online sobre educação empreendedora, promovido pelo Sebrae em parceria com a Seduc.
Agora, para piorar, educadores(as) foram obrigados a se adaptar ao novo Ensino Médio, implementado nas instituições de ensino em 2022, e ao programa Avaliar é Tri, que também neste ano passou a ser bimestral.
O primeiro foi imposto aos atropelos nas escolas estaduais, com uma formação deficitária pela Seduc aos professores(as), que acabam sendo obrigados a pagar cursos por fora com o dinheiro do próprio bolso para não comprometer o ensino-aprendizagem dos alunos(as).
Já o segundo, além dos gastos absurdos do governo com o dinheiro da educação, causa inúmeros transtornos à organização da rotina escolar.
“Nos impuseram até a tarefa de passar para o computador as grades do Avaliar é Tri. São 50 questões por grade, de 740 alunos da escola”, explicita.
O CPERS segue firme na luta pela educação e pelos educadores(as). É urgente que a gestão de Ranolfo Vieira Júnior (PSDB) e da secretária Raquel Teixeira cesse as tentativas de reinventar a roda, ouça a comunidade escolar e cuide do que é essencial neste período; fornecer condições adequadas de trabalho, segurança sanitária para o ambiente escolar e salário digno para todos os educadores(as).