No Dia do Professor, educadores foram às ruas exigir o mínimo: respeito, dignidade e valorização profissional.
Nem a chuva e o tempo ruim impediram que centenas de professores e funcionários de escola, de várias regiões do estado, viessem à capital para manifestarem seu repúdio aos ataques de Eduardo Leite e Bolsonaro e exigir a justa reposição salarial de 47,82%.
A manifestação iniciou com a defesa de um IPE público e solidário. Em frente ao prédio da autarquia, a categoria denunciou o fechamento de várias agências do Instituto, principalmente no interior do estado, bem como o descredenciamento de médicos. “É essencial continuarmos a luta pela manutenção dos atendimentos no IPE. Precisamos de um IPE forte, com condições de atender com qualidade a todos os servidores”, frisou a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer.
Do local, os educadores seguiram em caminhada até o Palácio Piratini. Abrindo a marcha, um cortejo fúnebre representando a política de morte que o governador Eduardo Leite implementa na educação pública.
Há sete anos, a categoria não recebe nenhum centavo de reposição. O salário já não acompanha a realidade, que é de sucessivos aumentos da cesta básica, do gás, da energia elétrica. O que leva muitos a viver uma situação de miséria.
“A gente vê os preços subindo, faz cálculos e mais cálculos e aí tem que diminuir o que compra porque se não, não tem como sobreviver. Tive que cancelar muitas coisas. Por isso, hoje temos que estar na rua manifestando nossa indignação”, relatou a professora aposentada Gladis Leão, que veio de Uruguaiana para o ato.
“Nessa caminhada, temos simbolicamente um caixão para mostrar que é nele que o governador quer colocar a educação. Não vamos permitir. Eduardo Leite precisa valorizar na prática os educadores e a escola pública. Dinheiro tem! Basta priorizar o que importa. Caso contrário, entrará para a história como a pior gestão para a educação pública da história do Rio Grande do Sul”, frisou Helenir.
O vice-presidente do sindicato destacou a importância de, no Dia do Professor, alertar sobre a falta de valorização dos trabalhadores em educação. “Hoje é o dia de mostrarmos ainda mais para o governo que queremos respeito. O CPERS mostra que não abdica de suas lutas históricas em defesa dos professores e funcionários de escola.”
“Infelizmente não temos nada a comemorar, a não ser o amor pela escola pública. A educação e os educadores merecem respeito, salário digno e ações que os valorizem”, pontuou o segundo vice-presidente do CPERS, Edson Garcia.
Suzana Lauermann, secretária-geral da entidade, enfatizou que o ato teve o intuito de alertar a população sobre o que o governo quer fazer com a educação pública. “Com as políticas de estado mínimo, está matando os professores, os funcionários de escola e os educadores aposentados. Seguiremos firmes na luta.”
“Eduardo Leite é insensível, não respeita os educadores e muito menos os valoriza. Quer decretar a morte da educação pública”, destacou a diretora Carla Cassais.
Para a diretora Vera Lessês, o dia é de reflexão e de luta. “Na verdade, a educação está em luto há sete anos, que é o tempo de congelamento dos nossos salários e a falta de responsabilidade do governo com a nossa categoria.”
Para o diretor Cássio Ritter, não há outro caminho para mudar a educação a não ser o de valorizar professores e funcionários de escola. “Precisamos urgentemente recuperar nossos salários, que está mais de 50% defasado. Muitos de nós estão na miséria, vivendo de doações. Isso é inadmissível.”
Luta e esperança
Em frente ao Piratini, os educadores encenaram o pacote de maldades de Eduardo Leite pesando nos ombros dos educadores, que eram ameaçados pelo mensageiro da morte. Ao final do ato, para simbolizar a vitória dos professores, funcionários e da educação, o pacote se abre e balões coloridos voaram.
“Somos movidos pela esperança e seguiremos sempre defendendo a educação pública. Viva a educação!”, comemorou Helenir.
“Não adianta o governador vir com um plano megalomaníaco de melhoria das escolas para fazer campanha. A melhor campanha que ele poderia fazer é não pagar um salário vergonhoso a quem faz a educação acontecer”, acrescentou.
Apoio e solidariedade
No local, diversas entidades e parlamentares expuseram o apoio a justa luta dos educadores.
Claudir Nespolo, da CUT ressaltou que os governo só valorizam a educação em época de campanha eleitoral. “Depois começam os ataques. Estamos na luta para que o povo compreenda que o voto tem consequência, muitas já estamos sentindo na pele.”
Solange Carvalho, representante da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB, destacou que Leite segue a mesma política de Bolsonaro. “Temos aqui, o Bolsonaro repaginado. Eduardo leite é o representante do projeto do governo federal.”
Sergio Arnould, presidente da Fessergs destacou a importância dos trabalhadores em educação. “O ensino público é responsável por 90% da educação da população brasileira. É urgente que os educadores sejam valorizados.”
“Muito obrigada a cada um e cada uma por não deixar de acreditar na educação pública e estar aqui hoje. Leite está fazendo parceria com o Instituto Airton Sena, privilegiando a iniciativa privada na educação”, denunciou Neiva Lazzarotto, da Intersindical.
As deputadas Sofia Cavedon (PT) e Luciana Genro (Psol) também manifestaram solidariedade à luta da categoria.
“Esse estado mínimo e conservador não prioriza a educação. Eduardo Leite é o projeto do Bolsonaro no Rio Grande do Sul. Governador confisca o salário dos aposentados, desrespeita a nossa autonomia pedagógica, a nossa dignidade”, enfatizou Sofia.
“Eduardo Leite mente, dinheiro tem. A maior prova disso são os recursos que ele anunciou para a melhoria das escolas. Mas esqueceu do salário de miséria dos educadores”, afirmou Luciana.
Estudantes também participaram do ato para demonstrar que estão ao lado dos educadores.
“Hoje vim prestar minha solidariedade aos professores e funcionários e dizer que nos somamos nessa luta. Quero parabenizar a todos educadores, que são verdadeiros guerreiros. E dizer que nos somamos a luta e não sairemos das ruas até que haja respeito e valorização”, disse Mateus Vicente, estudante da escola Emilio Massot.
Orgulho, respeito e união
Ao finalizar a atividade, a presidente do CPERS, emocionada, expôs seu orgulho em representar, através do sindicato, a todos os trabalhadores em educação. “Não poderia deixar de dizer do meu orgulho de representar pessoas como vocês que não fogem da luta. Que vieram hoje, abaixo de chuva, fortalecer a luta pelo reconhecimento da nossa profissão.”
Helenir também frisou a importância dos funcionários de escola. “Temos que sempre reafirmar aqueles colegas que estão junto conosco no dia a dia, que são os funcionários de escola. Nós temos que dar a mão um para o outro.”
E, por fim, deixou uma mensagem para a categoria. “Educar é amor, educar é construir e isso a gente faz, mesmo diante de todos os ataques. Nós vamos sair dessa praça hoje dizendo: nós acreditamos na educação, lutaremos por ela, por respeito e valorização. Eduardo Leite não chegará à presidência, pois vamos denunciá-lo em todo o Brasil”, afirmou.