Dossiê evidencia violência contra as mulheres e cobra do governo políticas públicas de prevenção


Na tarde desta segunda-feira (9), as representantes do Departamento de Gênero e Diversidade do CPERS, diretora Carla Cassais e secretária-geral Suzana Lauermann, participaram do lançamento do dossiê Os Feminicídios no Rio Grande do Sul, elaborado pelo Levante Feminista contra o Feminicídio no RS e apresentado em audiência pública, na Assembleia Legislativa.

O documento denuncia o aumento das mortes, a quase ausência de investimentos na proteção das mulheres e as dificuldades para estruturação de políticas de prevenção.

O dossiê foi apresentado por um conjunto diversificado de mulheres que o elaboraram a partir dos dados do observatório Lupa Feminista Contra o Feminicídio, especializado no tema.

Conforme o levantamento, divulgado pelo Observatório da Violência contra a Mulher, da Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul (SSP/RS), de janeiro a março deste ano, o estado já registrou 27 feminicídios – 35% a mais que no mesmo período do ano passado, em que foram registradas 20 ocorrências.

Em 2021, ocorreram 97 feminicídios no estado, incluindo aqueles cometidos contra as mulheres trans. No ano anterior, em 2020, foram 80. Em todo o país, ainda no ano de 2021, foram cerca de 1.350 feminicídios – uma média de uma mulher morta a cada sete horas -, deixando cerca de 2.300 órfãos e órfãs, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

“Precisamos não só observar, mas confrontar as autoridades com a realidade. Mostrar os números reais do que está acontecendo para que, efetivamente, sejam construídas políticas públicas para as mulheres, especialmente políticas de proteção”, afirmou a diretora Carla Cassais.

A secretária-geral Suzana Lauermann lembrou que a categoria é formada majoritariamente por mulheres, o que faz com que o Sindicato acompanhe ainda mais de perto as questões apontadas no dossiê. “Este relatório mostra o quanto a violência de gênero afeta as mulheres. E nós, mulheres professoras, funcionárias de escola, somos vítimas dessa mesma violência, que afeta tanto a nossa sociedade.”

Uma das responsáveis pela elaboração do dossiê, a jornalista, escritora e ativista feminista, Niara de Oliveira, explica que o principal objetivo do documento é apontar as falhas e o desmonte da política de proteção e prevenção de violência contra a mulher. “O Estado finge que está investindo, mas, na verdade, está acabando com as políticas públicas. Isso está influenciando no número de mulheres assassinadas.”

“O encontro de hoje é importante para destacar para a sociedade e os governantes da importância de salvar as vítimas de feminicídio. Todos os dias, 15 mulheres são assassinadas no país. Quem puder salvar a vida de uma mulher, seja através de apoio, de orientação ou de acolhimento, que o faça”, destacou Eva Santos, participante dos movimentos feministas e antirracistas de Pelotas, assistente social e artista têxtil.

O encontro foi promovido pela Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, pela Procuradoria da Mulher, da Assembleia Legislativa, e pela Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados.

 

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