Do sucateamento à privatização: Caravana do CPERS denuncia o caos na educação pública sob o governo Leite


A caravana do CPERS segue sua marcha pelo estado, desnudando a dura e cruel realidade da educação pública no Rio Grande do Sul. Nesta quinta-feira (13), ao visitar escolas nas regiões que abrangem os núcleos de Guaíba (34º) e São Leopoldo (14º), ficou ainda mais evidente: o governo Eduardo Leite (PSDB) abandonou as(os) educadoras(es), empurrando professoras(es) e funcionárias(os) de escola para um abismo de condições de trabalho insustentáveis, enquanto a privatização avança e o poder de compra das(os) trabalhadoras(es) despenca.

A indignação só aumenta a cada escola visitada. A falta de infraestrutura, a sobrecarga de trabalho, a precarização da educação pública e o empobrecimento da categoria são ataques diretos à profissão e, mais do que isso, à dignidade das nossas educadoras e dos nossos educadores.

A realidade cruel nas escolas da região de São Leopoldo

A presidente do CPERS, Rosane Zan, o 2º vice-presidente do Sindicato, Edson Garcia, e as(os) diretoras(es) Juçara Borges, Amauri da Rosa, Guilherme Bourscheid,  Leandro Parise e Luiz Henrique Becker, acompanhadas(os) do diretor do 14º Núcleo, Cássio Ritter, percorreram escolas da região de São Leopoldo, e o que encontraram foi um retrato doloroso da realidade que nossa educação pública vive sob o governo de Eduardo Leite (PSDB).

Das 10 escolas visitadas, 7 estão entre as 99 que podem ser entregues à iniciativa privada por meio das Parcerias Público-Privadas (PPPs) – um ataque brutal ao direito fundamental de ter um ensino gratuito e de qualidade, algo que nunca deveria estar à mercê de interesses privados.

Na EEEF Visconde de São Leopoldo, localizada no município de São Leopoldo, a situação é indignante. As salas de aula, onde nossos filhos e filhas deveriam aprender, só têm ventiladores. Quando a rede elétrica não suporta o mínimo, os disjuntores desarmam, deixando alunas(os) e educadoras(es) expostas(os) ao calor insuportável. E o mais triste: não é possível sequer instalar ar-condicionados, pois a estrutura da escola está tão defasada que não aguenta o básico.

A revolta é ainda maior na EEEF Santo Afonso, em Novo Hamburgo. Desde a enchente do ano passado, a rede da quadra esportiva está rasgada, e o governo não tomou providências. A precariedade elétrica também atinge a escola: os disjuntores caem o tempo todo. E, para completar, a rede elétrica defasada impede até a instalação de ar-condicionado em algumas salas.

Além das péssimas condições de trabalho, as(os) educadoras(es) estão sendo desrespeitadas(os) por uma burocracia absurda exigida pela Secretaria de Educação (Seduc). 

Durante a visita, a presidente do CPERS, Rosane Zan, destacou a sobrecarga de trabalho imposta às(aos) educadoras(es) pelo preenchimento de intermináveis planilhas, uma das reclamações mais recorrentes da Caravana. “Precisamos dizer um basta a essa burocracia excessiva. Mas isso só será possível com a mobilização da categoria. Chega um momento em que ninguém aguenta mais. Não se trata de deixar de dar aula, mas de recusar essa sobrecarga improdutiva”, afirmou Rosane.

Ela também criticou a forma como o governo Eduardo Leite (PSDB) trata as(os) trabalhadoras(es) da educação em relação ao reajuste salarial. “Ele nos divide enquanto categoria, jogando uns contra os outros. Foi assim com os professores e agora se repete com os funcionários de escola. O governo finge conceder um reajuste, mas na prática, dá com uma e tira com a outra mão. Estamos pagando do próprio bolso o que deveria ser um direito”.

Guaíba: escolas sucateadas e indignação à flor da pele

As representantes da Direção Central, Vera Lessês, Andréa Nunes da Rosa, Sandra Silveira e Sandra Regio, percorreram por escolas de Guaíba, acompanhadas pelo diretor do 34º Núcleo, Arlei Silvio Ferreira, e vice-diretora Cristiana Santana da Silva Riehs, ouvindo, de perto, a realidade dura das(os) educadoras(es).

Na EEEM Professora Aglae Kehl, as(os) funcionárias(os) de escola não esconderam a indignação diante das condições de trabalho exaustivas e do desprezo do governador Eduardo Leite (PSDB) pelo Adicional de Penosidade. Enquanto isso, as(os) educadoras(es), que dedicam suas vidas à educação, seguem adoecendo, vítimas de um sistema que as(os) ignora.

A diretora Sandra Silveira fez um alerta: “A educação como um todo – professores, funcionários, da ativa e aposentados, todos nós – está sendo massacrada, explorada, triturada pelos últimos governos. Precisamos nos unir, nos fortalecer e seguir em frente, por nós e pelas futuras gerações.”

Na EEEM Dr. Ruy Coelho Gonçalves, a situação é ainda mais revoltante. A escola vive à mercê de falhas elétricas que prejudicam a infraestrutura. Um dos disjuntores, responsável por conectar alguns roteadores, não pode ser ligado, comprometendo o acesso à internet. O sistema elétrico é tão sobrecarregado que não se pode ligar os aparelhos de ar-condicionado simultaneamente, pois há quedas de energia. E, mesmo quando funcionam, os aparelhos de ar-condicionado ainda são poucos. A caixa d’água apresenta falhas, está sendo reparada, mas a sensação de abandono permanece.

A realidade não é diferente na EEEM Otero Paiva Magalhães. A escola sofre com a sobrecarga de energia, que impossibilita o uso de ar-condicionado em todas as salas. O calor é insuportável, e o ambiente é abafado e desconfortável mesmo em dias mais frescos. Durante a visita, a Direção Central fez questão de reforçar a importância de nos unirmos na luta por direitos, pois a mudança só acontecerá se todas(os) estivermos juntas(os), mobilizadas(os) e engajadas(os).

Já na EEEM Izaura Ibanez Paiva, a falta de climatização em diversas salas e a instalação elétrica exposta e precária são problemas graves. A vice-diretora do 34º Núcleo, Cristiana Santana da Silva Riehs, que também atua como supervisora da escola, destaca duas questões urgentes: a ausência de um trajeto coberto entre o prédio principal e o refeitório, localizado em uma estrutura anexa, e a falta de ar-condicionado no refeitório, onde as(os) alunas(os) fazem suas refeições, enfrentando condições inadequadas.

A dirigente do CPERS, Andréa Nunes da Rosa, foi categórica: “Precisamos continuar pressionando e denunciando a precariedade da infraestrutura e das condições de trabalho. Isso afeta diretamente a qualidade da educação pública”.

O Sindicato também denunciou o descaso do governo com o ensino gaúcho em rádios e veículos locais.

Mobilização rumo à Assembleia Geral

Por onde passa, a Caravana do CPERS encontra indignação, resistência e a certeza de que é preciso lutar. Durante as visitas, as(os) dirigentes reforçaram o chamado para a participação na Assembleia Geral do CPERS, que acontece no início de abril. Esse será um momento decisivo para a categoria.

A luta não pode parar! Na próxima semana, a Caravana seguirá levando voz e coragem às escolas de Santana do Livramento, Uruguaiana, São Borja, Bagé, Alegrete, São Luiz Gonzaga, Rio Grande, São Gabriel, Santiago, Pelotas e Santa Maria. O objetivo é claro: unir forças, fortalecer a resistência e reafirmar que a educação pública não se entrega, se defende!

>> Confira as escolas visitadas, nesta quinta-feira (13):

  1. EEEF Professor Emílio Boeckel – São Leopoldo (14º Núcleo)
  2. EEEF Visconde de São Leopoldo – São Leopoldo (14º Núcleo)
  3. EEEM Firmino Acauan – São Leopoldo (14º Núcleo)
  4. EEEM Villa Lobos – São Leopoldo (14º Núcleo)
  5. ETE Frederico Guilherme Schmidt – São Leopoldo (14º Núcleo)
  6. IEE Professor Pedro Schneider – São Leopoldo (14º Núcleo)
  7. EEEM Antônio Borges de Medeiros – Novo Hamburgo (14º Núcleo)
  8. Colégio Estadual 25 de Julho – Novo Hamburgo (14º Núcleo)
  9. EEEF no Bairro Santo Afonso – Novo Hamburgo (14º Núcleo)
  10. EEEM Mauricio Sirotsky – Novo Hamburgo (14º Núcleo)
  11. EEEM Professora Aglae Kehl – Guaíba (34º Núcleo)
  12. EEEM Doutor Ruy Coelho Gonçalves – Guaíba (34º Núcleo)
  13. EEEM Otero Paiva Guimarães – Guaíba (34º Núcleo)
  14. EEEM Izaura Ibanez Paiva – Guaíba (34º Núcleo)




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