DIEESE contesta dados sobre jovens que não trabalham e nem estudam


Jovens que nem trabalham e nem estudam ou jovens que não têm oportunidade? O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico (DIEESE), em boletim divulgado nesta quinta (12), chama atenção para os diversos fatores que podem levar as(os) cerca de 20% de jovens, de 15 a 29 anos, a serem enquadradas(os) na categoria de “nem-nem”. Para o DIEESE, falta de oportunidade, trabalho informal e ocupações domésticas são alguns dos fatores que elevam essa porcentagem tão expressiva.

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Se aprofundadas as especificidades na apuração sobre a ocupação dessas(es) jovens, o Departamento expõe que apenas 7,4% destas(es) estão realmente desocupadas(os). Dentre o restante das(os) enquadradas(os) como nem-nem, 5,8% estão ocupadas(os) com afazeres domésticos, em sua maioria mulheres, 5,3% estão ativamente procurando emprego, e o restante, 1,6%, estão realizando algum tipo de curso não regular ou por conta própria.

Os gráficos nesta matéria tem como base os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, com elaboração do DIEESE.

Para o DIEESE, muitos dos jovens enquadrados nesta categoria estão, na verdade, em uma condição transitória. A evidência desse fato é um dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), demonstra que 27% dos jovens apontados como nem-nem no primeiro trimestre de 2024 já não se encontravam nesta condição na mesma aferição do segundo trimestre.

Dentre estes 27%, estarrecedores, 61,3% buscaram ocupação no trabalho informal, 10,2% foram estudar, 25,3% encontraram trabalho formal e 3,2% passaram a estudar e trabalhar.

Outra estatística muito relevante apresentada pelo boletim é de que a realidade socioeconômica da(o) jovem é um fator determinante na busca por ocupação. Entre as(os) mais pobres, o mais comum é a procura por trabalho, enquanto as(os) mais ricas(os) ingressam em maior volume em um curso superior.

Nem-nem é rótulo que desconsidera particularidades e mascara problemas que tem solução

Conforme aponta o DIEESE, encaixar jovens nesta categoria é ignorar questões socioeconômicas e características trazidas pelo próprio período de vida em que se encontram essas pessoas. Não levar em conta, por exemplo, que as ascensões e quedas do volume de jovens desocupadas(os) acompanha as tendências do desemprego em geral, é ignorar que essa parcela da população carece de oferta de vagas de trabalho, assim como o restante da população.

No gráfico, é possível verificar que a taxa de ocupação dos jovens acompanha a tendência do total da população.

A solução apontada pelo DIEESE em seu boletim não é única, mas sim, uma série de medidas bastante amplas. Para o Departamento, é preciso prover emprego de maior qualidade e estabilidade, o que foi tirado da população com a Reforma Trabalhista de 2017, e mais, também criar políticas públicas de educação que promovam a permanência dessas(es) jovens na escola e nos estudos em geral.

O CPERS concorda integralmente com o apresentado pelo DIEESE. Ofertar um Brasil sem vagas em universidades, com pouco emprego de qualidade, sem políticas que facilitem o acesso das(os) jovens a uma ocupação, e ainda rotular essa parcela da população como nem-nem, é um caminho fácil que relega uma responsabilidade muito grande para pessoas que ainda estão no começo de suas vidas.

Por mais postos de trabalho, por mais oportunidades de estudo e por menos rótulos que invisibilizem os problemas enfrentados pelas(os) jovens, estes são os desejos do Sindicato para essa parcela da população que herdará o país.

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