Na manhã deste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, o CPERS abriu suas portas para um encontro repleto de ancestralidade, resistência e conexão, promovido pelo seu Coletivo Estadual de Igualdade Racial e Combate ao Racismo.
O evento, realizado na sede da entidade, em Porto Alegre, reuniu professoras(es) e funcionárias(os) de escola, da ativa e aposentadas(os), de todo o Rio Grande do Sul, que compartilharam vivências, saberes e celebrações da cultura negra.
Na abertura do evento, Edson Garcia, 2º vice-presidente do CPERS e coordenador do Coletivo Estadual de Igualdade Racial e Combate ao Racismo da entidade, explanou sobre a importância de uma educação que promova a consciência negra.
“Estamos aqui com uma vertente. Por uma educação com consciência negra. Nós, enquanto antirracistas, não podemos reproduzir essa história de ‘consciência humana’. Aqui é luta de classes, luta de gênero e luta de raças. Esse coletivo é para transformar as vidas de colegas. São mais de 300 anos de Zumbi e Dandara. É um tempo grande para pensarmos em um Brasil miscigenado que muitas vezes não se reconhece”, afirmou Edson Garcia, enfatizando o papel da educação como ferramenta de transformação social.
Em 2024, o Dia Nacional da Consciência Negra foi finalmente elevado a feriado nacional. Esta é uma conquista significativa para a comunidade negra, que todos os anos marcha, no dia 20 de novembro, pelo reconhecimento de suas lutas incansáveis contra a opressão e pela igualdade de direitos no Brasil.
Este ano também marca os 180 anos do Massacre de Porongos, em memória daqueles que lutaram por sua liberdade e foram traídos por aqueles que prometeram uma vida digna aos lanceiros negros.
Durante o encontro, Edson também apontou um desafio importante para as(os) educadoras(es) do Coletivo: “Todo mundo aqui tem a tarefa de percorrer cada escola de seu núcleo e identificar quantos professores, funcionários e especialistas negros existem em cada instituição de ensino”, asseverou.
As(os) presentes enfatizaram ainda a importância da Lei 10.639/03, que estabelece o ensino da história e da cultura afro-brasileira e africana nas escolas, destacando que ela deve ser trabalhada de forma efetiva nas instituições de ensino.
Além disso, o evento foi marcado por uma atualização importante no cenário político: a Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (19), o Projeto de Lei 1958/21, do Senado, que reserva às pessoas pretas, pardas, indígenas e quilombolas 30% das vagas em concursos públicos federais. O projeto agora volta para análise do Senado.
A atividade também contou com exibição de vídeos, música e leitura da coletânea literária “Cadernos Negros”, com autoras negras. Além disso, houve apresentações individuais em que as(os) educadoras(es) compartilharam suas conexões com a cultura negra e relataram experiências de racismo, dentro e fora das escolas. Esses depoimentos reforçaram a urgência da luta antirracista em todos os espaços sociais.
Marco da memória: Escultura de Zumbi dos Palmares é inaugurada no Largo em Porto Alegre
À tarde, as celebrações ganharam um marco histórico em Porto Alegre: a inauguração da primeira estátua em homenagem a Zumbi dos Palmares no Largo que leva seu nome.
A escultura em bronze, de 2,40 metros, foi assinada pelo artista Mario Cladera, celebrando o líder quilombola e sua luta pela liberdade. “Este é um momento que fortalece nossa memória e nossa luta por igualdade, especialmente neste espaço de tanto significado para a comunidade negra”, destacou Edson Garcia.
Representando a Direção Central, também participaram das atividades a diretora Sandra Regio e o diretor Amauri Pereira da Rosa.
O evento do Coletivo Estadual de Igualdade Racial e Combate ao Racismo do CPERS é um lembrete de que o Dia da Consciência Negra é um marco de resistência, celebração e transformação. Um dia que carrega o axé de quem veio antes e a força de quem continua lutando.
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