A Folha de S. Paulo revelou, nesta terça-feira (22), áudios do ministro da Educação, Milton Ribeiro, admitindo – de forma descarada – a prática de tráfico de influência para beneficiar prefeitos amigos de pastores evangélicos com verbas do MEC, em troca de apoio político, a pedido de Jair Bolsonaro (PL) .
Na gravação, o ministro deixa claro que a política pública de Bolsonaro não é guiada pelas necessidades de planejamento de um país que precisa investir em educação por critério técnicos, se quiser garantir um futuro decente a milhões de crianças e jovens, mas por acordos estabelecidos entre o governo e quem pode lhe garantir votos.
O áudio vazado de uma reunião do ministro com o grupo paralelo evidencia a falência moral dessas pessoas que chegaram ao poder em Brasília. Trata-se do funcionamento de um gabinete paralelo, funcionando às margens da legalidade.
No momento em que vivemos a maior crise da educação brasileira, quando milhares de jovens evadem das escolas e educadores(as) amargam quase oito anos com salários congelados – realidade que exigiria um grande esforço político para reverter esse cenário – vemos o ministério ser transformado em um balcão de negócios a céu aberto para alimentar esquemas eleitorais do presidente.
A Educação precisa ser pilar para a reconstrução nacional e geração de oportunidades.
O CPERS se soma à Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) para exigir a apuração imediata da denúncia de tráfico de influência. O Ministério Público Federal deve se manifestar urgentemente sobre o tema, sob risco de omissão em denúncia tão grave.
O Brasil está cansado do patrimonialismo que insiste em marcar as relações com o Estado, que deve ser transparente e impessoal o máximo que for possível.