Durante cinco quartas-feiras, entre os meses de junho e julho, educadores(as) de Gravataí participaram do curso de formação pedagógica e sindical promovido pelo CPERS.
Com o tema “Educação, Previdência e Resistência” o programa teve como objetivo a formação de novas lideranças nas escolas e a produção de conhecimentos e práticas de transformação social que levem a uma consciência crítica de classe.
Entre professores(as) e funcionários(as), que em sua maioria atuam na direção ou supervisão de escolas da região, dezesseis educadores(as) tiveram a oportunidade de debater nos encontros temas referentes à vida sindical, trocar experiências e tornarem-se multiplicadores do sindicato nas escolas em que atuam.
Para a diretora do Departamento de Formação Política e Sindical do CPERS, Valdete Moreira, estes encontros são essenciais no atual período político que enfrentamos. “Neste momento, é imprescindível termos o apoio e a parceria dos pais, dos alunos e dos nossos colegas para nos fortalecermos e juntos enfrentarmos as arbitrariedades deste governo”, disse.
No primeiro encontro, realizado no dia 12 de junho, foram debatidos os novos rumos da educação no país. Na ocasião, o professor Jonas Reis falou sobre a gravidade dos ataques, em nível municipal, estadual e federal, contra os educadores(as) do país e como estes podem se preparar para o enfrentamento, transformando as escolas em laboratórios, visto a importância do espaço escolar para a democracia do conhecimento.
A participante do grupo, professora da escola Heitor Villa Lobos, Rosane Melo, diz que após vinte anos de magistério nunca imaginou que enfrentaria momentos tão difíceis como os de agora. “Esses tempos nebulosos têm me deixado muito nervosa, porque a gente não sabe como vai ser o futuro. Esses encontros trazem um pouco de esperança porque parece que está todo mundo inerte. Com informação, talvez a gente consiga acordar o pessoal”, relatou.
Na segunda quarta-feira de curso, realizada no dia 19 de junho, foi discutida a mercantilização da educação, com palestra da professora e secretária geral do CPERS, Candida Beatriz Rosseto. Ela debateu sobre a dificuldade de exercer a democracia nas escolas, tendo em vista que, atualmente, a categoria está cada vez mais amedrontada com os ataques e os desrespeitos que se agravam. Neste dia também foi realizada uma intervenção abordando a temática LGBT e a diversidade nas escolas, onde Renata dos Anjos, coordenadora da Associação Mães pela Diversidade no Rio Grande do Sul, falou sobre a invisibilidade das crianças LGBT nas escolas e como os(as) professores(as) devem ser preparados para recebê-los.
Para a professora Marijane Dutra, os encontros do grupo serviram de alento em um momento muito difícil. “Cheguei aqui muito entristecida e me sentindo sozinha. Saber que tem mais gente sentindo o mesmo que eu, amenizou essa solitude. A partir de agora tentarei ser multiplicadora desses conhecimentos”.
No dia 26 de junho, data do terceiro encontro, o grupo debateu temas referentes às mulheres trabalhadoras da educação nos momentos de resistência. A professora Rosemary de Freitas da Silva abordou a luta das trabalhadoras em educação desde a fundação do sindicato, contextualizando historicamente suas lutas.
No penúltimo encontro do curso, dia 03 de julho, o tema do encontro foi a reforma do ensino do médio, onde a dirigente da Executiva da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Selene Barboza Michelin, explanou sobre como está ocorrendo a capacitação dos(as) educadores(as) nas instâncias sindicais.
Durante a abertura do último encontro, realizado nesta quarta-feira (10), a diretora do Departamento de Formação Política e Sindical do CPERS, Valdete Moreira, considerou que a avaliação dos encontros é muito positiva. “É muito importante voltarmos para a base e trabalhar com pequenos grupos. Esse olho no olho, essa troca de experiências neste pequeno grupo é a função do sindicato. Estamos nos encaminhando para o sexto ano sem reajustes e com salários atrasados. Saber que passamos pelas mesmas situações nos dá mais força para seguirmos firmes na luta”, ressaltou.
Neste último dia, o centro do debate foi a reforma da Previdência, visto que a mesma está em votação atualmente na Câmara. A professora e economista do DIEESE/RS, Anelise Manganelli, explanou sobre a atual situação da votação e os passos do processo. Foi discutida também a estrutura do sistema previdenciário brasileiro, o déficit do financiamento da seguridade social e os principais pontos do substitutivo, como a questão da capitalização, a gravidade da desconstitucionalização e a privatização dos benefícios não programados.
Após a apresentação de cases práticos, com as consequências da Reforma, os(as) educadores(as) presentes assustaram-se com o cenário que se apresenta e relataram não ter a noção do tamanho do problema com o que é noticiado na mídia.
O professor e vice-diretor da Escola Ponche Verde, Jotoar Tomaz, relatou estar impressionado com a “verdade” passada pela mídia. “Esses encontros me deram subsídio para combater inverdades e informar os pais e alunos da escola”.
No encerramento do encontro, a diretora Valdete reforçou a importância da iniciativa. “Estes pequenos momentos, na nossa folga, no frio, deixando os filhos em casa, isso é combatividade. Cada um que está aqui é valoroso para nós. Precisamos de vocês, sozinhos não vamos conseguir”.
Ao fim do curso, todos os participantes receberam um certificado de participação disponibilizado pelo CPERS. Todos os encontros foram marcados pelo sentimento de empatia e de vontade de mudança, apesar de todas as dificuldades enfrentadas pela categoria. Os próximos encontros do grupo estão programados para Viamão e Santa Rosa e ocorrerão ainda este ano.