Na manhã desta segunda-feira (8), o 1º vice-presidente do CPERS, Alex Saratt, participou do ato de instalação da Frente Parlamentar por uma Educação Antirracista, uma iniciativa do Mandato Popular para pensar ações que consigam fazer valer o ensino das relações étnico-raciais. O evento ocorreu no Plenarinho da Assembleia Legislativa.
Presidida pela deputada Bruna Rodrigues (PCdoB), a Frente tem o objetivo de efetivar a aplicação das leis 10.639, de 2003, e 11.648, de 2008, regramentos que organizam e instituem o ensino da cultura e história dos afrodescendentes no país, com a previsão da educação dessa temática nos planos políticos e pedagógicos, para superar problemas crônicos como o racismo e a desigualdade de gênero.
Para Saratt, a formação da Frente Parlamentar da Educação Antirracista é um marco político, social e pedagógico que envolve e impacta todos os segmentos da comunidade escolar e da própria sociedade. “Em tempos de reacionarismo, as questões e causas raciais dialogam e se combinam com as de natureza classista e de soberania nacional e estão na base de um esforço para afirmar um projeto de desenvolvimento que tenha, nas questões de democracia, cidadania e direitos humanos, um de seus princípios e perspectivas”, reforça.
A deputada Bruna destacou que a escola pública representa um espaço de resistência e que o trabalho de combate ao racismo é imprescindível dentro das instituições gaúchas. “Eu quero, primeiro a partir daqui, ter um raio x das nossas escolas, que enfrentam a falta de merenda, de professor e de uma educação antirracista. Ainda estamos falando, aqui, de uma série de faltas. Quero chegar em um momento ter construído uma caminhada tão potente, que a nossa gurizada possa olhar os espaços, sendo contemplada por eles. É fundamental que a gente construa uma consciência, mas, acima de tudo, uma educação antirracista”, ressaltou a parlamentar.
“O lançamento da Frente é importante justamente por surgir na casa do povo, que é um lugar democrático; não existe democracia plena, enquanto houver racismo”, frisou Jeferson Tenório, escritor e autor do livro “O avesso da pele”.
Tenório ressaltou a importância da presença do tribunal de contas na atividade. “Uma educação antirracista não passa somente pela escola, ela passa por todos os setores da sociedade. Quando a gente tem uma economia saudável, quando temos saúde para todos, quando temos comida no prato de todo mundo, isso também é uma política antirracista”, concluiu.
Na ocasião, ocorreu apresentações culturais de Lilian Rocha e do Grupo Tambores de Freire (coletivo de percussão e cultura ligado ao centro musical do CMET Paulo Freire).
Participaram do debate a ex-professora universitária e pioneira das Bases Curriculares da Educação Antirracista, Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Estilac Xavier, a vice-diretora do IFsul de Pelotas, Veridiana Krolow, e a vereadora suplente de Porto Alegre e dirigente sindical da Atempa, Luciane Congo.
Fotos: Lucas Kloss / ALRS