Na gestão atual do CPERS, por meio de planejamento realizado pela direção central e atendendo a demanda da categoria foi criado um departamento específico para tratar as questões de gênero e diversidade junto às escolas.
Um dos objetivos do Departamento de Gênero e Diversidade do CPERS é o de subsidiar o conjunto da categoria e dos núcleos com a formulação de políticas que visem o incentivo a organização e participação dos educadores(as) na luta sindical contra o machismo, o racismo e a LGBTFobia, promovendo uma nova prática pedagógica que fortaleça a luta por uma educação que respeite a diversidade e a pluralidade.
Estamos certos de que incorporar o debate de Gênero e Diversidade na formação de professoras(es) que trabalham com crianças e jovens é o caminho mais consistente e promissor para um mundo mais plural e democrático. Formar educadores(as) é apenas o primeiro passo.
No cenário atual do Brasil, preocupar-se com o que se ensina nas escolas é saudável. Contudo, é preciso saber que a escola é responsável por criar condições para que professores e alunos possam aprender e ensinar o convívio com as diferenças que naturalmente existem entre todas e todos.
De acordo com a Pesquisa Nacional sobre o Ambiente Educacional no Brasil 2016, estudantes lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTs) relatam que são agredidos dentro das escolas e que isso atrapalha o rendimento nos estudos. Alguns, inclusive, declaram que já cogitaram tirar a própria vida por causa das agressões. Conforme dados da pesquisa, 73% dos estudantes LGBTs foram agredidos verbalmente e 36% foram agredidos fisicamente.
Preservar a diversidade apresentada na escola, encontrada na realidade social, representa oportunidade para o atendimento das necessidades educacionais com ênfase nas competências, capacidades e potencialidades do educando.
Para a maioria das crianças brasileiras, a escola é o único espaço de acesso aos conhecimentos universais e sistematizados, ou seja, é o lugar que vai proporcionar condições para que se desenvolvam e se tornem um cidadãs e cidadãos com identidade social e cultural.
Diante disso, nos dias 18 e 19 de setembro foram realizadas atividades nas escola Cruzeiro, José Alfredo Nedel e Fronteira Noroeste, no município de Santa Rosa. A iniciativa contou com a participação da coordenadora do departamento e vice-presidente do CPERS, Solange Carvalho, da coordenadora da ONG Mães pela Diversidade no Rio Grande do Sul, Renata dos Anjos e da professora de Filosofia, Atena Beauvoir Roveda.
No último dia três, atendendo ao convite do 6º núcleo do CPERS foi a vez da mesma equipe e da coordenadora da Associação de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros do Rio Grande/RS – ALGBT, Maria Regina Moraes, realizar atividade na E.E.E.M Getúlio Vargas, na cidade do Rio Grande.
Em tempos de “escola sem partido” e “doutrinação” por parte dos educadores é ainda mais necessário que tratemos assuntos como a diversidade, seja ela cultural, sexual, de ideias, dentre outras. Estamos num momento crucial na história brasileira em que precisamos ter resistência e persistência. Resistência para enfrentar a onda obscurantista que gostaria de tomar conta e retroceder as instituições sociais, incluindo a educação.
A LGBTfobia rotula, inferioriza e exclui as pessoas que não se encaixam na norma, desprezando suas necessidades e demandas, tornando invisíveis suas experiências individuais e coletivas. As manifestações começam pela exposição ao ridículo, através de chacotas, olhares desaprovadores, risinhos, imitações, assovios, dentre outros. Da gozação, passa-se à difamação e à ofensa, quando são utilizadas palavras cuja carga negativa não deixa dúvidas. O passo seguinte é o rechaço, isto é, a recusa a admitir como manifestação legítima a atração sexual e afetiva entre pessoas do mesmo sexo. Chega-se à discriminação, momento em que se nega à pessoa alvo, direitos básicos que são exercidos pelos demais.
Não falar do assunto é uma forma de manter as coisas como estão e de, assim, compactuar com o preconceito e a discriminação. Para isso, é necessário que os professores tenham uma formação com conteúdos específicos voltados para a diversidade e que haja materiais pedagógicos para promover o respeito a todos, sem distinção de qualquer característica pessoal.
Uma escola de qualidade para todos, proporciona um ambiente amistoso e acolhedor para os alunos. Para essa instituição tornar-se acolhedora, seus aspectos organizacionais e educacionais precisam ser revistos, melhorados ou mesmo extintos, de modo que se consigam as reformulações necessárias.
Entendemos que melhorar as condições da escola é formar gerações mais preparadas para viver a vida na sua plenitude, livremente, sem preconceitos, sem barreiras. A escola prepara para o futuro e, certamente, se as crianças conviverem e aprenderem a valorizar a diversidade nas suas salas de aula, serão adultos bem diferentes de nós, que temos de nos empenhar para lidar com as diferenças.