CPERS e entidades de especialistas e orientadores em educação debatem preservação da vida e volta às aulas


A preocupação com as condições em que educadores(as) e estudantes retornarão às aulas presenciais, quando liberadas, pautou reunião entre o Departamento de Educação do CPERS e representantes das associações AOERGS, AIERGS e ASSERS, realizada nesta quinta-feira (28).

Para além da estrutura prevista nos protocolos, foram destacadas as questões pedagógicas e a preservação da vida de professores(as), funcionários(as), alunado e comunidade escolar.

“As discussões sobre os protocolos de retorno às aulas referem-se a uma coisificação. Se fala na cadeira, na mesa, no prato, mas não na questão psicológica. Como manter o distanciamento entre os pequenos, de zero a três anos? Como não criarmos trauma de rejeição? Eles não têm amadurecimento para perceber a importância do distanciamento. Mesmo entre os jovens será difícil. Não vemos a preocupação com o ser humano em sua plenitude. Já pedimos que o governo nos receba para discutirmos esses protocolos”, observou a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer.

Rosane Zan, diretora do Departamento de Educação, ressaltou a preocupação com a realidade das escolas públicas do estado. “Temos cerca de 2.400 escolas e 800 mil alunos. E sabemos que as turmas são lotadas. É preciso um olhar diferenciado para este cenário, pois todos estão correndo risco. Nossa posição é muito clara: só retomar às aulas presenciais quando a Organização Mundial da Saúde afirmar que há segurança e o governo fornecer todas as condições para isso”, afirmou.

O fortalecimento da união das entidades com o CPERS foi uma das questões expostas pelas representantes das associações, que também colocaram suas inquietações, dúvidas e sugestões para enfrentar o cenário pós-pandemia nas escolas.

Para Rosangela Maria Diel, da Associação dos Orientadores Educacionais do Rio Grande do Sul (AOERGS), o momento, de intranquilidade e medo, piora quando o governo federal não oferece as condições adequadas ao enfrentamento.

“Não nos dá uma estrutura tranquila para passarmos por essa pandemia. Estamos à deriva. Algumas pessoas estão em iates e outras em botes furados tentando tirar a água para sobreviver. Com o governo estadual não é diferente”, disse.

“Como disse o próprio secretário Faisal Karam, a educação está acéfala. À frente da nação temos uma pessoa totalmente despreocupada com a vida. Aqui no Estado, o governador iniciou bem os movimentos do isolamento, mas agora começa a demonstrar que a pressão do empresariado está ganhando força. E não podemos esquecer que chegamos à pandemia numa condição imposta pela EC 95, que retira recursos da educação e da saúde, essenciais neste momento”, lembrou Helenir.

O retorno às escolas, considerando a situação que terá de ser enfrentada pelos educadores e alunos, foi outro ponto de destaque da reunião. “Temos que trabalhar primeiro com a formação do professor, do funcionário, do orientador, enfim, de todos que vão trabalhar com os alunos e as equipes. É imprescindível pensarmos em como vamos agir após esse tempo que estamos afastados”, observou Rosangela.

Há uma extrema preocupação com a saúde de cada um dos colegas, que já estão abatidos por toda a situação de desamparo e agora as incertezas trazidas pela pandemia”, pontuou Manoelita Tabille Manjabosco, diretora da AOERGS.

A falta de diálogo do estado com as entidades foi considerada uma falha grave, visto a contribuição que podem fornecer para o enfrentamento do cenário atual. “Ninguém chamou nenhuma das associações para pensar o que fazer. Isso é muito sério. Foi uma luta muito grande até conseguirmos fechar as escolas, mas depois nos chamaram para ir para a escola entregar trabalhos para validar o ano letivo. Como assim? Não fomos chamados, decidiram e pronto. Se voltarmos às aulas, é a vida de cada um que estará em perigo”, observou Nina Ventimiglia Xavier, da Associação dos Supervisores de Educação do rio Grande do Sul (Assers).

Tânia Lobo, da Associação dos Inspetores do RS (AIERGS), ressaltou que o descaso do governo piora a situação de pandemia vivenciada pelos educadores. “Vivemos um momento de pandemia e onde estão ocorrendo descontos e retirada de direitos como a questão previdenciária. Isso torna tudo ainda muito mais difícil”, avaliou.

O advogado Marcelo Fagundes, da assessoria jurídica do CPERS, acompanhou a reunião e esclareceu dúvidas a respeito da vida funcional das especialistas.

Ao final do debate ficou definido que será realizada uma nova reunião no próximo dia 11. “A intenção é elaborarmos juntos um documento que cobrará do governo ações mais efetivas, que garantam a segurança dos educadores e da comunidade escolar”, garantiu Rosane.

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